O compositor Alceu Valença, nome sagrado da MPB, e que sempre defendeu posições progressistas no campo da política e dos costumes, deu sua opinião sobre a complexa e perigosa conjuntura que o país enfrenta.
Alceu defende uma reforma política, através de votação numa assembléia constituinte exclusiva, que era a ideia de Dilma, e das alas mais progressistas que debatiam o tema.
Ele critica a influência do dinheiro sobre as campanhas políticas, o que, segundo ele, tiram a “legitimidade do processo democrático”.
Não pode haver posição mais anti-Cunha do que a de Alceu, visto que o deputado acabou por levar adiante uma contra-reforma política, onde procurou fazer a legislação eleitoral se tornar ainda mais reacionária e mais dependente do dinheiro do que é hoje.
Por fim, Alceu alerta para os riscos de um impeachment, explicando que a “reestruturação da nossa economia não passa necessariamente por um processo de impugnação de mandato, cujos fundamentos são questionáveis e o procedimento penoso.”
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Depoimento de Alceu Valença, em seu Facebook:
“Estamos vivendo tempos nebulosos, fantasmagóricos, onde a ética e o respeito às opiniões contrárias foram relegados a último plano. A política virou a arte da traição. As alianças são feitas a partir de interesses os mais mesquinhos e sem qualquer pudor.
Há anos, venho afirmando que campanhas promovidas com dinheiro de empresas privadas iriam acabar por tirar a legitimidade do processo democrático.
É preciso dar descarga nos dejetos da privada. Doações de milhões? Aliados que não têm nada em comum, a não ser o projeto de poder? Um Congresso que não congrega, que não agrega, me deixa preocupado.
A política para mim era a arte do possível, do diálogo, da procura de soluções. Hoje virou torcida de futebol. Juiz ladrão! Falta! Cartão vermelho! Impedimento!!!
Enquanto isso vamos nos afogando num Vale de lama. Gritos histéricos nos bares, nas salas e nas redes, discussões descabidas. O Brasil não tem saída se não houver uma reforma política votada por uma Assembleia Constituinte exclusiva. As guerras partidárias não podem inviabilzar uma Nação.
O país se encontra parado, no caos.
A reestruturação da nossa economia não passa necessariamente por um processo de impugnação de mandato, cujos fundamentos são questionáveis e o procedimento penoso.
Eu ainda acredito que há representantes públicos dignos de seus encargos e conscientes do espíríto democrático. O oportunismo não engolirá a República.
Dura lex, sed lex, aprendi na Faculdade de Direito de Pernambuco.”