por Mário Magalhães, no Blog do Mário Magalhães
Pra começo de conversa, não custa dizer que chiliques e ofensas contra políticos em restaurantes, mais ainda se eles se acompanham de suas famílias, e sobretudo se entre elas há crianças e adolescentes, constituem uma tremenda covardia.
O agressor verbal, por mais mentecapto que seja, sabe que o ofendido tende a não reagir, para evitar escândalo maior que a baixaria canalha.
Esse tipo de humilhação ignóbil lembra cenas da Alemanha dos anos 1930, se é que me entendem.
Dito isso, palmas para quem, não indo com a cara de Eduardo Cunha, ficou na sua quando o deputado entrou para almoçar com a família domingo no Margutta, em Ipanema, quase Leblon.
Há muitas maneiras de protestar contra o deputado, sem constrangê-lo diante dos filhos.
O curioso é que um comensal levantou-se, dirigiu-se à mesa do presidente da Câmara e o reverenciou: “Obrigado pelo que o senhor vem fazendo pelo Brasil”.
Direito do fã, cada um na sua. Triste era o tempo em que quem manifestava opinião podia acabar no pau-de-arara ou sumido para sempre.
A propósito, enquanto Cunha festejava o aniversário de uma filha, rolavam país afora atos públicos pedindo o impeachment de Dilma Rousseff.
As informações sobre o almoço dominical são da coluna “Gente Boa”, como se lê aqui.
Ficamos com o retrato em preto e branco do Brasil.
Num restaurante, um cidadão aplaude os feitos de Eduardo Cunha.
Noutro, hostilizaram o ex-ministro Alexandre Padilha (veja o vídeo).
O motivo? Padilha ter implementado um programa que levou médicos a dezenas de milhões de pobres e miseráveis sem assistência de saúde.
Também chamaram Padilha, sem prova ou indício, de “ladrão” (aqui).
Cunha, por sorte e civilidade, foi poupado.
Nota gastronômica: o Margutta foi um ótimo restaurante, especialmente em frutos do mar. Depois, decaiu demais. Até aí fui testemunha. Dizem que deu a volta por cima.