O golpe está sendo quase vencido

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Análise Diária de Conjuntura – 12/11/2015

O ano se aproxima do fim.

Provavelmente ainda teremos alguns sobressaltos até lá.
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A Lava Jato deve lançar sua enésima etapa, prendendo mais um bocado de gente sem prova, com base puramente em delações, em ilações dos procuradores, e no arbítrio midiático de Sergio Moro.

Os golpistas da Câmara estão armando a sua última cartada, que é defender Eduardo Cunha em troca dele aceitar o pedido de impeachment.

Aliás, esse é um cenário até provável, o ano virar com um pedido de impeachment no ar.

Tipo assim: Cunha aceita o pedido de impeachment e a Câmara entra em recesso. Aí a imprensa entra em cena, fazendo o jogo sujo de sempre, tentando convencer opinião pública e deputados a aprovarem o golpe.

Se Cunha aceitar, e de Cunha não esperemos nada de bom, montar-se-á uma comissão especial para dar um parecer de admissibilidade.

Ou seja, decorrerão uns dias de violenta luta partidária, que paralisarão a câmara por várias semanas, dificultando a aprovação do orçamento, do ajuste fiscal, de uma série de medidas importantes para recuperação da economia.

Se a comissão aceitar o parecer, então o caso vai a plenário.

Ou seja, o golpômetro tende a cair nas próximas semanas, mas é possível que registre alguns picos perto do fim do ano.

A sorte do governo é que Cunha está tão enrolado em suas próprias picaretagens, que um pedido de impeachment que contasse com seu apoio traria a marca nítida demais de um golpe sujo, um golpe de políticos corruptos contra uma presidenta contra a qual não pesa sequer nenhuma suspeita.

Desta forma, eu arriscaria dizer que o próprio Cunha não terá coragem de entrar numa guerra que, fatalmente, ele irá perder, porque os golpistas não tem dois terços do plenário.

Além disso, os agentes econômicos estão pressionando de maneira muito enfática a oposição para que adote uma postura mais propositiva e menos golpista, e que ajude o governo (ou seja, não atrapalhe) a promover a recuperação econômica.

A Lava Jato provavelmente virá com uma operação às vésperas do Natal ou Reveillon, aproveitando o simbolismo da data para lançar um nomezinho divertido, tipo: operação papai noel não existe.

Seja o que acontecer, o ano se encerrará sem nenhum golpe consumado, ou com alguma derradeira iniciativa golpista desmoralizada de antemão.

Na economia, vivemos um momento difícil, mas várias luzes começam a despontar no fim do túnel. A China tem anunciado, sistematicamente, novos investimentos no país, aproveitando-se de que nossos ativos estão baratos.

Aliás, se houver um rebaixamento da nota brasileira por uma dessas agências de classificação de risco, e fuga de capitais, o que ocorrerá será isso: a China vem aqui e amplia a sua presença na economia brasileira, aproveitando dos preços mais em conta. Ela já está fazendo isso por conta do preço mais baixo do petróleo, que está reduzindo custos de muitos empreendimentos produtivos no país.

A situação do governo na Câmara e no Senado melhorou muito, isto tem se refletido em vitórias sucessivas do Executivo, como a Lei do Direito de Resposta e a Lei de Repatriação de recursos do exterior.

As duas últimas semanas do ano e as primeiras duas do próximo ano serão um pouco difíceis porque perto do fim de 2015, a mídia virá com retrospectivas voltadas exclusivamente para detonar o governo. E nas duas primeiras semanas de 2016, seremos bombardeados com análises apocalípticas com base no declínio do PIB em 2015.

Mas o efeito desses ataques midiáticos será um tanto abafado pelo momento festivo de fim de ano e início de outro.

2016 é o momento do governo lançar as bases de uma programa político propositivo, construtivo, voltado para questões de mobilidade urbana, combate ao desemprego, melhor educação e investimento em alta tecnologia.

Grande parte da crise política de 2015 derivou-se da incompetência do governo em fazer política e se comunicar. Vamos ver se o sofrimento lhe ensinou alguma coisa, e que possa aplicar o que aprendeu em 2016.
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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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