Ao que parece, a decisão de Cunha foi um ato isolado. Ele não combinou sequer com as lideranças de seu próprio partido.
Se a cúpula do PMDB estivesse interessada no impeachment, jamais o líder da bancada na Câmara, que é onde o processo será votado, se manifestaria tão rapidamente, e de maneira tão contundente contra o impeachment.
Leonardo Picciani é um rapaz novo, mas já é um político experiente, até por vir de uma família de veteranos da política.
Não é de esquerda e não é amigo do PT.
A sua fala, porém, é forte indício de que o PMDB não vai embarcar na canoa furada de Eduardo Cunha.
Repare o que diz Picciani: “Não vejo motivo jurídico para isso”.
Ponto final.
Claro que agora, mais que nunca, tudo dependerá da mobilização da sociedade.
A direita está forte, mas a esquerda, diante de um desafio dessa magnitude, também pode surpreender.
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Acaba de sair no Valor.
Foi equívoco aceitar impeachment, diz líder do PMDB na Câmara
Por Raphael Di Cunto e Thiago Resende | Valor
BRASÍLIA – Líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ) discordou da posição de seu correligionário, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nesta quarta-feira aceitou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff por suposto crime de responsabilidade fiscal, que será analisado agora pelo Congresso.
“Acho pessoalmente que ele se equivocou em aceitar o impeachment. Não vejo motivo jurídico para isso”, afirmou o pemedebista. Picciani disse que não pode relacionar a situação no Conselho de Ética, onde Cunha é processado, com o impeachment. “Não sei se ele fez isso. Mas tem que olhar o impeachment pela ótica da Constituição Federal. Misturar esse tema com o conflito político é um equívoco enorme”, disse.
Para o líder do PT, Sibá Machado (AC), os “responsáveis por essa safadeza” são o PSDB. “O padrinho por trás do Eduardo Cunha é o PSDB”, afirmou.
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), convocou os líderes de partidos aliados para uma reunião de emergência em seu gabinete agora.