do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro
O Sindicato vai informar ao Ministério Público do Trabalho denúncias recebidas esta semana de que o jornal ‘O Globo’ estaria assediando os jornalistas em busca de apoio para um abaixo-assinado que pede a conclusão das negociações salariais de 2015 com reajuste abaixo da inflação e piso inferior ao da lei estadual.
À revelia da maioria dos jornalistas da redação, o documento que a empresa quer que os jornalistas assinem pede que a convenção coletiva do segmento de jornais e revistas seja firmada com reajuste salarial de 7% – abaixo dos 7,13% aferidos pelo INPC em fevereiro deste ano, mês da data-base da categoria.
O abaixo-assinado de ‘O Globo’ sugere ainda um piso de R$ 2.700 para jornadas de cinco horas com duas extras. A lei estadual 6.983/2015 prevê, porém, R$ 2.432,72 para jornadas de cinco horas. Pela proposta patronal, o valor da jornada legal de cinco horas seria de R$ 1.928,58 – 20% abaixo do estabelecido pela lei em vigor.
O Ministério Público do Trabalho já investiga hoje práticas antissindicais no setor de radiodifusão, como obrigar funcionários a assinar documentos contra direitos conquistados pelos trabalhadores e contra o Sindicato. A expectativa agora é que as denúncias em ‘O Globo’ direcionem as investigações também para o segmento de jornais e revistas.
Além de coagir os jornalistas a assinar um documento que reduz direitos de toda a categoria, ‘O Globo’ realiza este mês o terceiro ‘passaralho’ do ano. Dezenas de profissionais foram demitidos, principalmente nas redações dos jornais ‘O Globo’ e ‘Extra’. O Sindicato recebeu denúncias de irregularidades e de assédio moral nos três grandes processos de demissão feitos pela empresa.
As negociações salariais dos jornalistas de jornais e revistas andam a passos lentos por conta de impasses do sindicato patronal, que se recusa em cumprir a lei estadual que garante o piso salarial dos jornalistas do Estado do Rio de Janeiro. A Infoglobo, inclusive, é alvo de ação movida pelo Sindicato por descumprimento da lei. A primeira audiência está marcada para abril de 2016 na 40ª Vara do Trabalho.