Pesquisa inédita mostra por que Lula continua assombrando a oposição

São Paulo 24/10/2015 Ex-Presidente Lula visita a Feira Nacional da Reforma Agrária no Parque da Água Branca. Foto Paulo Pinto

Ninguém tem mais rejeição do que Lula da Silva. Ninguém tem mais eleitores cativos do que Lula da Silva. Com o impeachment de Dilma Rousseff cada dia menos iminente, o foco da disputa política volta a ser 2018. 

Por Carlos Eduardo, editor assistente do Cafezinho

Em uma pesquisa inédita do Ibope, sobre a disputa presidencial de 2018, a rejeição ao ex-presidente Lula aumentou de 33% para 55%. Este é o percentual de eleitores ‘que não votariam nele de jeito nenhum’.

Conhecendo a mídia que temos, posso afirmar com absoluta certeza de que irão superestimar os números, com manchetes negativas sobre o ex-presidente Lula. Mesmo sabendo que uma pesquisa deste gênero, com três anos de antecedência ao pleito, não significa nada.

No entanto, a mesma pesquisa mostra que a descrença do cidadão na política não se restringe apenas à figura do ex-presidente Lula. Todos os possíveis candidatos à presidência em 2018, sem exceção, também viram seus índices de rejeição subirem para níveis alarmantes: Aécio Neves foi de 42% para 47%; Marina Silva de 31% para 50%; José Serra de 47% para 54%; enquanto Geraldo Alckmin e Ciro Gomes compartilham 52% de rejeição, cada.

Conclui-se, portanto, que o ex-presidente pode até perder a eleição em 2018 – isso se for de fato candidato – mas seus adversários diretos também não ganham.

Abaixo segue a coluna de José Roberto de Toledo, no Estadão, com mais detalhes sobre a pesquisa.

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Lula perde, ninguém ganha

Por José Roberto de Toledo, no Estadão

Ninguém tem mais rejeição do que Lula da Silva. Ninguém tem mais eleitores cativos do que Lula da Silva. Com o impeachment de Dilma Rousseff cada dia menos iminente, o foco da disputa política volta a ser 2018. Pesquisa inédita do Ibope mostra por que o fantasma de um terceiro mandato do ex-presidente continua assombrando a oposição. As crises política e econômica estão enfraquecendo o petista, mas ninguém está faturando com isso.

Entre 17 e 21 de outubro, o Ibope pesquisou o potencial de voto de alguns dos principais personagens políticos que podem vir a disputar a sucessão de Dilma daqui a três anos. Quando falta tanto tempo assim para a eleição, esse tipo de sondagem é mais significativo do que medir a simples intenção de voto – porque mostra não apenas a presença de cada nome na memória do eleitor, mas também sua força e limites, além do seu desconhecimento.

Pergunta-se, sobre cada um dos potenciais candidatos, qual frase mais bem descreve o que o eleitor pensa a respeito daquele nome: se votaria nele com certeza para a Presidência da República, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece o suficiente para opinar. Há quem não responda.

Além de Lula, foram testados os nomes de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra (todos do PSDB), de Marina Silva (Rede) e de Ciro Gomes (PDT). Um mesmo eleitor pode dizer que votaria com certeza em mais de um candidato ou que não votaria em nenhum deles. Por isso, as taxas não somam 100%. As questões entraram na pesquisa mensal do Ibope e foram bancadas pelo instituto.

Eis as principais conclusões:

1) Os que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula pularam de 33% em maio de 2014 para 55% agora. É a maior rejeição entre todos os nomes testados. Se a eleição fosse hoje, tornaria muito difícil a vitória do petista num segundo turno. Porém, isso depende não apenas de como a política e a Lava Jato vão evoluir até 2018, como contra quem se daria essa eventual disputa. A decisão de voto no segundo turno é sempre por comparação.

2) Cresceu menos, mas também cresceu a taxa dos que não votariam de jeito nenhum em Aécio (de 42% para 47% em um ano), em Marina (de 31% para surpreendentes 50% em um ano), e em Serra (de 47% para 54% em dois anos). Não há comparativo, mas a rejeição a Alckmin e a Ciro é igualmente alta: 52% para ambos.

3) O crescimento generalizado da rejeição mostra que o desgaste de Lula, embora maior do que o dos demais, não está sendo capitalizado por ninguém. Ao contrário, uma fatia crescente do eleitorado demonstra desprezo por todos os políticos, inclusive por aqueles que, como Marina, pretendem simbolizar renovação. Isso aumenta a incerteza e abre espaço para surpresas em 2018.

4) Apesar de decadente, a taxa de eleitores que dizem que votariam com certeza em Lula ainda é maior do que a de todos os seus rivais: 23% (era 33% em maio de 2014). Em segundo lugar aparece Aécio com 15%, seguido de perto por Marina, com 11%. Serra tem 8%, Alckmin tem 7% e Ciro, 4%. A despeito do desgaste, o petista ainda tem o maior poder de mobilização entre todas as lideranças avaliadas. Seria insuficiente para elegê-lo, mas é o bastante para influir no resultado de qualquer eleição.

5) Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%) empatam tecnicamente em potencial de voto – a soma de eleitores que votariam neles com certeza ou poderiam votar. O trio se destaca por seus nomes estarem mais frescos na memória do eleitor: Aécio e Marina participaram da eleição presidencial de 2014, e Lula foi presidente duas vezes. Serra e Alckmin têm potencial equivalente: 32% e 30%, respectivamente. Ciro tem 20%.

6) Ciro é o mais desconhecido, por 24% dos eleitores. Alckmin também tem taxa alta de desconhecimento: 19%. Aécio (9%), Marina (10%) e Serra (11%) se equivalem. Só 2% não conhecem Lula.

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