Na noite da última segunda-feira, 30, uma reportagem no Estadão informou que a editora Cosac Naify vai encerrar as atividades.
A notícia foi um golpe em cheio para os amantes de literatura e dos ótimos livros que a editora publicou em quase 19 anos de história.
Charles Cosac, fundador da editora, comentou para o jornal que a atitude tem a ver com as poucas vendas e cancelamento de alguns lançamentos.
Tal fato traz à tona o tão acalorado debate sobre o mercado editorial.
Vivemos um momento de transição e, por isso, fica difícil entender muito bem o que está acontecendo, apesar de milhares de estimativas.
Os profissionais da área estão perdidos. Alguns garantem que a mídia impressa vai acabar. Outros, nostálgicos, acham que nada vai superar o sujar dos dedos com a tinta preta e o delicioso cheiro de livro velho.
Uma pesquisa feita pela Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, divulgada em junho deste ano, apontou que as editoras diminuíram em 9% o número de livros lançados em 2014.
Contudo, nas primeiras vinte semanas deste ano, as vendas aumentaram 6%. (É verdade que este aumento se deu, principalmente, por causa da onda dos livros de colorir).
Além disso, a venda de livros digitais aumentou, mas ainda não representa nem 1% do mercado de livros impressos.
Faz sentido? Principalmente num momento em que alguns acreditam piamente no fim do papel?
A história está aí para provar que novas mídias não substituem as outras. Todas acabam vivendo uma relação de coexistência. Umas mais fortes, sim.
É claro que nos últimos anos, muitos escritores e editoras estão correndo para acompanhar as mudanças rápidas que estão acontecendo no mundo digital.
O historiador norte-americano Robert Darnton tem um livro obrigatório para quem se interessa por este debate.
Trata-se do “A questão dos livros: passado, presente e futuro”, lançado pela Companhia das Letras em 2010. Para ele, a ideia de que o livro vai acabar é completamente absurda.
No livro ele diz que cabe às editoras perceberem como fazer parte de um mercado em transição.
Há aqueles escritores que optam por escrever livros ágeis para fisgar o leitor apressado que tem tempo de ler um livro apenas no ônibus, na sala de espera do médico e naqueles poucos minutos antes de dormir. E há aqueles que optam por lançar livros independentes, sem precisar passar pelo crivo de uma editora.
Há as editoras que apostam no mercado infanto-juvenil. São aqueles livros que não ganham prêmios, mas arrastam uma legião de fãs adolescentes – e, mais importante, compradores.
Apostam em encontros com escritores de renomes e em eventos interativos com leitores.
Porém, é exatamente o que Charles Cosac não quis.
Deturpar a ideia original do projeto só para se adequar ao mercado. Preferiu encerrar a editora antes que o mercado encerrasse com ela.
E fez bem, porque deixa intacto o legado de ter feito impecáveis livros de altíssima qualidade e de relembrar grandes nomes da literatura que, até então, estavam esquecidos.
Por outro lado, a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil que foi feita pelo Ibope para o Instituto Pró-Livro em 2012 mostrou um cenário triste.
A pesquisa perguntou: “Por que você lê menos hoje do que lia antes?”.
Independente da polêmica envolvendo novas mídias, a verdade é que o brasileiro não lê porque não tem tempo.
Seja livro digital ou impresso. Simples assim, não há tempo. E, mais trágico, 14% responderam que não gostam de ler.
Isso significa que o Brasil não é um país de leitores, infelizmente.
Trouxe 5 clássicos da literatura lançados pela editora Cosac Naify e que você deveria ter na sua estante.
Decameron, Giovanni Boccaccio
Em 2014 este livro foi eleito pelo prêmio Jabuti como o melhor projeto gráfico.
E é, de fato, uma edição de colecionador.
As gravuras e ilustrações deixam este relato literário do século 14 ainda mais intrigante.
Moby Dick – Herman Melville
O livro conta com 15 ilustrações incríveis.
O texto foi traduzido por Irene Hirsch e Alexandre Barbosa.
A edição acompanha curiosidades sobre o autor.
Contos Completos – Liev Tolstói
Esta coleção inclui três livros com contos do escritor russo Liev Tolstói, alguns inéditos.
As histórias falam sobre personagens comuns de uma Russa em transformação.
A festa de Babette – Karen Blixen
O conto da escritora dinamarquesa foi imortalizado pelo filme dirigido por Gabriel Axel.
Narra a história de Babette que, após ganhar na loteria, decide fazer um banquete para a comunidade da cidadezinha onde mora.
Macbeth – William Shakespeare
Esta edição foi traduzida por Manuel Bandeira.
É um livro com um projeto gráfico impecável que todo colecionador deveria ter.
Edson Luiz Raminelli
04/12/2015 - 20h25
Ptz, não foi a Abril? Que pena…
Roger Gilmour
04/12/2015 - 03h55
Roger Gilmour
04/12/2015 - 03h55
Em breve, livros serão objetos expostos em museus.
Karla Viana
04/12/2015 - 03h51
O códex é insuperável. O que o livro precisa no Brasil é de leitores. Somos uma sociedade não letrada. Muito poucos leem, muitos e muitos são analfabetos funcionais e há os que odeiam não só ler, mas que odeiam os que leem. O Códex é a melhor maneira de ler, perfeito e insuperável.