Entrei no Twitter e me deparei com uma micropostagem do ministro Edinho Silva, titular da Secom.
Clico no link e descubro que Edinho tem um blog, bem tosquinho, no qual rebate acusações feitas em reportagem publicada no jornal O Imparcial, de Araraquara.
Vejo que Edinho é de Araraquara. Lá tem sua base eleitoral, por isso a pronta resposta.
Só que a resposta é pavorosamente mal escrita, na sintaxe e no raciocínio, e deixa entrever porque o governo possui uma comunicação tão ruim.
O fato da denúncia vir de um site “conhecido publicamente por ser instrumento militante contrário ao governo” não é argumento válido, porque quase toda a mídia brasileira, nos últimos tempos, tem agido da mesma forma.
Que que tem que é um site de oposição?
Claro que é, ou Edinho Silva esperava ser denunciado pelo site Amigos do Presidente Lula?
Para rebater uma acusação, é preciso ir ao mérito das questão, revolver suas contradições, enfrentar objetivamente, sem muitos adjetivos, a origem das mentiras.
A denúncia em questão, de que Edinho Silva, então tesoureiro da campanha de Dilma, abordou um empresário dizendo que, se ele não doasse, sofreria “represálias”, é ridícula.
Se esta delação aconteceu, é obviamente uma tentativa desesperada de um delator para sair da cadeia.
É ridícula porque parte do pressuposto que tanto os emissários do governo quanto o empresário contatado sabiam que Dilma iria ganhar a eleição.
Entretanto, por mais ridícula que seja, essa acusação é uma das principais peças da nova narrativa da oposição, para esquentar as denúncias do PSDB junto ao TSE, e usar a Lava Jato como base para cassar a candidatura de Dilma Rousseff.
O que me espanta é que, apesar deste ser o principal campo de batalha da democracia no momento, ele seja tratado com tamanha displicência por Edinho Silva, PT e governo.
Com o impeachment praticamente morto, em virtude da decisão do STF de cortar as asinhas de Cunha, toda a artilharia de oposição e mídia se voltará para o TSE.
Governo e PT, mais uma vez, deixarão a mídia manipular livremente a opinião pública, sem uma estratégia de contra-informação?
Será que não entendem que é preciso responder à opinião pública, e que isso é perfeitamente democrático, porque é aí que a batalha é decidida?
Ministros de tribunais superiores, seja TSE, STJ ou STF, só conseguem enfrentar a mídia quando sentem respaldo na opinião pública.
Para isso é preciso fazer vídeos, animações, aplicativos, textos longos, textos breves, desenhos, músicas, memes, etc!
A quantidade de infográficos que Folha, Globo, Veja, Estadão produziram para explicar o mensalão e a Lava Jato é impressionante.
Nunca fizeram nada para explicar o trensalão, nem a sonegação, claro!
O site de que fala a assessoria do ministro (ele não cita, mas obviamente é o Antagonista) é o principal blog da oposição, que vem recebendo enormes investimentos para ampliar sua penetração.
A resposta aos ataques tem de ser feita com verve, criatividade, inteligência – e sentido de urgência.
O tom da resposta da assessoria de Edinho Silva é péssimo. Parece uma resposta de um esquerdista de 15 anos, que começou a escrever semana passada.
Uma denúncia deste tipo tinha que ser respondida com muito mais elegância, incluindo um depoimento em vídeo do próprio ministro. Não é a reputação dele que está em jogo, mas o destino da república.
É sintomático, ainda, o provincianismo do ministro: enquanto a acusação está na internet, atingindo milhões de pessoas, destruindo a sua reputação e ameaçando a escolha de 54 milhões de eleitores, Edinho Silva não fala nada. É preciso a acusação sair num jornalzinho obscuro de uma cidade do interior para que Edinho se decida a responder.
Este é o titular da Secom do governo Dilma, um governo que acabou com o único canal de comunicação direto entre a presidenta e o público, o Café com a Presidenta, e não o substituiu por nada. Resultado: a aprovação de Dilma, logo após o fim das eleições, iniciou um processo de queda livre, estimulando o golpismo e gerando movimentos de desestabilização política.
Quando o PT aprenderá a importância da comunicação?
Quando o PT aprenderá que uma comunicação mal feita gera instabilidade política, que por sua vez produz crise, desemprego, ou seja, prejudica a classe trabalhadora, os empresários, toda a economia brasileira?
Pior: uma comunicação mal feita estimula corrupção, porque os corruptos não sobrevivem a um ambiente de esclarecimento e luz.
A falta de comunicação traz uma enorme insegurança para a liberdade física de cidadãos e empresários, ficando todos vulneráveis ao discurso único da mídia, que por sua vez é usado para legitimar processos judiciais arbitrários.
Ao final do texto, fala-se que “a verdade vencerá”, um clichê idiota, com ressonâncias desesperadas, que qualquer mentiroso poderia usar.
Quando todos os caciques do PT estiverem presos, a maior parte sem provas, talvez suas lideranças façam um workshop de comunicação no presídio…
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DEC 29, 2015
Nota ao jornal O Imparcial
Reproduzo aqui a nota enviada ao jornal “O Imparcial” de Araraquara desmentindo publicação sobre a campanha à reeleição da presidenta Dilma. O jornal menciona suposta delação premiada de um executivo de empresa investigada nas denúncias envolvendo a Petrobras.
A informação, primariamente reproduzida pelo jornal, é de um site conhecido publicamente por ser instrumento militante contrário ao governo. Também conhecido por ser vinculado às forças políticas de oposição. Portanto, sem nenhuma credibilidade jornalística.
É inacreditável o nível de manipulação da informação que estamos vivenciando. Tudo que é referente à campanha de Dilma é colocado sob suspeita. Os mesmos meios legais utilizados por outras candidaturas, se quer, são questionados. A agressão à verdade só enfraquece a democracia e só acirra os ânimos já tão exaltados nessa época de intolerâncias.
Fica aqui a crença nas instituições brasileiras. A verdade vencerá.
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Nota ao jornal O Imparcial
A assessoria de imprensa do ministro da Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, refuta com veemência a publicação deste jornal, na edição desta terça-feira, dia 29 de dezembro de 2015, quando inverdades são ditas sobre a campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Primeiro, chega às raias do ridículo tal afirmação de achaque sobre as contribuições eleitorais da campanha da presidenta.
A campanha Dilma 2014 recebeu contribuições eleitorais da mencionada empresa assim como outras campanhas também receberam. Por que só as doações para a campanha Dilma são objeto de achaque? Pergunta básica do jornalismo ético.
Nunca se manipulou tanto na mídia com objetivos meramente politiqueiros. Ao contrário da descabida afirmação, a campanha Dilma arrecadou de forma legal e ética, tanto que suas contas foram aprovadas por unanimidade pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Deveria o jornal, que publica essa descabida mentira, identificar a fonte de sua informação. Desta forma, o leitor saberia que se trata de um site na web ideologicamente militante contra o governo e com ligações políticas com as forças de oposição.
Esperamos a publicação desta nota por parte do jornal garantindo, assim, o legal direito de resposta.
Assessoria de Imprensa do ministro Edinho Silva