O Cafezinho tem a honra de publicar, com exclusividade partilhada por apenas meia dúzia de sites independentes, uma entrevista com Adlène Hicheur, professor argelino radicado no Brasil, que reconstruía sua vida tranquilamente por aqui, até ser literalmente atacado pela Globo, via revista Época.
Quando você pensa que o banditismo midiático havia batido recorde na última edição da Época, cujo reportagem de capa tenta criminalizar o ex-marido da presidenta Dilma, descobrimos que há pouco a revista protagonizou uma brutalidade ainda mais injusta e bizarra.
Esperamos que as autoridades competentes e a sociedade civil consigam proteger Hicheur desses neocriminosos travestidos de editores de jornais e revistas. E que dêem a Hicheur um tratamento coerente com os principíos democráticos que regem a nossa Constituição.
O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, deve um pedido de desculpas a Hicheur – a menos que o ministro queira entregar à Globo o direito de escolher quem pode dar aula nas universidades brasileiras.
Que ele possa trabalhar e contribuir para o conhecimento de nossos estudantes.
O Brasil não pode se dar ao luxo de dispensar cientistas do porte de Hicheur apenas porque a Globo tenta desesperadamente manter, a qualquer custo, o nível de venda de uma revista decadente.
Sugerimos também ao cientista o grupo de advogados e intelectuais reunidos na Frente Antifascista pelas Liberdades Democráticas, formado justamente para lutar contra esse tipo de arbítrio, muitos deles chancelados ou mesmo protagonizados pela grande imprensa.
Os jornalistas que entrevistaram Hicher são conhecidos do editor do blog. São pessoas progressistas, humanistas e profissionais experientes. Pessoas de inteira confiança.
Hicheur ainda está assustado com a perseguição midiática agressiva e irresponsável à sua pessoa e por isso não quis divulgar uma foto com muita nitidez. Está tentando preservar sua imagem e evitar agressões verbais ou físicas.
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“EU ESTOU SENDO CAÇADO PELA MÍDIA POR UM CRIME QUE NÃO COMETI”
Em uma entrevista exclusiva feita durante dois dias, enquanto jornalistas da grande mídia tentavam caçá-lo no Rio, o cientista argelino Adlène Hicheur, professor do Instituto de Física da UFRJ, revelou a sua história e contou como foi sua polêmica prisão e condenação na França, episódios criticados por físicos e defensores dos direitos humanos. Acusado de “formação de quadrilha” com terroristas, ele já não devia mais nada à Justiça francesa quando chegou no Brasil, onde reconstruía sua carreira, viajando sempre para a Europa para ver a família, que vive na França. Mas aqui, alvo de uma campanha midiática deslanchada pela revista Época, que seus colegas (inclusive europeus) afirmam ser difamatória, Hicheur decidiu que vai deixar o país.
Por Florência Costa & Shobhan Saxena *
Rio de Janeiro
Adlène Hicheur ainda consegue abrir um sorriso atrás da barba escura e bem desenhada que cobre suas bochechas afundadas. Com uma mochila verde pendurada em seu ombro esquerdo, ele caminha calmamente na sala e senta na beira do sofá.
Então, ele começa a falar, falar, falar. Ele adora falar. No meio de uma frase sobre islamofobia, ele desliza a mão para dentro da bolsa e saca dois livros. Um deles, em francês, é o clássico “As Veias Abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano. “As pessoas não podem esquecer a sua história. Eu li este livro quando estava na prisão e estou lendo de novo”, diz. “Nós precisamos conhecer as alternativas, outras formas de vida”, diz ele, tirando da bolsa outro livro, este em português: “Por uma outra Globalização”, do renomado geógrafo brasileiro Milton Santos. “Eu adoro suas ideias. Ele faz uma nova interpretação do mundo contemporâneo”, comenta, enquanto bebe chá branco em pleno calor carioca. “Eu gosto de chá. Não preciso de café. Já sou muito agitado”, conta. Ele coloca a mão dentro da mochila novamente e desta vez surgem mais dois livros sobre ecologia e desenvolvimento sustentável.
Hicheur, 39, não precisa de gatilho para começar uma conversa. Parece que dezenas de ideias borbulham na sua mente ao mesmo tempo. Ele salta, em questão de minutos, de física de partículas, para geopolítica, história da Argélia, repressão aos muçulmanos na Europa, álgebra, culinária, cinema. Há espaço até mesmo para Batman em sua conversa. As frases saem de sua boca em várias línguas: inglês, francês, português, de vez em quando com pitadas de árabe.
Ele faz uma pausa apenas para enxugar o suor de sua testa ou para ajustar os óculos que pousam em seu nariz. Então, a conversa amena começa a ganhar um tom mais sério: a sua atual situação. Ele se afunda no sofá e fica em silêncio – por alguns segundos. “Sinto que tem uma bola no meu estômago – sinto um vazio”, franzindo suas fartas sobrancelhas. “Eu decidi deixar o Brasil. Não sei ainda para onde vou e quando, mas vou embora”, contou.
Adlène Hicheur não está deixando o Brasil por sua própria vontade. O cientista, tido por todos que o conhecem como brilhante, e seus colegas dizem que ele está sendo empurrado porta afora. Hicheur foi taxado no Brasil como uma ameaça terrorista real devido às acusações do passado. Ele protege firmemente a sua privacidade, não deixando que se fotografe seu rosto, até para não sofrer agressões na rua.
Mas sua vida _ e seu passado _ não é nenhum segredo. Uma simples procura no google mostra que em 2009, enquanto trabalhava no famoso Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN), que abriga um superacelerador de partículas, perto de Genebra, na Suíça, ele foi preso pela polícia francesa. A acusação foi de “formação de quadrilha” com um grupo terrorista” (Al Qaeda no Mahgreb). Ele passou 30 meses enjaulado. É também de conhecimento público que a polícia francesa acusou Hicheur devido a 35 emails e conversas virtuais em fóruns na internet com um interlocutor que usava pseudônimo e que alegadamente seria um integrante argelino da Al Qaeda. Durante o julgamento, não se conseguiu apresentar nenhuma prova ou indício de que ele teria tomado qualquer ação para concretizar seus comentários. Sua resposta às acusações é bem conhecida também: ele alega que as conversas online icluíam numerosos tópicos internacionais, que ele nunca planejou nenhum ataque terrorista com ninguém. Há até uma página na Wikipedia sobre Hicheur que compara seu caso com o de Lotfi Raissi, acusado de ser o principal mentor do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 nos EUA, mas depois foi libertado sem qualquer acusação.
Também não é segredo que após 949 dias na notória prisão de Fresnes, em Paris, Adlène Hicheur foi liberado em maio de 2012. Ele deixou o país um ano depois, com o caso encerrado. Desde então, já no Rio, ele procurava colocar sua vida nos trilhos novamente – como professor e pesquisador. Aqui ele estava feliz porque se sentia bem acolhido. Ele já havia se convencido de que conseguiria apagar a marca de terrorista que havia sido carimbada em seu rosto na Europa e que o assombrou de 2009, quando foi preso, a 2013, quando chegou aqui. “Fui capaz de ensinar física na UFRJ e me dediquei totalmente às minhas pesquisas, além de escrever artigos acadêmicos. Tudo caminhava muito bem. Isso era tudo o que eu queria na minha vida e aqui no Brasil eu encontrei espaço para fazer isso”, lembrou Hicheur.
Ele estava no lugar certo mas provavelmente no momento errado.
Reciclando o passado
No último dia 9, em meio à intensa disputa entre partidos políticos sobre a “necessidade” de o país adotar uma lei anti-terrorismo, Hicheur apareceu na capa da revista Época, com uma reportagem intitulada “Um terrorista no Brasil”. A matéria afirmava que havia “um segredo” na biografia do cientista, que estava sendo investigado pela Polícia Federal. Dizia ainda que ele havia recebido “uma bolsa do governo e que ensina em uma universidade pública”. A reportagem citou alguns emails que falavam em atentados terroristas, trocados entre ele e e um interlocutor chamado Phenix Shadow, que segundo o governo francês seria um membro da Al Qaeda. Mas Hicheur e seus colegas reagiram afirmando que a matéria remoeu detalhes velhos do caso já amplamente noticiados na mídia europeia há seis anos. A foto de um Hicheur barbeado foi estampada com um título em vermelho: “terrorista”. A reportagem parecia trazer a mensagem de que o Brasil está sob uma ameaça terrorista. “Não há segredo em meu currículo. Eu cheguei ao Brasil com um visto válido, convidado por um centro de pesquisas. Meu caso é muito conhecido, é passado. Eu sou cientista mas eles me carimbaram como terrorista ao reciclar de forma vergonhosa uma história velha”, protestou Hicheur, com um misto de tristeza e raiva.
Isso foi apenas o início de seu pesadelo brasileiro, com toda a grande mídia atrás dele. Sua foto, retirada do website do Ministério da Ciência e Tecnologia, ilustrou jornais e revistas, além de reportagens de televisão. Adlène Hicheur, um cientista que ainda trabalha, a partir do Brasil, em parceria com o CERN, foi apresentado como um perigo iminente ao Brasil. “Seu julgamento e condenação foram muito questionados. Os juízes sabiam disso, senão não o teriam liberado após três anos”, afirmou Patrick Baudouin, seu advogado, ao jornal Le Monde, na última quinta-feira. O Le Monde publicou uma matéria sobre o escândalo em torno de Hicheur a partir da reportagem da revista. Mas o próprio jornal francês, que fala de uma “máquina midiática-política”, coloca a palavra “terrorista” entre aspas. “Em todo o caso ele cumpriu sua sentença”, acrescentou Baudouin, que é também diretor da Federação Internacional dos Direitos Humanos.
Mas o estrago já tinha sido feito.
Fatos cruciais foram ignorados no bombardeio contra Hicheur, como o de que ele foi condenado no dia 5 de maio de 2012 e liberado apenas 10 dias depois. A longa detenção de Hicheur foi criticada por mais de 600 cientistas, incluindo o prêmio Nobel de Física Jack Steinberger, além de organizações de defesa dos Direitos Humanos na Europa.
Hicheur acredita que está sendo julgado novamente no Brasil, quando já cumpriu a pena, e por um crime que, segundo ele, nunca cometeu.
“Nem a mídia francesa mostrou uma hostilidade tão exacerbada contra mim”, disse o físico, que recusou-se a falar com os jornalistas que invadiram sua sala na UFRJ e bateram na porta de seu apartamento, na Tijuca. Os repórteres, após entrarem no prédio, que não tem porteiro, fizeram plantão no corredor de seu andar, até que um colega de Hicheur chamou a Polícia Federal para retirá-los de lá.
Quatro dias após ele ter se transformado em manchete no país, Hicheur concordou em nos dar uma entrevista para contar seu lado na história. “Sem gravadores escondidos e sem fotos”, foi a única condição que ele apresentou. Ele avisou que poderíamos perguntar qualquer coisa.
Vestindo túnica de algodão azul marinho de manga curta, calça preta e sandália marrom, e com um boné cobrindo a sua cabeça, Adlène Hicheur entra na sala da casa de um amigo, aperta as mãos dos jornalistas, e senta para ser entrevistado.
Hicheur conversa com a urgência de um homem que tem muito a dizer mas pouco tempo. Sua dicção é serena enquanto ele faz a conexão do que aconteceu com ele com o contexto político e social mais amplo.
Como um verdadeiro físico, ele explica sua história, como uma equação onde ciência, política, religião e cultura interajam uma com a outra.
Primeiro Julgamento
Hicheur nasceu em Setif, uma região montanhosa com florestas verdes e uma cidade com ruas arborizadas, no norte da Argélia, em 1976. Quando ele tinha um ano, sua família mudou-se para Isère, na França, levando ele, seus dois irmãos e três irmãs. Mesmo tendo nascido em uma família simples — seu pai era operário da construção civil –, ele ficou em primeiro lugar na turma de mestrado de Física Teórica na École Normale Supérieure, uma universidade da elite francesa. Ele fez o doutorado no Laboratório de Física de Partículas de Annecy-le-Vieux de (Lapp), após breve passagem pelo Stanford Linear Accelerator Center (Califórnia). Em seguida, foi para o Rutherford Appleton Laboratory, perto de Oxford, na Inglaterra, onde fez seu pós-doutorado. Depois, ele foi convidado a trabalhar no Departamento de Física de Altas Energias da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, e trabalhou no experimento LHCb do CERN.
Como uma estrela ascendente do EPFL, Hicheur tinha tudo a seu favor quando de repente sua vida começou a se desintegrar. No início de 2009 foi diagnosticado com hernia de disco que o fazia sofrer com fortes ondas de dores na espinha e na perna direita. Ficou confinado na cama da casa dos pais, em Isère. Algumas vezes as dores eram tão insuportáveis que ele tinha que tomar injeções de morfina. Ele só conseguia se locomover com andador.
Mas o pior estava por vir.
No dia 8 de outubro de 2009, a casa dos Hicheurs foi invadida por homens encapuzados fortemente armados. Eram agentes da polícia e da inteligência francesa. Hicheur e seu irmão mais novo, Zitouni, um engenheiro mecânico, foram levados para a delegacia de polícia. Seus computadores e equipamentos eletrônicos foram confiscados. “Não sabíamos o que estava acontecendo. Minha mãe, que é diabética, desmaiou e a polícia não deixou que a socorrêssemos. Mesmo com dores terríveis eu fui levado para o carro da polícia”, lembrou Hicheur com amargura.
Zitouni foi liberado após poucos dias, mas Hicheur foi acusado de “formação de quadrilha” com um grupo terrorista e enviado para a prisão de Fresnes. Sua detenção passou a dominar as manchetes da mídia francesa e europeia.
‘O terrorista do Big bang’
Em 2009, o CERN estava sob holofotes da mídia global por suas colisões de altas energias no maior acelerador de partículas do planeta. O CERN inspirava livros de ficção e filmes com tramas recheadas de teorias conspiratórias. No início de outubro daquele ano, quando coincidentemente nós dois visitávamos o CERN em uma viagem de 10 dias pela Suíça, o entusiasmo em torno do experimento do “Big Bang” (que procurava descobrir a origem do universo), chegava ao ápice.
“Cientista do Big Bang acusado de ter ligações com o terror”, dizia uma manchete em um jornal australiano. Outros reproduziam chamadas semelhantes e aterrorizadoras. Naqueles dias, em conversas com cientistas no bandejão do CERN, nós percebemos que a notícia explosiva assustou muitos, mas não convenceu vários de seus colegas mais próximos. Hicheur, que desde sua prisão tem negado consistentemente sua ligação com grupos terroristas, diz que paga um preço alto por ser um muçulmano bem educado na França. “As pessoas aqui não entendem o que significa ser muçulmano na França nestes dias, o que significa ser um migrante argelino. Se você é um muçulmano com alto nível cultural e educacional e ascendeu na vida eles vão te derrubar. Eu fui apresentado como como um exemplo de terrorista bem-educado, ativo na internet e que se radicalizou. Eles queriam me punir por minhas opiniões políticas”, afirmou Hicheur. “Eles queriam apenas destruir a minha reputação. Eles queriam me desumanizar”, concluiu.
Ele não foi o único que interpretou a sua detenção desta forma. Jean-Pierre Lees, um físico do Lapp que trabalhou com Hicheur e fez campanha por sua libertação, disse em 2011 que os promotores “sabiam muito bem que ele não tinha feito nada sério”. Citado em um artigo da revista científica internacional “Nature”, Lees disse que Hicheur foi atingido porque ele é um muçulmano com alto nível de educação trabalhando em física.
Mas o que aconteceu depois, nas palavras de Hicheur, parecia ter sido inspirado em um romance de Franz Kafka. Quatro dias após a sua detenção na delegacia, o juiz que o investigava apresentou acusações contra ele, decretou a investigação formal e ordenou que ele fosse enviado para a prisão de Fresnes. Pela lei francesa, juízes lideram a investigação de crimes. A acusação contra Hicheur é uma das mais comuns em casos relacionados ao terrorismo na França. Apesar de não haver acusação concreta de nenhum ato de terror _ planejado ou executado – contra Hicheur, sua detenção provisória em Fresnes durou quase três anos, com limitado acesso ao mundo exterior. Um grupo de apoio composto por cientistas divulgou uma declaração condenando o estilo “Guantanamo” de encarceramento no caso de Hicheur.
A polícia da Suíça, onde ele viveu e trabalhou até ser preso, o investigou e não conseguiu encontrar nenhuma evidência contra ele.
Os chefes de Hicheur na Suíça e no Brasil são só elogios a ele e rejeitam categoricamente que o físico seja culpado. Aurelio Bay, um cientista suíço que foi seu chefe no Grupo de Altas Energias do EPFL, em Lausanne, nos enviou um email ressaltando a sua crença na inocência de seu subordinado. “A Polícia Federal da Suíça averiguou tudo sobre a vida dele em Lausanne. Não encontraram nada. Eles acharam apenas papeis e contas velhas, copos sujos e discos rígidos que não tinham nada,” disse Bay. “Adlène deveria escrever um livro. O ataque é a melhor forma de defesa”, opiniou Bay.
Política do terrorismo
Em um dia chuvoso, mas quente, no Rio, Adlène Hicheur não esconde que sua mãe, de 68 anos e doente, domina a sua mente. “Você não imagina o que a minha mãe passou quando eu estava na prisão por causa de acusações falsas e o que ela está sentindo agora que estou sendo perseguido novamente no Brasil por algo que não fiz”, lamentou.
Hicheur está triste e desapontado, mas ele não caiu na tentação de mergulhar no sentimentalismo. O cenário do que aconteceu em 2009 e o que está acontecendo agora está claro em sua cabeça. De fora, a França parece um país de primeiro mundo com uma robusta democracia e respeito pelos direitos humanos. Mas uma pessoa que cresceu em bairros empobrecidos e com muitos imigrantes tem uma percepção diferente do que seja o Estado francês. Nesta parte da França invisível, direitos são violados frequentemente, conta Hicheur.
Ele acredita que foi alvo do governo de direita de Nicolas Sarkozy, por ser um cidadão francês de origem argelina e muçulmano. “Logo que eu fui levado para a delegacia, o ministro do Interior da França, Brice Hortefeux, declarou que eles haviam ‘feito um grande avanço’. Eu o vi na delegacia. Este ministro foi condenado por racismo. Ele estava com tanta pressa que queria me condenar antes mesmo de me acusar formalmente”, lembra o cientista, citando o comentário racista de Hortefeux, amigo próximo de Sarkozy, contra um homem de origem argelina, em setembro de 2009. Em abril do ano seguinte este ministro foi multado em €750 por um tribunal francês devido a comentários racistas.
Em 2012, a popularidade de Sarkozy despencava. Assim, não foi coincidência, analisa Hicheur, que seu julgamento tivesse ocorrido apenas três semanas antes do primeiro turno das eleições presidenciais na qual Sarkozy encarou uma dura disputa e perdeu para Francois Hollande. “Meu julgamento acabou em apenas duas tardes, depois de me manter na prisão por 30 meses. Esta foi a forma de Sarkozy mostrar que havia capturado um perigoso terrorista”, disse Hicheur, que foi condenado a cinco anos de prisão em 5 de maio, apenas um dia antes do último turno do pleito presidencial. Logo após o veredito, seu advogado, Baudouin, classificou o julgamento de “escandaloso”.
Hicheur diz que a matéria da revista Época distorceu os fatos e ignorou detalhes cruciais que indicariam a sua inocência. Em 2009, antes de ser preso por visitar “websites de conversas subversivas islâmicas”, Hicheur estava seriamente doente, tomando medicação. “Durante aquele período eu passei seis meses entre hospitais, médicos, fisiologistas, reumatologistas e finalmente na casa de meus pais para me recobrar dos problemas nas costas e no nervo ciático”, conta Hicheur, que afirmou ter passado naquela época por um “período de turbulência”.
Hicheur diz que a revista quis apresentar os 35 e-mails e conversas online como algo novo. “Não há nada novo nisso”, afirma ele. Em seu julgamento a acusação apresentou isso como evidência de sua culpa, mas Hicheur afirma que este é o elemento mais fraco do caso. Em uma sala de bate-papo virtual lotada de participantes com pseudônimos, Hicheur expressava livremente suas visões políticas sobre tudo o que acontecia no mundo islâmico. Depois que a sala de bate-papo foi hackeada _ acredita ele _ por algum serviço de inteligência, Hicheur passou a trocar email com um interlocutor chamado “Phoenix Shadow”. Segundo ele, nenhum dos dois estava ciente da identidade real de ambos.
Durante os dois dias de julgamento em 2012, a acusação afirmou que “Phoenix shadow” era na verdade Mustapha Debchi, um alegado integrante da Al Qaeda do Mahgreb. Mas a acusação nunca conseguiu estabelecer a conexão entre o pseudônimo, o número de protocolo de internet de seu computador e Debchi, segundo Hicheur. “O nome Mustapha Debchi foi mencionado desde que eu fui preso sem nenhuma prova de minhas ligações com ele”, explicou. “Então, de repente, em setembro de 2011, eles anunciaram que o haviam capturado em fevereiro daquele ano, na Argélia, que o haviam interrogado e que a informação que constava do arquivo era de que tratava-se de ‘Phoenix Shadow’.
“Mas Debchi não foi levado ao tribunal e nem indiciado, mesmo estando no centro desta alegada associação comigo. Ou seja, a culpa nunca foi estabelecida”, detalha Hicheur. “Se ele foi preso em fevereiro, porque eles mantiveram esta informação secreta até setembro?”, questiona o cientista. Então, ele oferece a resposta: “Porque em outubro de 2011 eu completaria dois anos de detenção provisória e eles não poderiam de me manter preso por mais tempo”.
A maioria dos resultados das buscas na internet sobre Mustapha Debchi estão ligados ao julgamento de Adlène Hicheur. “Minha correspondência com ‘Phoenix Shadow’ foi toda em árabe, mas o que produziram no tribunal foram trechos daqui e dali, fora do contexto e distorcidos, todos traduzidos muito mal para o francês. Eles estavam desesperados para me levar a julgamento e mostrar que eu era culpado”, afirmou.
Hicheur deixou a prisão depois de ter decidido não recorrer do veredito. “Desafiar o veredito significava ficar na prisão por mais um ano, além do tempo do julgamento. Não há como conseguir justiça. Eu iria apodrecer na cadeia. Eu queria voltar a ensinar e a pesquisar. Então, quando eles me disseram que eu poderia voltar para casa, eu senti que poderia renascer. A prisão é o túmulo dos vivos, como diz uma poesia em árabe. Eu sobrevivi lá dentro por causa da minha educação e da minha maturidade”, contou.
Jogo mentais
Prisão nunca é um lugar prazeroso, mas algumas delas são notórias – historicamente – como Fresnes. Hoje, a guilhotina, que foi usada na França até 1977, está guardada em Fresnes, a maior casa de detenção da França. Durante a Segunda Guerra Mundial foi usada pela Gestapo. O lugar abrigou os que lutaram pela Frente de Liberação Nacional (Argélia), nos anos 50 e 60 , quando eles buscavam a independência da França. Foi no andar térreo da prisão que Hicheur passou 30 meses sem ver o céu aberto. Mas a quase falta de sol não era o maior problema. A polícia tentava quebrá-lo emocionalmente todos os dias, conta Hicheur. “Eles me diziam que eu nunca seria capaz de ensinar novamente e que eu seria obrigado a vender legumes nas ruas. Eles queriam me anular”, diz. “Mas eu estava determinado a resistir a este processo de desumanização”.
A sua determinação eram os livros que ele não apenas devorava para manter sua sanidade, mas apresentava a outros prisioneiros. Ele discutia os livros em uma espécie de Café Fisolófico na biblioteca da prisão, que podia frequentar uma vez por semana.
Hicheur herdou o amor pelos livros de seu pai, um operário da construção civil. Quando Hicheur e seu irmãos eram pequenos, o pai os levou ao canteiro de obra para mostrar como era uma vida dura. Se os meninos não estudassem iriam acabar como ele, advertia. A educação era a salvação, repetia o pai. “Meu pai era um homem politicamente consciente. Apesar de ter sido um operário, ele sempre falava sobre livros, cultura e política com a gente”, lembrou. “E graças à minha educação, eu sobrevivi na prisão”, constatou.
O refúgio na prisão se dava através de livros dos mais variados: de física, cultura, espiritualidade e poesia árabe. Mesmo na loucura da cadeia, onde os prisioneiros brigavam uns com os outros por causa de um cigarro, ele manteve sua ligação com o mundo acadêmico. “Uma de minhas orientandas de doutorado me enviou um capítulo de sua tese para que eu corrigisse. Eu fiquei tão feliz em corrigir. Eu vi que poderia ainda me manter em dia com a física”, conta.
Em Fresnes ele fez amizades com outros detentos. Seu apelido entre os prisioneiros era “Google” porque era capaz de responder a todos os tipos de perguntas _ de neutrinos à religião. “Eles queriam me ver fora dali”, conta Hicheur, entusiasmado, comparando sua condição com a do Batman no filme “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, onde Bruce Wayne é detido mesmo estando com um problema nas costas, mas escapa com o apoio dos outros presos. “Eu estava na mesma condição, na cadeia, com dor nas costas, mas contando com a torcida dos outros presos para sair”, riu.
Bruce Wayne escapou devido à sua força extraordinária, mas o que mantem o espírito de Hicheur positivo são sua crença e suas orações. Muçulmano praticante, ele adora falar sobre tradições islâmicas de ensino na matemática e química durante a Era Medieval. Seu interesse pela ciência e pelo conhecimento vem desta tradição. Ele manteve sua mente aberta na prisão interagindo com os outros detentos, ensinando o que podia e também aprendendo com eles. “Você deve se beneficiar da sabedoria de onde ela vier”, afirma, citando o profeta Maomé.
Estava chovendo enquanto Hicheur falava sem parar, respondendo as perguntas. Mas quando o sol começou a se por, ele se levantou: “Eu preciso rezar”, diz, tirando seu tapetinho de nylon. Vai para o escritório, desenrola o tapete no chão e faz suas orações.
O recomeço
Em maio de 2012, logo que ele saiu da prisão, Hicheur comprou um computador, instalou alguns programas e começou a fazer ciência de novo. Ele estava ávido para voltar a trabalhar. Logo ele voltou ao CERN como integrante do laboratório de Lausanne e até fez uma viagem ao Brasil para um curto período no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Mas em maio de 2013, um ano após a sua libertação da prisão, ele foi proibido de entrar na Suíça ( decisão válida até 2018) como resultado de uma ordem administrativa da polícia daquele país, apesar de a justiça suíça não ter encerrado o caso por falta de provas. Hicheur sugere que esta decisão foi tomada por pressão da França. “Eles queriam ter certeza de que eu não seria capaz de trabalhar como cientista nunca mais na minha vida. Eles sempre me falavam isso na cadeia”, lembra Hicheur, com olhar preocupado.
Mas mesmo com esta proibição e estando no Brasil, ele continuou colaborando com o CERN, o que faz até hoje. Ao saberem da campanha contra ele no Brasil, seus colegas europeus mais próximos reagiram revoltados. “Hicheur já pagou alto preço por sua correspondência online com alguém alegadamente da Al Qaeda. Hicheur nunca cometeu, direta ou indiretamente, qualquer ato terrorista ou criminoso. Ele cumpriu sua sentença e estava trabalhando pacificamente no Brasil”, afirma através de um email que nos enviou, a física suíça Monica Pepe Altarelli, do experimento LHCb do qual ele faz parte. Ela também é vice-porta-voz do CERN. “É admirável que o Brasil tenha oferecido ao professor Hicheur a possibilidade de retornar à sua carreira científica, beneficiando-se, assim, de suas elevadas qualificações como cientista e professor. O artigo publicado pela revista Época não está baseado em fatos e é inconsistente com a aberta tradição humanitária do Brasil”, afirma ela , com o respaldo de outros colegas que trabalharam de perto com ele, como os cientistas Pierlugi Campana, do Laboratori Nazionali dell’INFN de Frascati (Itália), e ex-porta voz do experimento LHCb, e o suíço John Ellis, professor de Física Teórica do King’s College, em Londres, integrante do CERN.
Com os portões do CERN fechados para Hicheur, ele começou a olhar além da Europa para procurar trabalho. Seus colegas o ajudaram e ele encontrou a oportunidade de renascer no Brasil, um país que ele sempre admirou por sua rica história, “pela política externa independente” e pela cultura de ativismo da sociedade civil. Depois de obter o visto do consulado brasileiro em Genebra, processo que demorou mais de 30 dias, devido a todo o processo de verificação de seu caso, ele desembarcou aqui em maio de 2013 e começou a trabalhar no CBPF. A partir de junho de 2014, passou a trabalhar na UFRJ.
Apesar de ter crescido na França, Hicheur manteve os laços com sua cidade, Setif, na Argélia, que sua família costumava visitar sempre. Acostumado com as montanhas, o calor tropical e as praias do Rio são um choque térmico, mas ele se adaptou. Depois de algumas semanas vivendo em um apartamento em Copacabana, Hicheur mudou-se para uma rua da Tijuca e começou a descobrir a cidade. “Eu adoro andar na Floresta da Tijuca. É tão bom ser parte da natureza” diz ele, que gosta também de montanhismo.
Devido à sua limitação no domínio do português, no início ele só pesquisava. Mas no segundo semestre de trabalho na UFRJ já havia começado a dar aulas, no nível da graduação, sobre sustentabilidade das energias renováveis e física experimental. Seus colegas da UFRJ aplaudem a contribuição que o professor Hicheur tem dado à ciência no Brasil e ao ensino. O professor do Instituto de Física, Leandro Salazar de Paula, a quem Hicheur é subordinado no grupo de pesquisa no qual trabalha, define: “Ele é um excelente pesquisador, simplesmente brilhante”. Segundo ele, se Adlène Hicheur deixar o país “será uma grande perda para o nosso programa de pesquisa”. O professor argelino atua em várias linhas de pesquisa. “Somos nove pesquisadores e estamos perdendo o mais atuante”, lamentou Leandro de Paula.
O Segundo Julgamento de Adlène Hicheur
Apesar de o contrato de Hicheur valer até junho, ele decidiu deixar o país, desapontado com tudo o que aconteceu e com a falta de apoio do governo. Sua paz no Brasil foi abalada em outubro do ano passado quando ele foi abordado por policiais à paisana em uma rua perto de sua casa. “Eu entrei em pânico. Você pode pensar que eu sou paranoico mas por causa da minha experiência terrível na França eu não sabia quem eram estes homens e o que eles queriam de mim”, conta. Eram da Polícia Federal. Eles queriam conversar com Hicheur sobre um incidente na Masjid e Nur, uma mesquita da Tijuca frequentada por ele.
Em janeiro de 2015, poucos dias após o ataque terrorista à sede da revista Charlie Hebdo, em Paris, uma equipe da CNN da Espanha foi à mesquita para fazer uma filmagem. Coincidentemente _ ou não _ , enquanto a equipe filmava, um homem que nunca frequentou o local apareceu diante das câmeras e tirou a sua camiseta para revelar uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico, impressa em uma outra camiseta que havia por debaixo. Isso, segundo a polícia contou para ele, fez com que se investigasse todos os frequentadores da mesquita, inclusive o próprio Hicheur. “Eu não estava nem no Brasil naquele dia. Estava na Europa passando férias com a minha família”, lembra. “Não há nada contra mim por parte da polícia brasileira”, assegura. De fato, Hicheur tem em mãos um certificado de antecedentes criminais datado de 14 de janeiro: “A Polícia Federal certifica, após pesquisa no sistema nacional de investigação criminal, que até a data de hoje (14 de janeiro) não há registro de antecedentes criminais em nome de Adlène Hicheur”, diz o atestado ao qual tivemos acesso.
Após a divulgação da reportagem da Época, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que uma pessoa “condenada por terrorismo” deveria ter sido impedida de entrar no país. O ministro sinalizou ainda que o governo iria averiguar seu status legal no país.
Os acadêmicos mais próximos de Hicheur criticaram esta declaração, mas isso fez com que Hicheur decidisse desistir da oportunidade que o Brasil havia oferecido a ele para reconstruir a sua vida. “Não me deixaram opção”, disse. Ele contou que está desapontado e sentindo-se traído. “Eu cheguei aqui legalmente. Vim para trabalhar e contribuí com a física aqui . Agora sou forçado a deixar o país”, lamentou.
Conversei muito com ele sobre a prisão, sobre política no Oriente Médio e outros temas. Ele sempre criticou grupos terroristas, inclusive o Estado Islâmico. Aí uma revista semanal veio com uma matéria que prefiro nem usar adjetivo…. e ele viu seu tremendo esforço para reconstruir sua vida científica desabar. A isso adiciona-se uma declaração de um ministro e ele passa a se sentir ameaçado. Ele não quer ser espancado e humilhado novamente. Ele entrou pela porta da frente e quer sair pela porta da frente”, disse Ronald Shellard, diretor do CBPF. “Ele é um muçulmano bastante fiel, com um senso muito agudo de honra, respeito e dignidade, completou. “Se o Adlène for embora, ou pior, for expulso, isso significará a derrota definitiva de tudo por que nossa geração lutou durante a ditadura militar, de todos os princípios de direitos humanos”, opinou Shellard. Sobre o caso francês, já encerrado, Shellard diz que pelo o que sabe “ele foi condenado por seus pensamentos que estão em um disco rígido. Isso me faz lembrar o livro ‘1984’, de George Orwell”, concluiu.
Ignacio Bediaga, chefe do grupo LHCb no CBPF, ex-chefe de Hicheur nesta instituição, antes de ele trabalhar na UFRJ, diz que o que aconteceu com o físico argelino foi um linchamento. “Adlène foi submetido a um linchamento pela revista Época e pela declaração do ministro. Adlène foi contratado pela UFRJ, ou seja, pelo governo brasileiro. Agora dizem que ele não é bem-vindo. Isso é preconceito porque ele é um cientista muçulmano”, criticou Bediaga.
Hicheur ainda não havia decidido seu destino até hoje, dia 18 de janeiro. Ele parou de lecionar na UFRJ porque o assédio da mídia não permitiria mais essa função. Mas ele continua a desempenhar suas tarefas de pesquisador, e tem dois artigos científicos para tocar. Mesmo sob este ataque, hoje ele está apresentando a análise de dados para um destes artigos, sobre uma partícula subatômica rara e pouco conhecida chamada “Bc”. Esta apresentação foi feita em vídeo conferência para 700 cientistas internacionais que participam de seu grupo de experimento e que vão corroborar o artigo assinado por ele.
“Estou sendo julgado no Brasil por algo que já me julgaram na França”, protestou Hicheur, afirmando tratar-se de um caso de islamofobia. “Meu caso deve ser visto dentro do contexto da França. Se você tirar o Islã da equação, não há problema. Eu sou apenas um caso entre muitas pessoas perseguidas por serem muçulmanas”, lamentou, acrescentando que não esperava que isso fosse acontecer no Brasil, um país que ele sempre admirou.
Isso o faz voltar à política. Em sua visão, alguns países ocidentais estão punindo as nações muçulmanas. Hicheur diz que nunca apoiou nenhuma forma de violência e acrescenta que na internet, em suas conversas online, sempre se recusou a fazer parte de qualquer atividade violenta. “Eu sou contra a violência. Eles não deviam interferer nos nossos países. Eles não deveriam promover a guerra em nossos países. Eles encurralam as pessoas e elas acabam reagindo. Aí dizem que elas são violentas”, observou.
‘Eu estou a 10 mil quilômetros de Paris, mas ainda assim estou ao alcance deles. Eles estão me quebrando de novo. Onde posso ir?”, pergunta, refletindo sobre onde poderá tentar reconstituir sua vida mais uma vez.
Ele fica em silêncio por alguns minutos, parecendo pensativo. “Se você está vivendo bem, eles não aceitam. Eles haviam me avisado que eu não iria voltar a fazer ciência. O Brasil me deu este espaço. Pelo menos eu pude provar que consegui voltar à ciência”, diz Hicheurs, andando pela sala, com um sorriso melancólico no rosto.
*
Florência Costa é jornalista freelancer, ex-correpondente na Rússia e na Índia e autora do livro “Os Indianos” (Editora Contexto)
Shobhan Saxena é jornalista indiano, baseado em São Paulo, e contribui para o website internacional “The Wire”, para o jornal “Times of India” e para a BBC em Hindi.
Roberto Paschoal
20/01/2016 - 01h41
se a globosta e a favor ,sou contra .
Roberto Paixão
19/01/2016 - 16h06
.
Lembra um pouco aquele caso da Escola Base.
A midia faz matéria irresponsável, o povão crucifica e vai ficar por isso mesmo.
Um descaso total. Uma falta de profissionalismo total.
E nós, totais boçais, acreditamos e nos indignamos com o fato de a UFRJ abrigar o “Terrorista” islamico.
PERDÃO Adlène Hicheur.
Luiz Veloso
19/01/2016 - 15h55
O ovo da serpente eclodiu. Não apenas persegue quem luta pela liberdade, mas também procura atingir a soberania do país, buscando alvos entre aqueles que podem fornecer conhecimento de ponta, subordinando o país às trevas da submissão imperialista.
Ma Lourdes Sousa Aas
19/01/2016 - 14h01
Tem que processar esta porcaria de revista por calunia!!
Ma Lourdes Sousa Aas
19/01/2016 - 14h02
E processar a globo tambem!!
Zélia Mocelin
19/01/2016 - 12h49
A GLobo, é policia, juiz, promotor e tudo!!!! ridículos.
Nonato Silva
19/01/2016 - 03h53
O terrorismo da Globo é silencioso há 50 anos.
Murillo Paiva
19/01/2016 - 03h23
Hicheur é um exemplo típico de como uma direita fascista, na França e aqui no Brasil, pode destruir livremente a reputação de uma pessoa. É como agem as revistas tipo Veja, Época e outras, apoiando as atitudes de quem só quer destruir o país. Eu troco ficar com Hicheur e expulsar Aécio, Serra, Alckmin e FHC, além dos donos e diretores da Globo, da Folha e do Estadão. Hicheur sim, nos é útil. Estes empresários são apenas predadores.
Graça Carlos
19/01/2016 - 02h36
esperando que não tenha vindo para cá organizar terror nas olimpíadas, tudo bem. Mas vir para cá tocar terror igual aqueles loucos quenianos e do estado islâmico me poupe. aliás poupe o Brasil.
Evania Costa
19/01/2016 - 02h19
Sua ridícula, para de ser manipulada pela globosta.
Rogger Santos
19/01/2016 - 02h06
Amanda Oliveira
Carlos Abrunhosa
19/01/2016 - 01h32
Mercadante perdeu uma grande oportunidade de ficar calado. Aliás parece que não tem muito jeito para isso.
José Madeira
19/01/2016 - 01h12
Acho que o ministro da educação deve ter sido contratado pela Globo. Aluisio Mercadante disse: “É logico que [Hicheur] deveria ter sido bloqueado. Uma pessoa que foi condenada por prática de terrorismo não nos interessa para ser professor no Brasil. Não temos nenhum interesse nesse tipo de pessoa”,
LimeRock Bruno
18/01/2016 - 22h14
http://www.bbc.com/news/world-europe-17956202
Edson Beato
18/01/2016 - 21h59
Cesari Baptiste tbm é inocente!!!!
Fábio Lima
18/01/2016 - 19h56
á temos muita merda por aqui. Que esse merda volte para a Argélia e por lá vire blogueiro ! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Fábio Lima
18/01/2016 - 19h53
Já temos muitos merda por aqui. Que esse merda volte para a Argélia e por lá vire blogueiro ! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Helio Eduardo Pinto Pinheiro
18/01/2016 - 21h04
E A PARANÓIA CHEGA POR AQUI!!! ATÉ ONDE UMA MÍDIA CANALHA, COVARDE E OMISSA CONTINUARÁ A MANTER SUAS PODRES IDEOLOGIAS SOBRE A CABEÇA VAZIA DESSE POVO…. PUTZ……….
Diana Maria Araújo
18/01/2016 - 19h07
Penso que se cometeu um erro com o nome da ” Frente Antifascista ………”.
Miguel do Rosário
18/01/2016 - 17h26
Corrigi. Obrigado!
Hugo Andre Haffner
18/01/2016 - 18h53
Célia Nadir Anselmi vc é um capacho do Beto Richa.´Está bloqueada.
Ermindo Castro
18/01/2016 - 18h19
ou sera que todo arabe é terrorista na visão dos jornalistas da revista??
Ermindo Castro
18/01/2016 - 18h18
OU AS SUAS PESQUISAS ESTÃO PREJUDICANDO ALGUEM ?/
Ermindo Castro
18/01/2016 - 18h16
OU SERA PORQUE ELE É UM CIENTISTA QUE TEM FUTURO ?? OU TEM INTERESSES ESTRANGEIROS POR TRAZ DISSO?? A TEM !!!ELE TRABALHOU COM CIENTISTAS FOMOSOS NA EUROPA , EM CENTROS DE MUITA RELEVANCIA . SERA ´POR ISSO ???
Ermindo Castro
18/01/2016 - 18h14
SE ELE JA PAGOU PELO QUE FALOU ENTÃO PORQUE ESTA PERSEGUIÇÃO?? DA REVISTA ÉPOCA ??
Ermindo Castro
18/01/2016 - 18h12
ISSO ME FAZ LEMBRAR DO CASO EM QUE AO GLOBO FEZ COM AQUELE CASAL LA EM SÃO, PAULO LEMBRAM ??A ESCOLA DE BASE?? A ONDE FORAM ACUSADOS DE CRIMES QUE NÃO COMETERAM E DEPOIS ELES MORRERAM SEM A GLOBO PEDIR DESCULPAS. ISSO É UM JORNALISMO SUJO, PORCO, SEM ÉTICA E SEM MORAL.!!!
Maite Pontes Lindo
19/01/2016 - 00h12
Isso mesmo, ninguém esquece.
Jullian Lima
18/01/2016 - 18h02
Destruir reputações com meras dúvidas e fatos não comprovados apenas para manchar instituições, governos e derivados? Infelizmente, nada novo. Dois pesos e duas medidas? A gente vê na plimplim
Moacir Coelho da Gama
18/01/2016 - 17h59
Tudo e culpa da mídia. Kkkk
Paulo
18/01/2016 - 18h14
vc é nojento asqueroso merda maré baixa
Isabel Bastos Deluiz
18/01/2016 - 17h28
Daniel Deluiz
Ivan Gomes
18/01/2016 - 16h23
….Zé Dirceu, foi codenado (sem culpa),por ter tirado os “doces” da boca da Globo : na Publicidade,ela ganhava 0,80 ctv em 1.00 real e distribuia o resto para o” resto “das agências de publicidade . Z. Dirceu cortou esse lucro para 0,18ctv rsrsrsr.”..Cortou” também a compra das revistas globais pelo govêrno,etc,etc(… ) e assim sucessivamente! Agora achou outra” Vítima “… Adlène Hicheur,por se sentir .ameaçada novamente !!!…a Globo costumava – nomear mínistros -no govêrno (FHC)…daí se “Acha”, no direito de afastar… quem quiser que seja…mas acabou!…
avida como ele é
22/01/2016 - 12h29
Zé Dirceu inocente, conta outra, que essa não faz ninguém mais rir, tem uma nova do Lula, que diz que não há ninguém mais honesto que ele, essa ainda faz a gente rir muito, na próxima tenta ela.
‘Gustavo Raft
18/01/2016 - 16h16
O Brasil tem sua história marcada pela oportunidade para quem quer recomeçar a vida, desde os degredados portugueses, essa é a nossa formação. Será grande vergonha se Hicheur for mesmo embora do Brasil. Não mais o Mercadante, mas o Governo brasileiro deveria se manifestar, pedir desculpas e garantir a permanência do professor.
Roberto Lucena
18/01/2016 - 16h55
A meu ver a única atitude digna do Mercadorante é ele pedir demissão do Min. da Educação, quando nem devia ter ido pra lá tirando o Janine. Nunca vi um ser tão decrépito como o Mercadante, é a cara da ala podre (tucana) do PT de SP
Mary Lima
18/01/2016 - 15h57
Reprovável o que o panfleto fez com este professor.Texto longo, mas vale conferir.
Fabrício Mito
18/01/2016 - 15h50
Célia Nadir Anselmi
18/01/2016 - 15h49
Se for terrorista mesmo, ele vai falar na entrevistakkkk
O Cafezinho
18/01/2016 - 15h51
Ri da desgraça alheia. É muito generoso de sua parte.
Célia Nadir Anselmi
18/01/2016 - 15h52
Ri da sua ingenuidade.
O Cafezinho
18/01/2016 - 15h56
O cara não tem nenhuma acusação formal. Foi inocentado de tudo. Não seja leviana.
Célia Nadir Anselmi
18/01/2016 - 15h57
Menino, cresça e apareça.
Renzo Dominic
18/01/2016 - 16h01
Essa dona Célia Nadir Anselmi não me engana… olha a cara dela… pra mim ela é uma tremenda TERRORISTA !!!
Yara Nastari Guardado
18/01/2016 - 16h02
Célia você é baixa e ignorante. Quem precisa crescer é vc que nem ao menos deve entender o que é física de partículas
Célia Nadir Anselmi
18/01/2016 - 16h05
Yara, não se estresse, não deixe o ódio te dominar, afinal como vc poderá falar do ódio dos contrários se vc não se controla? rsrs
Mônica De Salles Carvalho
18/01/2016 - 16h12
Essa revista é repugnante! Destrói reputações e depois publica erratas infames… Não há como negar isso. Quem apóia ou é ignorante ou então mau caráter.
Gerson Pompeu
18/01/2016 - 16h12
Trabalha pro terrorista Beto Richa.
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 16h12
Engraçado….vocês pregam tanto que o Governo Brasileiro respeita as soberanias…se referindo à Venezuela! Então respeitem à soberania da França! O cara nem Brasileiro é! Vocês tem que decidir para que santo rezam!
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 16h15
Na verdade vocês rezam pro Santo que lhes convém!
Celso Litti
18/01/2016 - 16h36
Vou te responder pra vc pense . É muito fácil ficar atirando pedras , não se faz este tipo de comentário, não se estraga a vida de uma pessoa sem provas como fez a revista citada .
No Brasil virou moda acusar e as desculpas aparecem depois do estrago feito em nota de rodapé.
Deixe que a justiça julgue , se ele foi absolvido e não tem nada provado contra ele , acho que o mesmo não precisa dizer mais nada .
Enfim …
Renzo Dominic
18/01/2016 - 16h44
TERRORISTAS VIRTUAIS…
Roberto Lucena
18/01/2016 - 16h51
Renzo Dominic vc chegou primeiro, ia fazer uma ironia com isso, esse sobrenome Nadir tem pinta de sobrenome de terrorista, hahahaha.
Roberto Lucena
18/01/2016 - 16h53
“”Mauricio Bellini Engraçado….vocês pregam tanto que o Governo Brasileiro respeita as soberanias…se referindo à Venezuela! Então respeitem à soberania da França! O cara nem Brasileiro é! Vocês tem que decidir para que santo rezam!””
A França não pediu nada nem o Brasil está interferindo em nada com a França, o caso do cientista é do Brasil pois o país aceitou, fora que, perseguir uma pessoa, por preconceito de origem e de religião, por conta de matéria sensacionalista de pasquim da Globo é fim de linha. Pelo visto vc acha que o país pode dispensar todo cientista qualificado quem vem pro país, como se houvesse uma multidão querendo vir. Bizantinice essa mentalidade.
Yara Nastari Guardado
18/01/2016 - 18h09
Célia Nadir Anselmi eu não falo nada de ódio de ninguem, que sintam à vontade pq lembro muito do tempo que trabalhei ai no paraná… se não fosse absoluta necessidade vcs estariam na idade da pedra, andando de quatro, gente atrasada que não admite mudança, provincianos, mente curta.
Fernando A Lima
18/01/2016 - 19h14
Meu Deus….. como ainda tem pessoas que expressam o ódio, o terror e a ignorância….. os verdadeiros terroristas né dona Célia!?
Braulino Costa
18/01/2016 - 20h15
Célia Nadir Anselm minha lindinha me pareces um ser de extrema carência, que costuma ir a igrejas sempre que falas, ou fazes MERDA… ah leitura geral sempre será uma boa solução, pra coisas como você… SE ASSIM QUISER!!
Célia Nadir Anselmi
18/01/2016 - 21h45
Para ser sarcástico precisa ser inteligente, infelizmente preciso lhe dizer, ficou pobrinho demais. Leia mais.
Maite Pontes Lindo
19/01/2016 - 00h11
Essa senhora Célia sabe tudo, afinal se o governo Francês , julgou inocente ela acredita piamente que o governo francês é corrupto. Não conhece a história, vive na ignorância política que todo nordestino é burro, com o preconceito irraizado, tenho pena,porque afinal o ITÃ, é dominado por Cearenses, os notas mil do ENEM. Todos Nordestinos, isso é que dar ser leitora é defensora de um pasquim de terceira categoria.
Célia Nadir Anselmi
19/01/2016 - 00h14
Vc está dizendo isso, não eu. Dizem que a pessoa quando está irada diz a verdade. Controle-se, caso contrário, todos saberão o que vc , lá no fundo, pensa. rs
Braulino Costa
19/01/2016 - 00h31
uuuuuuuui a linmdinha da Célia Nadir Anselmi, deve ser uma sobrevivente do incêndio da BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA… é sabedoria pura! to saindo FORA!!
Floriano Oliveira
19/01/2016 - 02h49
Célia, primeiro lê a entrevista.
Murillo Paiva
19/01/2016 - 03h28
Célia Nadir Anselmi Ingênua é você em aceitar tacitamente as mentiras da mídia golpista e preconceituosa.
Nonato Silva
19/01/2016 - 04h01
Célia Nadir Anselmi Dona Célia: revolte-se, também, com o governador de seu estado, pois quem trata professor daquele jeito, não é muito melhor que um terrorista.
Cezar Augusto Fernandes DE Araujo
19/01/2016 - 05h44
Célia Nadir Anselmi , voce é uma idiota midiatizada pela Globo, Folha, Estadão, Epóca. Se burrice pagasse imposto voce teria que ganhar o que a Globo soengou por 1 Milhão de anos e ainda ficaria devendo! Vai te catar, idiota útil.
Aline Fão
19/01/2016 - 13h05
Gerson Pompeu Boa!!!
Aline Fão
19/01/2016 - 13h06
Maite Pontes Lindo Aha!!! Bem assim!!
Célia Nadir Anselmi
19/01/2016 - 14h32
Oh! Quanto ódio!
Paulo S Sartorato
19/01/2016 - 14h49
Que solidariedade e senso de justiça vindo da heroina da nave mãe: BBB. (sic)
Sidnei Santos
19/01/2016 - 15h30
Você conseguiu seus 15 segundos de “fama”…
Moema Barreira Costa
18/01/2016 - 15h46
Mauricio Bellini….e saber que já foi pior, bemmmmm pior!
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 16h14
E porque foi pior não pode ser melhor?
Moema Barreira Costa
18/01/2016 - 16h16
Oxiiii….mas se jah FOI pior eh pq está melhorando
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 15h43
Tudo vai bem obrigado!
http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/01/17/sonhos-da-juventude-sao-destruidos-por-cortes-no-financiamento-estudantil.htm?cmpid=fb-uolnot
O Cafezinho
18/01/2016 - 15h51
Olha o gráfico do fies, explodiu durante o governo Dilma. Antes praticamente não existia. Repetir UOL como papagaio não leva a nada.
Márlon Silva
18/01/2016 - 16h05
Antes não tinha. Simples assim.
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 16h09
Antes não tinha…durante teve…e agora não tem! Ou seja….nadou-se e morreu-se na praia! E a culpa é de quem????? Já sei….da oposição! Kkkkkk
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 16h10
O Cafezinho mas estamos no Governo Dilma!!!!!!
O Cafezinho
18/01/2016 - 17h40
MOrreu na praia nada. Milhares de jovens se formaram.
Bruno Vieira Pacheco
18/01/2016 - 17h54
Tenho 2 amigos se formando e ainda usando o Fies, fora como disse, muitos já se formaram (e quando funcionava 100% ninguém elogiava).
Márlon Silva
18/01/2016 - 18h06
Ainda tem… rs Só diminuiu atualmente. Que coxinha besta!!!
Mauricio Bellini
18/01/2016 - 18h14
E porque diminuiu???? Será que não gastaram inconsequentemente?