Fernando Morais quer doar seu acervo a Mariana

por Fernando Morais, em sua página no Facebook

Um singelo post com a foto da cidade de Mariana, onde nasci, rendeu tantas curtidas que me inspirou a compartilhar um projeto com o povo que frequenta o foicebook (sic).

Tenho tentado conseguir alguma instituição que se disponha a comprar a modesta casa em que nasci (foto abaixo) – que continua exatamente igual ao que era setenta anos atrás. Quero doar para a cidade minha biblioteca de cerca de quatro mil volumes, comprados um por um, ao longo das últimas décadas. Além dos livros, pretendo dar o mesmo destino a todo o acervo de documentos e entrevistas que acumulei em 50 anos de trabalho como jornalista, deputado, escritor e ativista político. As gravações de entrevistas que realizei para todos os meus livros (e dezenas de reportagens) estão lá. Há coisas interessantes, que vão desde os áudios de entrevistas com personalidades – entre outros, Luís Carlos Prestes, Fernando Collor, Fidel Castro, Yasser Arafat, Eric Hobsbawn… – até acervos históricos, como, por exemplo, três décadas de correspondência trocada entre Carlos Lacerda e seu advogado Fernando Veloso (doador do material). Há também uma coleção de algumas centenas de fotos jornalísticas.

Casa de Fernando Morais, em Mariana (MG)

O material compreende também um lote com cerca de mil cartas trocadas por mim no mesmo período com políticos, prêmios nobel e chefes de estado brasileiros e estrangeiros.

E tem, claro, muita coisa curiosa e sem valor, que eu chamo de “fetiches políticos” – como a placa original do carro dos pistoleiros da Rua Toneleros, o relógio de ouro que Muammar Kadafi me deu (com o rosto dele estampado no mostrador), uma caixa de charutos de prata portuguesa com uma dedicatória a mim, do comandante Fidel Castro, gravada na tampa, um taco de beisebol com um bilhete escrito nele pelo presidente Hugo Chávez…

Essa montanha de documentos, fotos, fitas, CDs, DVDs e cacarecos, ainda sem catalogação, está guardada num depósito aqui em São Paulo – cuidado que me custa um razoável dinheirinho mensal.

Se algum dia eu vier a faltar, como dizia o Roberto Marinho, não sei que destino terá esse material. Vou acabar doando isso para alguma instituição. Mas gostaria que esse material pudesse ficar em Mariana, na casa em que nasci, para ser digitalizado e disponibilizado num site para quem se interessar.

Para permanecer a salvo de mudanças políticas, a responsabilidade pela casa e pelo acervo não ficaria com nenhum órgão público, mas a cargo da academia Marianense de Letras – na qual ocupo a cadeira número 13, cujo primeiro titular foi o doutor Tancredo Neves.

Quanto custaria comprar a casa, adaptá-la e digitalizar o material? Não sei, mas é fácil calcular. Não é nenhuma fortuna. Alguém tem alguma ideia de como levantar essa grana? Alguém ganhou a mega-sena acumulada e está precisando comprar indulgências que lhes abram as portas do céu? Aceito sugestões inbox.

Por último, mas não menos importante: não estou pedindo nada, nem um tostão, por esse acervo. Estou doando.

Redação:
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.