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Análise Diária de Conjuntura – Tarde – 06/01/2016
Em Souvenirs, suas memórias sobre a revolução de 1848, que derrubou, dessa vez para sempre, a monarquia francesa e reinstituiu a república, Tocqueville fala sobre um grupo de deputados da oposição que resolveram rodar o país organizando comícios populares para defender reformas eleitorais e políticas.
Tocqueville diz que não quis se juntar às iniciativas porque viu logo o perigo que elas representavam. Os deputados estavam criando uma agitação que não poderiam controlar. Os temores do pensador seriam rapidamente confirmados, pelos próprios deputados de oposição, que ficaram assustados com a mobilização popular suscitada pelos encontros que eles mesmos haviam organizado.
A mesma coisa vale para a oposição de hoje. A Globo já está ficando com medo, porque sabe que o clima de enfrentamento acaba se voltando, à esquerda e à direita, contra ela: é o preço de estar no centro de um oligopólio, de ser um elemento de poder ainda mais visível do que o PT. O PT governa porque foi eleito, e nem sempre governou, e nem sempre governará. A Globo tira seu poder de um passado sombrio, de apoio a uma ditadura, e há 40 ou 50 anos que “governa” o país, dominando a sua agenda política.
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Não dá para comparar o Brasil com Venezuela ou Argentina, porque os governos petistas não criaram narrativas politizadoras.
Ilimar Franco (foto), principal colunista político do jornal O Globo – sobretudo após a degeneração de Merval Pereira, convertido num vulgar e radicalizado polemista de oposição -, abre seu texto de hoje com nota onde não se esconde o medo dos conflitos:
A guerra nas ruas?
A oposição e aliados do governo preparam manifestações para o mês de março. Uns querem colocar fogo no circo. Outros, colocar água na fervura. Por isso, entre os políticos já há quem tema um confronto, acima do tom normal, entre as torcidas. Argumentam que os conflitos corriqueiros entre pessoas físicas, que se repetem ao longo desses meses, podem descambar para confrontos coletivos.
Em entrevista para a Rede Brasil Atual, o presidente da CUT, Vagner Freitas, já avisou que a central vai investir pesado em mobilizações de rua, tanto para pressionar o governo a não ceder às chantagens do mercado, quanto para demonstrar força contra tentativas de golpe por parte de setores da direita política.
Os movimentos sociais, incluindo as centrais, parecem ter encontrado um ponto-de-equilíbrio na relação entre si e na relação com o governo. Elas defendem a permanência do governo, criticam o conservadorismo, rechaçam o golpe, e reinvindicam avanços na política econômica.
Ironicamente, esse ponto-de-equilíbrio, coisa tremendamente difícil no campo da esquerda, foi atingido por causa dos excessos da direita: manifestações em defesa de intervenção militar, de impeachment, cartazes desejando morte de adversários, histerias irracionais contra a esquerda e mesmo contra a cor vermelha, e, por fim, pela existência da figura de Eduardo Cunha, que é uma invenção da ala golpista do PMDB, do PSDB e da Globo.
Nesta sexta-feira, haverá manifestações contra o aumento dos transportes. Aí teremos um elemento surpresa, porque são protestos chamados por grupos não alinhados nem ao governo nem à oposição. Só que dificilmente haverá repetição de 2013, quando aconteceu a junção de todos os grupos: esquerda, direita e desorganizados, contando até mesmo com o apoio da grande mídia, durante um período.
Desta vez, a mídia terá dificuldade de manipular os manifestantes, porque estes agora estão mais conscientes dessa armadilha, vide a campanha da Globo em prol da criminalização dos protestos de 2013, quando estes começaram a fugir ao controle da narrativa platinada e começaram a tomar feições um pouco mais organizadas, sociais e trabalhistas.
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