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Análise Diária de Conjuntura – 11/12/2015
As novidades do dia:
1) a Lava Jato prende o presidente da OAS e mais vários executivos, dando praticamente um golpe fatal numa das maiores empresas de engenharia do mundo. A tática é a mesma: prender, depois investigar.
2) Reitores de 41 universidades entregam carta ao ministro Ricardo Berzoini, da secretaria de governo, contra o impeachment. Coxinhas nas redes contra-atacam dizendo que os reitores foram “indicados” pelo governo, desconhecendo que os reitores são eleitos por professores e servidores das próprias universidades, em eleições disputadíssimas.
3) Em Porto Alegre, houve um ato importante contra o impeachment, com a presença do prefeito da cidade, do PDT, José Fortunati, a ex-candidata presidencial do PSOL, Luciana Genro, Olívio Dutra e Tarso Genro, ex-governadores do Rio Grando Sul, do PT, e Manuela D’Ávila, deputada estadual, do PCdoB. Foi um ato importante por unir forças políticas que, em outros momentos, divergem duramente entre si. Fortunati revelou ainda que articula com Eduardo Paes, prefeito do Rio, uma frente de prefeitos de capitais contra o impeachment.[/s2If]
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4) O PMDB segue cada vez mais polarizado entre a turma do impeachment e os adeptos da legalidade. Renan Calheiros deu uma declaração hoje que deve ter provocado desânimo nos golpistas: afirmou que o Senado não precisa seguir o mesmo rito da Câmara, numa sinalização clara de que ele, ao contrário de Cunha, que está manipulando descaradamente o regimento em prol do golpe, irá fazer de tudo para derrubar o impeachment no Senado. Dilma apenas seria afastada se, após dois terços da câmara votarem pelo impeachment, a medida for aceita no Senado. Renan disse que o Senado pode não aceitar.
5) A disputa pela liderança no PMDB tornou-se sangrenta. Os grupos que apoiam Leonardo Picciani não engoliram a derrota para Leonardo Quintão. O PMDB pró-Picciani é forte: tem Renan Calheiros, Sarney, Pezão, Eduardo Paes. O grupo pró-Quintão não tem tanta força; agarra-se antes à Eduardo Cunha e ao traíra Michel Temer, desmoralizado pelas redes, e dependente de um golpe cirúrgico que remova apenas a presidente, mas que o preserve. A mosca azul parece ter envenenado Temer até os ossos. O Cafezinho obteve informação que Quintão pode tomar uma rasteira em seu próprio estado, Minas Gerais, que é governado pelo petista Fernando Pimentel, e onde o PMDB local está desenvolvendo alguns fortes vínculos com o governo estadual.
6) A presidente da UNE, Carina Vitral, publicou hoje um artigo muito duro contra o impeachment. É de se temer (sem trocadilho) a irresponsabilidade suprema dos golpistas, ao forçarem o Brasil num caminho perigosíssimo, já que um governo não-eleito não teria legitimidade, e, portanto, não seria respeitado. O que farão os golpistas, usarão a violência?
7) Fernando Henrique Cardoso e a cúpula do PSDB fecharam hoje apoio ao impeachment, abraçando de vez um golpismo com o qual vinham namorando desde a derrota para Dilma em outubro de 2014. A história cobrará caro essa traição à democracia.
8) Movimentos sociais unificaram o discurso na luta contra o golpe. Às principais centrais, como CUT e CTB, juntou-se a Intersindical, que um perfil mais de oposição à esquerda, mas que agora também marchará contra o impeachment. Os movimentos por moradia e terra também participarão. As marchas contra o golpe foram marcadas para o dia 16. Nesse mesmo dia, também será entregue um manifesto com a assinatura de quase 500 celebridades, como escritores, atores, intelectuais, músicos, artistas em geral, ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski e ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e à presidenta da república, Dilma Rousseff.
9) Enquanto isso, o ex-presidente Lula segue fazendo sua excursão pela Europa, denunciando o golpe de Estado que se arma no Brasil contra a presidenta. Depois de passar pela Alemanha, onde foi convidado de honra de um dos mais importantes eventos políticos internacionais, o encontro de partidos progressista, Lula encontro-se com o presidente do parlamentou europeu, com o Rei da Espanha, e participou de um debate com Fernando Gonzales, organizado pelo El País. Lula se mantém confiante que a economia brasileira ainda enfrentará seis meses de dificuldades, mas se recuperará em seguida. Quanto à crise política, ele acabou fazendo algumas críticas sutis ao governo Dilma, sobretudo à falta de jeito com que tentou impor um programa de ajuste fiscal, sem negociar com a sua base social, o que provocou violenta queda de aprovação, o que acabou por assanhar o movimento golpista.
10) A Polícia Federal intimou o ex-presidente Lula a depor sobre a Operação Zelotes. É incrível como o governo federal perdeu controle sobre a PF, que se tornou um aparelho político de oposição. A acusação contra Lula é baseada em matéria de jornais. A Zelotes, ao invés de perseguir os grandes sonegadores, já devidamente citados na primeira etapa da operação, ganhou um viés político-partidário, tentando disputar os holofotes da Lava Jato, desviando o foco para o filho de Lula e Lula.
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