Santayana: só não vê quem não quer

por Fernando Britto, no Tijolaço

Mauro Santayana, que vem de longe e enxerga longe nos seus 60 anos de jornalismo, dá o recado: é bom o tucanato colocar as barbas de molho, porque o mais de ano de histeria que promoveram, como se viu nas pesquisas, não lhes deu a condição de franco favorito em 2016.  A transferência da política para os tribunais e da sua argumentação para o poder dos procuradores e dos delegados de polícia pode fazer o que não era ainda possível – pelo personagem e pelo ainda restrito processo de politização do STF – com Joaquim Barbosa.

Moro não é dado a chiliques como Barbosa. É silencioso, obstinado e traça planos de longo prazo, como se vê em seu sonho cultivado por mais de uma década e expresso em artigos muito detalhados – de repetir no Brasil a Operação Manu Puliti italiana. Tem o poder incontestável, até agora, e é só querer para que lhe surjam as bases para uma aventura eleitoral.

Mídia não faltará.

A oposição e os “salvadores da pátria”

por Mauro Santayana

As divulgação de “acusações” de delatores “premiados” contra os senadores Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Fernando Collor e Aécio Neves vêm corroborar o que afirmamos recentemente em O impeachment, a antipolítica e a judicialização do Estado

A criminalização da política, na tentativa e na pressa de retirar o PT do Palácio do Planalto por outros meios que não os eleitorais, iria descambar para a condenação, paulatina, geral e irrestrita, da atividade como um todo.

Esse é um processo que parece estar focado, além de, principalmente, no PT, também nos partidos ou candidatos que possam fazer sombra, no campo adversário ao do governo, ao projeto messiânico de um “novo Brasil” que está sendo engendrado à sombra da ambição e do deslumbramento das forças surgidas da “guerra contra a corrupção” e da “Operação Lava-Jato”.

A entrevista da semana passada, com o procurador Deltan Dalagnoll, na primeira página do Correio Braziliense  e a capa da retrospectiva de Veja, com a cara fechada do Juiz Sérgio Moro, com o título de “Ele salvou o ano” (a segunda, se não nos enganamos) que – será por mera coincidência? – lembra a capa da mesma revista com o rosto de Fernando Collor, com o título de “O caçador de Marajás”, publicada muito antes de ele anunciar-se candidato a presidente da República – são emblemáticas do que pode vir a ocorrer – do ponto de vista midiático – nos próximos três anos.

Só os cegos, os surdos, ou os ingênuos, não estão entendendo para que lado começa a soprar – quase como brisa – o vento – ou melhor, para tocar que tipo de música está começando a se preparar a banda.

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