Lava Jato: um novo golpe de Estado

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)]
Análise Diária de Conjuntura – 24/11/2015

É uma conspiração midiático-judicial muito clara.

A condenação se dá na imprensa muito tempo antes do cidadão ser acusado.

Aconteceu com Bumlai, o “amigo de Lula”.

Primeiro foi preso pela imprensa.

Agora ele se vê no meio da conspiração, sob acusações surreais.

É preso porque fez um empréstimo e pagou, mas o juiz achou “estranho”.

Estão montando peça por peça, criando uma nova trama escalafobética.[/s2If]

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1)]
Para continuar a ler, você precisa fazer seu login como assinante (na coluna da direita ou abaixo da seção de comentários, se você estiver lendo pelo celular). Confira aqui como assinar o blog O Cafezinho. Se já foi um assinante, temos promoções especiais. Entre em contato com a Flavia, no assinatura@ocafezinho.com. [/s2If]

[s2If current_user_can(access_s2member_level1)]

Moro não mais esconde sua intenção. Diz que Bumlai usou seu nome e suas empresas para dar dinheiro ao PT.

Realmente, Bumlai deve ser o militante partidário mais fanático do planeta.

Quebram os sigilos de todo mundo, e daí vão ligando os pontos.

De posse de transferências bancárias, sigilos telefônico quebrados, basta vazar seletivamente, criar uma teoria qualquer e pronto.

A afirmação de Moro sobre a “ameaça à democracia” denota a hipocrisia suprema de todos os golpes contra a democracia.

Matam a democracia a pretexto de salvá-la.

A Lava Jato vai mudando de narrativa a cada etapa, sempre procurando um flanco melhor para pegar o PT. Se não dá certo, não tem problema: mantenham-se os réus presos por tempo indeterminado e passemos para outra fase.

Em outra etapa, com outros presos, inventa-se outra história para “pegar o PT”.

Se houver uma crise de credibilidade, nada que algumas manchetes na mídia não possam ajudar.

A matéria na Globo, cobrindo a coletiva da força-tarefa, traz informações tais como “Dirceu ligou para a empresa tal”.

Uma mísera ligação telefônica serve de prova para manter de pé toda uma teoria de “participação do Planalto”.

Não importa nem o conteúdo da ligação.

Empresários pegam e dão empréstimos, fazem negócios, políticos dão telefonemas.

Para os procuradores e a imprensa, tudo é crime.

Se pegou empréstimo, é crime.

Se pagou o empréstimo, outro crime.

Se ligou, é crime.

As manchetes dos jornais vêm repletas de acusações. Os procuradores e o juiz agem em conluio. No mundo ideal, regido por valores democráticos, o juiz não deveria ser cúmplice dos procuradores. O juiz deveria ser um elemento imparcial, distante das paixões políticas.

Na Lava Jato, Sergio Moro é um magistrado de acusação.

Mais uma vez, estamos à mercê de forças obscuras, capazes de atropelar descaradamente processos penais, entregar segredos das nossas maiores empresas a procuradores norte-americanos, promover prisões preventivas com base em meras suspeitas, desestabilizar o governo e prejudicar os negócios, inclusive no exterior, de nossas maiores empresas.

Em sua ordem de prisão para Bumlai, Moro, mais uma vez, usa argumentos como “tal operação é estranha”, invadindo a seara do mundo empresarial privado, onde tudo é estranho, original, justamente por ser privado, único, singular, não precisando obedecer aos trâmites padronizados e ultrarregulados de operações dentro do aparelho do Estado. A vida de um empresário certamente não é a mesma de um juiz de direito, que recebe, como Moro, quase 80 mil reais por mês de dinheiro do contribuinte.

Para um juiz psicótico como Moro, tudo é crime. Ligações políticas, então, são o crime capital: quer dizer, desde que essas ligações sejam com a esquerda, ou com partidos que tem ou tiveram algum acordo com a esquerda.

Com isso, Moro faz o jogo mais sujo possível: aterroriza políticos e empresários, que devem entender que só podem fazer acordos com a direita.

Moro foi o juiz que trabalhou no caso Banestado. Sabe que aqueles centenas de bilhões de dólares traficados ilegalmente por operadores, visavam em boa parte financiar campanhas políticas do PSDB. O próprio Alberto Yousseff, na sua delação premiada, afirmou isso, que pagou propina para campanha política do PSDB para obter autorização do Banestado para internalizar dólares.

A obsessão de Moro, da força-tarefa inteira da Lava Jato, e desta máfia que domina a comunicação no país, pelo PT é antidemocrática e doentia.

Prenderam e condenaram o tesoureiro do PT sem provas. Um tesoureiro que sequer tinha uma mísera propriedade em seu nome.

Quebram o sigilo de um dos telefonemas da sede nacional do PT, em São Paulo. Perseguem a imprensa sindical.

A Lava Jato entrou agora numa espiral golpista violentíssima, certamente como maneira de compensar o fracasso da estratégia do impeachment, depois que o Ministério Público suíço enviou provas de que o líder do impeachment aqui dentro, Eduardo Cunha, tinha contas ilegais naquele país.

É um tanto triste assistir a incapacidade do governo, que não consegue sequer promover um debate criativo sobre o tema, que parece disposto a sofrer o golpe e ainda agradecer ao verdugo.

O clima de terror e medo imposto pela mídia aos tribunais superiores, ao governo, aos partidos, é digno de um Estado Islâmico.

A Itália venceu o clima de terror criado pela Operação Mãos Limpas, que matou o partido socialista, o partido que reunia a esquerda mais moderna e mais bem sucedida de toda a Europa, que havia governado a Itália por anos, transformando um país devastado pela guerra e pelo fascismo, num país socialmente avançadíssimo, a Itália só conseguiu vencer este clima com a ascensão de Berlusconi e da extrema direita, que enfrentou o judicialismo.

Berlusconi enfrentou e venceu politicamente o Moro da Itália, através de uma crítica corajosa ao judicialismo. O povo sempre ficará ao lado de quem tem a coragem de falar com ele de maneira aberta e transparente.

Mas a Itália tinha grandes jornais de esquerda e uma profunda sensibilidade penal humanista, revigorada possivelmente depois do trauma do fascismo, que também foi uma ditadura de juízes e altos funcionários públicos, e teve a oportunidade de debater os exageros e abusos da operação Mãos Limpas.

Aqui no Brasil, a mídia, herdeira da ditadura, é quem conduz o justicialismo. Sergio Moro ganhou prêmio da Globo e, em seguida, foi a estrela máxima de evento da Abraji, entidade também dominada pela Globo.

A serpente do golpe, portanto, se esconde aí, numa toca situada dentro das redações platinadas.

[/s2If]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.