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Análise Diária de Conjuntura – Manhã – 13/01/2016
O problema da Lava Jato são dois.
Um é o foco bizarro nas delações, transformadas em pantomina e conspiração, visto que os réus passaram a usar seus depoimentos para fazer o jogo sujo político de setores da PF, do Ministério Público e, sobretudo, da mídia.
O segundo é o vazamento indiscriminado de informações inclusive estratégicas, de conversas entre empresários e políticos.
Por trás deste último problema, emerge, por parte da imprensa, uma incomensurável hipocrisia, misturada a um farisaísmo jamais visto.[/s2If]
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Políticos falando sobre verba de campanha, onde já se viu?
Empresários falando ao telefone sobre doações a partidos e políticos, onde já se viu?
Empreiteiros reclamando da redução de verbas para obras em que estão envolvidos, onde já se viu?
A música de fundo é a criminalização de tudo.
A intenção é clara. Produzir um clima de crise política e linchamento, de maneira a pressionar o Judiciário a encontrar bodes expiatórios.
A Folha faz editorial hoje em que diz “não ter limites –como também tem sido sem limites a prática da corrupção no Brasil – o potencial de escândalos aberto pela Operação Lava Jato.”
E assim saímos do jornalismo para entrar na seara dos adjetivos hiperbólicos e dos rankings de botequim, segundo os quais a corrupção do Brasil não tem limites, é a maior do mundo, a maior da história, etc.
Os Estados Unidos destruíram o Iraque, um dos países mais desenvolvidos e mais liberais do oriente médio, com o objetivo de transferir alguns trilhões de dólares para os cofres dos fornecedores privados do Pentágono.
É uma corrupção que resultou na morte de milhões de pessoas e a desestabilização política de uma região onde vive uma população de mais de 500 milhões.
No Brasil do petrolão, a mídia e setores do Estado querem destruir o país porque meia dúzia de empreiteiras estariam, supostamente, coligadas num cartel para levar adiante a construção de usinas, pontes, transposições de rio, projetos de casas populares, refinarias, estradas, ferrovias, portos e aeroportos.
O que fazer, então?
Para setores do Estado totalmente descomprometidos com o desenvolvimento nacional, e para os quais o conceito de ética parece ser influenciado pelo espaço que um escândalo ocupa na primeira página, não há hesitação.
Destrua-se o Brasil. Paralise-se tudo. Transforme-se qualquer escândalo em conspiração política para derrubar o governo e inviabilizar Lula em 2018.
No Globo, Merval usa informações esparsas de uma delação para tentar requentar o assassinato de Celso Daniel, em Santo André. Afinal, o PT tem de ser, além de corrupto, um partido assassino…
Ainda no Globo, diz-se que haveria, na cúpula do governo Dilma, “desconforto” com o vazamento seletivo de dados. Pois é, mas não é só no Planalto, é no Brasil inteiro.
O escândalo revelado por Snowden, de que a NSA, serviço federal de inteligência do governo americano, praticaria uma espionagem de massa, no mundo inteiro, provocou um enorme “desconforto” global.
O Estado americano ficou furioso e o vazador, Edgar Snowden, precisa ficar isolado na Rússia, para não ser agredido ou mesmo assassinado pelos serviços secretos norte-americanos.
Aqui no Brasil, os vazamentos da Lava Jato mostram uma espionagem “legal” ou “ilegal” de fazer inveja a NSA, e são feitos livremente pelas autoridades. Conversas privadas de altos executivos, emails com informações estratégicas de importantes empresas brasileiras, tudo é liberado sem pudor para a imprensa.
Se o Brasil fosse a Coréia do Norte, ou estivesse lutando para se tornar uma Coréia do Norte, poderíamos até entender: funcionários ultracomunistas estariam vazando informações estratégicas sobre as grandes empresas privadas do país, com objetivo de destruí-las, em nome da revolução.
Mas aqui tudo parece acontecer às avessas. A própria imprensa neoliberal, de direita, parece trabalhar em prol da destruição do capital organizado, talvez porque suas ligações orgânicas não sejam mais, há muito tempo, com indústrias ou a construção civil, e sim com os fundos abutres, o rentismo – além do imperialismo, interessado em ver o Brasil imerso numa eterna crise política, para que, enfraquecido, não ouse pôr os interesses nacionais acima dos interesses maiores do capital internacional.
O objetivo dessa nova leva de vazamentos, intensificada a uma escala circense, e aliado à estratégia de um jornalismo econômico inteiramente apocalíptico, parece não ser outro: produzir crise, semear confusão, desprestigiar a política enquanto solução, para liberar a ação dos pescadores em águas turvas.
Maria de Conceição Tavares entendeu bem o recado. A maior crise é a desesperança. A estreiteza da agenda jornalística mostra bem isso. A grande mídia não é apenas hegemônica. É também homogênea. Os jornalões, impressos, radiofônicos e televisivos, trazem exatamente as mesmas chamadas, usam os mesmos argumentos. É porque pertencem aos mesmos donos, representantes de uma elite parasitária que estava com saudade da crise e da desgraça, momentos em que ela lucra muito mais do que em momentos de estabilidade. Lucra não com seus negócios na mídia, mas com suas apostas em juros altos, inflação e desemprego. Quanto mais os índices sociais pioram, mais aumentam as transferências de sangue do povo brasileiro para alguns poucos milhares de nababos proprietários de contas-investimento no Itaú Personalité.
Em que país do mundo, a função de procurador ou promotor de justiça é remunerada com salários tão altos que o seu titular consegue ficar rico em poucos anos? Diante desta situação, é natural, é inevitável que estes servidores se afastem completamente do sentimento popular e se tornem cúmplices da reação e adotem um discurso oportunista sobre a corrupção.
O debate sobre a corrupção serve para abafar o debate sobre aprofundamento da democracia, distribuição de renda, justiça social, esses temas que não interessam aos parasitas da economia brasileira, como são os barões da mídia, os especuladores, os banqueiros.
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