No site da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP).
Nota em resposta a Reinaldo Azevedo
A Associação Brasileira de Ciência Política teve a sua nota publicada em 3 de dezembro – uma nota que demonstra preocupação e perplexidade com os desdobramentos da democracia brasileira – achincalhada pelo blogueiro Reinaldo Azevedo. Este foi capaz, apesar das poucas linhas que escreveu, de demonstrar a sua mais completa ignorância na área. Ele confunde aquilo que não é possível confundir: a mera opinião desinformada ou mal formada que ele pratica com a discussão criteriosa julgada pelos pares e o conhecimento científico publicado no Brasil e no exterior que ele confessa não ter a menor ideia do que seja.
Vale a pena responder a algumas das suas considerações. Em primeiro lugar, o blogueiro mostra a sua mais absoluta ignorância em relação à organização do conhecimento científico. A sua ideia de que se produz ciência individualmente revela o desconhecimento sobre o processo de produção científica em todas as áreas.
O blogueiro se pergunta candidamente: “a propósito: por que um cientista político precisa pertencer a uma corporação de ofício?”. Associações acadêmicas são a forma por excelência da produção do conhecimento científico. A Associação Americana de Ciência Política tem mais de 100 anos. A Francesa e a Britânica quase 70 anos. A ABCP tem 30 anos. Congrega 892 associados e 16 áreas temáticas, já organizou 9 encontros desde 1996, edita e publica, desde 2007, a Brazilian Political Science Review. Todos os anos ou de dois em dois anos as associações científicas sérias realizam encontros e uma grande parte dos bons artigos da ciência política brasileira e internacional tem surgido a partir daí. Nesses últimos 30 anos, a ABCP tem cumprido seu principal papel institucional: contribuir com a reflexão sobre a construção democrática e sua defesa.
Em segundo lugar, em relação à avaliação dos indivíduos membros da Associação, é claro que não cabe aqui expor o curriculum de cada um dos associados da ABCP. Mas vale a pena mencionar que os membros da diretoria da ABCP publicam em algumas das melhores editoras universitárias do mundo, como Princeton, Oxford e Johns Hopkins. Que um dos seus membros ganhou o prêmio de melhor livro do ano da Associação Americana de Ciência Política no ano passado, que alguns são membros de conselhos de fundações internacionais importantes e que um deles já trabalhou na Unesco em Paris. Quase todos tiveram os seus doutorados obtidos nas melhores universidades do mundo e muitos foram professores visitantes nos Estados Unidos, em Portugal, na França, no Reino Unido e no México. Claro que nada disso interessa ao blogueiro que acha que apenas ouvir falar de alguém constitui critério de legitimação de sua relevância.
Por meio desta nota, a ABCP vem reafirmar sua convicção da importância de realizar um debate sério de ideias em torno da proposta do impeachment que pode colocar em xeque a estabilidade das instituições democráticas no país. Explicar para o país de forma serena os riscos para a estabilidade democrática de um processo de impeachment movido por interesses pessoais de um político acusado de corrupção é de central importância.
Hell Back
09/12/2015 - 01h01
Esse sujeito é um convencido e pensa que é onisciente.