Na outra feita, dei umas porradas na resposta bem tosca que a assessoria de Edinho Silva, ministro da Secom, enviou para um jornalzinho do interior de São Paulo.
Minha virulência era contra a falta de visão de Edinho, do PT, e do governo, que não entendiam que os ataques não são contra Edinho, mas contra a eleição de Dilma Rousseff.
O artigo correspondia uma advertência. O problema não está em jornalzinho de Araraquara. É o golpe, estúpido!
São os argumentos do Golpe 2, a missão hondurenha, que a mídia tenta retomar, após o fracasso do Golpe 1, a aventura paraguaia.
Governo, Edinho, PT tem que usar melhor as armas oferecida pela língua portuguesa.
Tem de acreditar no poder da semiótica. Custa mais barato do que apertar a mão de Maluf, distribuir ministérios ou procurar doação de grande empreiteiro, e causa efeito notável na opinião pública.
Edinho voltou a se defender em seu blog. O texto melhorou um pouco, mas ainda está fraco. O título é péssimo e não tem ilustração – sim, tudo isso é essencial!
A batalha da comunicação é uma arte, e precisa ser respeitada enquanto arte.
O texto traz alguns bons argumentos, que são esses:
O vazamento da quebra do sigilo telefônico do executivo Leo Pinheiro é uma clara demonstração do enfraquecimento de um processo que deveria fortalecer as instituições que investigam, apuram denúncias e julgam a materialidade dos fatos.
Os vazamentos que seletivamente chegam à imprensa são referentes apenas às lideranças de um campo político. Apenas expõem diálogos com figuras públicas vinculadas ao governo.
Onde estão os diálogos com as lideranças de outros partidos, de outras forças políticas? Ou alguém acredita que o executivo de uma das maiores empresas do país era seletivo em suas relações, ou nas doações partidárias e eleitorais? Nem o mais ingênuo repórter consideraria essa hipótese.
Estes argumentos, porém, deveriam vir reforçados por links e imagens das doações das empresas citadas a outros partidos.
Edinho tem um trunfo: o comportamento injusto e seletivo de algumas autoridades, em conluio com a imprensa. Mas o texto cai no mesmo erro do anterior: entrar na onda da criminalização da política.
O que que tem que os vazamentos são usados na luta político-partidária? A imprensa é partidária e não esconde mais isso, vide o discurso de uma ex-presidente da ANJ, Judith Brito, dizendo que cabia aos jornais substituir a oposição, que andava debilitada.
Não há nada de intrinsicamente errado com a luta político-partidária conduzida pela imprensa, e sim com a mentira, com o desequilíbrio, a manipulação da informação.
Os leitores sabem que o Cafezinho está imerso na luta política, mas os argumentos aqui só tem impacto quando embebidos em informações confiáveis e em raciocínios sólidos.
Para lutar contra a manipulação, Edinho tem de investir em técnicas de engenharia reversa, para desmontar as narrativas mentirosas que a mídia, aos poucos, vai solidificando na opinião pública.
Já estão fazendo isso para preparar o golpe do TSE. O que o governo está fazendo para contrapôr?
A resposta de Edinho piora ao final, quando corta abruptamente o texto, que estava indo bem, e enxerta “respostas” do ministro em itens:
O ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirma que:
Daí o ministro diz que “admite ter recebido, quando deputado, em ocasiões de aniversários, pequenos presentes de empresários e lideranças da sociedade civil. O fato nunca significou ou implicou qualquer contrapartida que significasse atos ilícitos.”
Essa resposta é ingênua e desastrada. Obviamente não é assim que se faz. Deveria ter explicado de maneira mais objetiva: enquanto deputado, recebia pequenas lembranças de seus conhecidos: uma máquina de expresso, um livro, um DVD, etc.
É preciso dar materialidade às imagens, para fortalecer uma resposta desse tipo. Senão o leitor vai ficar achando que o ministro recebeu carros, jatinhos e iates de presente de aniversário, e chamou isso de “pequenos presentes”.
As lideranças do governo precisam acreditar mais, reitero, no poder das palavras. Precisam exigir assessorias de comunicação mais rápidas, mais assertivas e mais competentes.
E entender que o golpe hondurenho será jogado na mídia, na batalha da opinião pública. O ideal seria que Edinho levasse mais à sério suas respostas. Não basta publicar no blog, tem que entrar no twitter e responder a cada calúnia. Criar uma fanpage e ir pra luta. Fazer memes, vídeos, conversar com internautas. Enviar email para cada internauta. Entrar no Whatsapp.
Enfim, fazer o dever de casa, o feijão com arroz das batalhas da comunicação.
As acusações contra Edinho, repito, são o tempero do golpe da cassação via TSE, que a oposição parlamentar-midiática vai tratar como prioridade, agora que perdeu a batalha do impeachment.
Edinho não pode brincar em serviço.
Como tesoureiro da campanha de Dilma, ele é o alvo número 1 do golpe. A maneira pela qual irá responder a esses ataques determinará, portanto, o destino da nossa democracia.
Depois não adianta vir chorando contra o golpe.
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No blog do Edinho Silva.
JAN 07, 2016
Vazamentos seletivos são utilizados para luta político-partidária
Tenho defendido que investigações sejam conduzidas para que nenhuma dúvida reste sobre nenhuma suspeita. Não posso concordar, no entanto, com o método de vazamentos seletivos e fora de contexto, que alimenta a imprensa com o único objetivo de fomentar a luta política, de cunho partidário.
O vazamento da quebra do sigilo telefônico do executivo Leo Pinheiro é uma clara demonstração do enfraquecimento de um processo que deveria fortalecer as instituições que investigam, apuram denúncias e julgam a materialidade dos fatos.
Os vazamentos que seletivamente chegam à imprensa são referentes apenas às lideranças de um campo político. Apenas expõem diálogos com figuras públicas vinculadas ao governo.
Onde estão os diálogos com as lideranças de outros partidos, de outras forças políticas? Ou alguém acredita que o executivo de uma das maiores empresas do país era seletivo em suas relações, ou nas doações partidárias e eleitorais? Nem o mais ingênuo repórter consideraria essa hipótese.
Abaixo, reproduzo nota sobre os vazamentos seletivos que envolvem meu nome.
O ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirma que:
– Como deputado, sempre manteve relações políticas com empresários e que, entre eles, estava o executivo Leo Pinheiro. Todas essas relações se deram de forma transparente e dentro da legalidade. É impossível alguém que ocupe cargo público deixe de dialogar com representantes da sociedade civil, inclusive empresários.
– Por diversas vezes, esteve com Léo Pinheiro, tratando de temas legislativos, relacionados à sua função política, e de temas relacionados a doações legais.
– Admite ter recebido, quando deputado, em ocasiões de aniversários, pequenos presentes de empresários e lideranças da sociedade civil. O fato nunca significou ou implicou qualquer contrapartida que significasse atos ilícitos.
– Afirma que todas as doações para a campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2014, foram efetuadas dentro da legalidade. As contas de campanha foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral.