Quantos crimes comete Carlos Fernando, procurador da Lava Jato, em entrevista à Globo?

Análise Diária de Conjuntura – Manhã – Edição extraordinária de Sábado

A análise deste sábado não é muito bem uma análise, mas uma denúncia.

A entrevista de Carlos Fernando, um dos procuradores chefes da Lava Jato, ao Globo, infringe tantos itens do Código de Ética do Ministério Público, que chega a dar canseira listá-los.

No Código, há um capítulo sobre atos incompatíveis ou atentatórios com/ao Decoro do Cargo.

Alguns exemplos:

III – desacatar, por atos ou palavras, autoridades e quaisquer outras pessoas
com que se relacione em razão do cargo ou função;

XI – revelar publicamente informações ou documentos submetidos a segredo
de justiça ou manifestar-se publicamente sobre processo ou procedimento vinculado a
outro membro da Instituição;

XVI – discriminar, no exercício das funções, pessoas, por motivo político,
ideológico, partidário, religioso, de gênero, étnico, ou qualquer outro;

XIX – descurar-se do interesse público;

XXXIII – não zelar pela impessoalidade nas relações com a imprensa;

VI – exercer atividade político-partidária;

***

O Código de Ética do MP ainda não foi oficialmente aprovado, por razões burocráticas, mas entendo que a ética é algo a que se deve obedecer não para cumprir a lei, mas por bom senso e dever moral.

Se o procurador não quiser respeitar o Código de Ética que está sendo discutido pela própria instituição em que trabalha, então ao menos respeite a Constituição Federal.

Os procuradores brasileiros são os procuradores mais bem pagos do planeta justamente para isso: para fazer valer a Constituição.

Na Carta Magna, há um capítulo dedicado especialmente ao Ministério Público, sobre o que seus membros podem ou não podem fazer.

Entre as coisas que eles NÃO podem fazer, está lá, bem claro: exercer atividade político-partidária.

Também está na Constituição que eles devem respeitar o Conselho Nacional do Ministério Público, ou seja, obedecer ao código de ética discutido pelo CNMP.

O Procurador não está acusando apenas o governo. Está acusando todo o Congresso Nacional, que tem costurado, junto ao governo, aprovação da lei de leniência e da lei de repatriação de recursos.

Executivo e Legislativo seriam, na acusação do procurador, criminosos.

Que bagunça é essa?

Acusou tem de provar!

Esse procurador não foi eleito, à diferença da presidenta e dos parlamentares. Ele é um servidor público que deve respeitar as autoridades eleitas pelo povo brasileiro e não deve entrar no jogo político-partidário.

Acusar o governo de querer beneficiar corruptos é uma acusação de natureza político-partidária.

Esse procurador deve ser representado no Conselho Nacional do Ministério Público!

Ademais, o procurador está praticando uma odiosa aleivosia.

Os acordos de leniência são um esforço do governo para reduzir um pouco os danos que a Lava Jato provocou à economia brasileira, ao paralisar por quase dois anos centenas, quiçá milhares de obras estratégicas para nossa infra-estrutura.

A lei de repatriação de recursos tem pontos polêmicos, e todos podem criticá-la, mas não um procurador do Ministério Público, e sobretudo não nestes termos!

A lei tem como objetivo trazer ao Brasil dezenas de bilhões de dólares alocados no exterior! É um esforço pragmático do Estado para elevar, com a urgência necessária, a nossa arrecadação fiscal, beneficiando os 205 milhões de brasileiros que precisam do Estado, seja na forma de serviços de saúde e educação, seja na forma de melhores estradas, aeroportos, ferrovias, projetos de energia, mobilidade urbana e infra-estrutura em geral.

Apenas para este ano, a lei de repatrição pode trazer mais de 20 bilhões de reais, ou seja, pode ajudar a sanar o déficit fiscal do ano!

A campanha de setores golpistas do Ministério Público, dos quais este Carlos Fernando é um dos mais tristes representantes, para promover o caos econômico e a crise política é inacreditável!

Empresas não são apenas entidades que pertencem a seus proprietários. São também instituições com função social. A campanha para destruí-las é totalmente anti-ética. É criminosa!

Se um país descobrisse que as suas principais cooperativas de alimentos estiveram envolvidas em corrupção, seus procuradores trabalhariam para destruir essas cooperativas, pondo em risco a segurança alimentar de toda a população?

Se os procuradores fossem como Carlos Fernando, sim.

A corrupção não pode ser combatida através da destruição, como a Lava Jato está tentando fazer, da economia brasileira.

Esses procuradores estão manipulando a necessária luta contra a corrupção em prol de um projeto político-partidário.

O mesmo Carlos Fernando já deixou claro, em diversas outras entrevistas, que o seu alvo é o governo e o PT.

A equipe de Carlos Fernando está tentando ainda uma nova jabuticaba jurídica: incriminar o PT, para destrui-lo politicamente. Só não vai conseguir porque para isso terá de destruir primeiro o PMDB e o PP (os principais partidos envolvidos na Lava Jato), e seria a coisa mais antidemocratica do mundo promover a destruição seletiva de alguns partidos, quando é conhecimento geral que todos eles tem problemas de corrupção.

O crime de Carlos Fernando tem ainda uma natureza perversa, sádica, porque tenta emplacar um projeto político-partidário através de uma deliberada sabotagem da economia brasileira.

Carlos Fernando e sua equipe trabalharam abertamente para destruir milhares de postos de trabalho, e conseguiram.

Só que eles acham pouco. Eles querem mais, com o intuito evidentemente não apenas de piorar a situação econômica, mas de promover também uma crise social e, com isso, jogar a população contra o governo.

Tudo isso, naturalmente, com chancela da mídia, que é, no fundo, a representante maior do golpismo.

Não é por acaso que a sua entrevista aparece na capa do jornal O Globo…

Ora, se é para fechar empresas, então porque não fechar a Globo, se ela praticou crime fiscal?

Ou o procurador não sabe que a Globo cometeu um crime fiscal tão ou mais grave que os crimes da Lava Jato?

Ao invés de dar entrevistas à Globo, o procurador não deveria estar estudando formas de punir a empresa por seus crimes?

Carlos Fernando, ao infringir a Constituição, usando a mídia para fazer um ataque político ao governo e o parlamento, ao se empenhar de maneira tão frenética para impedir qualquer iniciativa do governo para vencer a paralisia econômica causada pela Lava Jato (segundo o FMI) e evitar uma crise social, porta-se como um irresponsável, um mandarim golpista que, bancado com nosso dinheiro, faz de tudo para prejudicar a mesma economia brasileira que lhe paga salários de marajá.

Alguém tem de parar esses loucos!

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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