Bandidagem vazadeira reage a denúncias de advogados com mais vazamentos criminosos

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Análise Diária de Conjuntura – 19/01/2016

Nesta quarta-feira, o Banco Central decidirá sobre os juros.

Há grande expectativa em torno do que os técnicos decidirão. Um comunicado emitido pelo presidente do Banco, Alexandre Tombini, alimentou esperanças de que a instituição poderá baixar as taxas, aliviando a pressão sobre a economia brasileira.

Entretanto, é fútil achar que haverá qualquer surpresa neste sentido.

O que talvez mereça destaque nesta tarde é o milésimo vazamento de emails da Odebrecht. Há tempos, esses vazamentos se tornaram coisa de bandido. São mensagens que contém inclusive informações sensíveis, estratégicas, tanto para a empresa, como para o país. Sua divulgação, sobretudo numa conjuntura criminalizante, traz incalculáveis prejuízos para o país, já que abre as portas para concorrentes do Brasil tomarem nossos negócios lá fora.

A tática já ficou velha. Como Marcelo Odebrecht está se defendendo, via seus advogados, na mídia, então os bandidos da Lava Jato (me refiro às autoridades vazadoras) decidem atacá-lo através de vazamentos seletivos.

É assim: os advogados dos réus denunciam que há um esquema bandido de vazamentos, e a conspiração responde com mais vazamentos criminosos.

E a mídia aparece com vários editoriais elogiando a delinquência.

Nos vazamentos, não há nada comprometedor nem contra Marcelo Odebrecht, nem contra o ex-presidente. Mas isso não tem importância.

O que importa é estampar o nome de Lula e Odebrecht juntos, num contexto comprometedor e criminalizante, produzindo estrago na imagem política do presidente e tentando recriar uma “atmosfera” de crise. [/s2If]

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A manchete do Estadão diz: “Em email, dono da Odebrecht relata conversa com Lula”, e no contexto de criminalização de tudo, da política, dos negócios, da diplomacia, do comércio, qualquer “conversa” vira sinônimo de ilícito.

O Globo de hoje publica editorial para defender a Lava Jato. Intitulado “É amplo o saldo positivo da Operação Lava-Jato”, o texto ataca a carta dos advogados, que denunciaram a Lava Jato como um instrumento de exceção. O editorial repete, com outras palavras, a coluna de Merval de hoje, também tentando blindar a Lava Jato contra qualquer crítica, e ambos associando o “mensalão” ao “petrolão”.

O fato é que a Lava Jato tornou-se uma poderosa arma nas mãos da mídia, já que os vazamentos chegam para ela de maneira privilegiada. Os jornais tem acesso a dados essenciais, que nem mesmo os réus e seus advogados possuem, de maneira que estes não conseguem se defender.

Desta vez, porém, é um duelo de titãs. De um lado, a Odebrecht, que fatura mais de R$ 100 bilhões por ano. De outro, o grupo Globo, com receita superior a R$ 20 bilhões, mas com um poder de fogo evidentemente muito maior, visto que é difícil avaliar, em termos financeiros, o poder midiático de destruir reputações, empresas, manipular consciências e a opinião pública, e intimidar juízes.

Além do mais, não se sabe que interesses estão por trás da campanha da Globo para manter Marcelo Odebrecht atrás das grades. Não seria novidade se, por trás da Globo, encontrássemos empreiteiras estrangeiras, interessadas em ocupar o lugar deixado pelas empresas nacionais destruídas pela operação.

Vale dizer, porém, que os vazamentos se tornaram tão excessivos, tão repetitivos, que perderam o poder de impacto jornalístico. Tanto é que o vazamento de hoje sequer apareceu em outras mídias. Ficou restrito ao Estadão.

A mídia ainda consegue manter uma pequena chama de indignação vazia junto aos enragés de sempre, mas ficamos imaginando como devem estar se sentindo os empresários, os que ainda possuem neurônios para identificar o jogo sujo, diante de tanto mau caratismo midiático e policial.

É uma sordidez digna de regimes totalitários. De posse de um grande conjunto de informações privadas e sigilosas de uma pessoa e de uma empresa, inicia-se um processo de vazamento cujo único intuito é minar a reputação do indivíduo junto à opinião pública, e com isso justificar a sua prisão.

Vale notar o cinismo de Sergio Moro diante da denúncia dos advogados de Marcelo Odebrecht de que a delação de Paulo Roberto Costa foi manipulada explicitamente com objetivo de prejudicar o acusado. Suprimiu-se da transcrição o trecho em que Costa inocentava Marcelo. Diante dessa denúncia, Moro limitou-se a dizer que o processo é uma “marcha para frente”, ignorando solenemente a denúncia.

O julgamento de Moro é um jogo de cartas marcadas. Marcelo Odebrecht já está condenado de antemão. Ao mantê-lo encarcerado em prisão preventiva por tanto tempo, Moro antecipa a pena antes mesmo da sentença. Após sua condenação, veremos então se repetir o jogo midiático de violenta pressão, intimidação mesmo, sobre os tribunais superiores.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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