por Fernando Brito, no Tijolaço
A contabilidade apresentada hoje pela Folha é de cair o queixo.
Os ladrões do dinheiro público incriminados na Lava Jato receberam um “descontão” nas penas graças ao apetite dos procuradores da República e o juiz Sérgio Moro de obter delações premiadas cada vez mais suculentas e que construam o caminho para chegar aonde desejam chegar.
As condenações de 13 delatores, que somavam 283 anos e 9 meses baixaram a meros 6 anos e 11 meses.
E, assim mesmo, para alguns “privilegiados”: Alberto Youssef, com 3 anos, Fernando Baiano Soares, um e Nestor Cerveró – que ainda está negociando melhores condições, um ano e meio. Os três ficaram com 80% das penas de reclusão em regime fechado que sobraram depois da “grande liquidação” das “Lojas Moro”.
Inaugurou-se um precedente terrível.
O advogado – e jurista respeitadíssimo – Antonio Carlos Mariz de Oliveira resume a indignação de pessoas de bem com o que está acontecendo:
“Dá-se uma credibilidade absoluta à palavra do delator, que na verdade está delatando pura e simplesmente para se ver livre de prisões”. “[O delator] Delata e fala o que as autoridades queiram que ele delate e fale”, afirma Mariz.
Pior é que, a prevalecer este absurdo, estará inaugurada uma nova forma de roubar o Estado e sair, praticamente impune: delate seu cúmplice ou algum outro dirigente público ou político que desagrade e sobre quem você possa colocar suspeitas ao gosto da mídia.
E sair livre, só com uma pulserinha no tornozelo, para gozar as mansões, lanchas e outros apetrechos que lhe sobraram, depois que você devolveu parte do roubo.
Aproveite, é por pouco tempo, porque alguém vai acabar acordando para isso e os tribunais, amedrontados pela ditadura pró-Moro que impera na mídia e vai por fim a esta festa imoral.