A árdua luta de conquistar mentes e corações.

Hoje temos o prazer de estrear no Cafezinho um novo colunista: Tadeu Porto, um dos diretores do Sindipetro-NF, Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.

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Por Tadeu Porto*

Na minha primeira coluna aqui no Cafezinho vou começar com um tipo de introdução.

Algo que demonstre a maneira na qual procurarei nortear minha escrita ao mesmo tempo em que me auxilia a compartilhar, com os ilustres leitores e leitoras desse espaço, certa angústia que venho sentindo. 

Uma preocupação até simples de diagnosticar, porém nada fácil de resolver: estamos deixando um pouco de lado nossos discursos mais cativantes e podemos pagar um preço caro por isso, a custo de deixar de angariar muitas mentes sonhadoras (importantes demais num processo revolucionário, diga-se de passagem).

Mas, obviamente, isso têm motivos.

Todos esses ataques fascistas que a esquerda vem recebendo, somados às superficialidades dos debates que acontecem hoje em dia, muito em culpa da desinformação midiática e da velocidade da comunicação atual, nos remete a uma postura mais pragmática, deixando de lado, muitas vezes, raízes que nos fazem enxergar além dos fatos que utilizamos.

Hoje em dia, a maioria dos progressistas sabe de cor o número de pessoas que deixaram a miséria, a data em que o Brasil saiu do mapa da fome, a grande evolução que tivemos em termos de investimentos financeiros em áreas outrora preteridas – como saúde e educação – números de escolas e faculdades abertas, valorização de salário mínimo e muito mais!

Claro, é bem natural ter esse conhecimento quantitativo quando se precisa rebater absurdos como “Bolsa Família gera vagabundos”, “bandido bom é bandido morto”, “menos escolas mais presídios” ou “racismo reverso”. Até mesmo porque fatos são argumentos mais simples de apresentar e compreender, e quando vemos pessoas que acreditamos não serem fascistas replicando esse non sense por pura desinformação, a vontade de trazê-las para o lado da razão fala mais alto.

Nos dias de hoje, temos dois exemplos de discursos que chamam muita atenção por seguirem nessa linha de serem simples e serenos mas com uma sabedoria incrível! São as palavras do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica e do atual Papa Francisco, o argentino Jorge Bergoglio.

Reparem, em primeiro lugar, Mujica e sua seguinte colocação: “A vida escapa e se vai minuto a minuto e não podem ir ao supermercado comprar a vida. Então lutem para vivê-la, para dar conteúdo a ela”.

Se vamos participar de movimentos sociais, sindicatos, partidos ou realizar ações de caridade para dar sentido a nossas vidas, é uma escolha individual. Podemos também inspirar pessoas através da educação ou da arte em geral. Cada indivíduo deve ser capaz de escolher um conteúdo que lhe cabe, mas a essência do argumento é bem mais ampla: a vida é muito importante e, inevitavelmente, irá passar. Portanto, deve ser vivida com desafios que façam bem para nós e as pessoas que nos cercam.

Em segundo lugar, a fala do Papa [sobre o capitalismo]: “Reconhecemos que este sistema impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza? Se é assim, insisto, digamos sem medo: queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas”

Convencer o senso comum que o capitalismo deu errado é bem complexo. Mas considerando a alta concentração de renda proporcionada por esse e, até mesmo, o problema lógico de se ter um sistema que coloque o capital (não as pessoas) no centro, é bem factível desejar uma política alternativa. Todavia, não é fácil definir que tipo de revolução vamos emplacar para mudar tal fato. Uma revolta armada, uma política de bem-estar social, democracias ou ditaduras do proletariado…

Muitas ações foram e serão propostas nesse sentido, mas todas passam por um cerne: o capitalismo destrói vidas e, portanto, alguma mudança é demandada.

Cumprir ambos discursos é difícil?! demais! Mas perder isso de vista é arriscar cair num mundo chato e repetitivo, onde viveríamos como máquinas de ações inexoráveis e previsíveis.

Portanto, vamos procurar não nos prender somente às ações que praticamos, mas também ao porquê de praticá-las. Afinal, não podemos perder a essência do discurso, aquele pensamento que ganha corações e inspira sonhos, como o de fazer do Brasil um lugar mais igual e justo! São desafios assim que constroem a vida que vale a pena viver!

*Tadeu Porto é diretor do Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense)

 

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