Caos calmo

Helsinque-Finlândia, 20/10/2015. Presidenta Dilma Rousseff, e o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, durante declaração à imprensa. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

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Análise Diária de Conjuntura – 20 de outubro de 2015

Por Miguel do Rosário, editor do Cafezinho

Um amigo me fala de um romance italiano intitulado “Caos calmo”, e que também virou um filme. Parece-me boa expressão para qualificar a atual conjuntura. Para desespero da oposição, os pedidos de impeachment foram completamente emporcalhados pela presença de Eduardo Cunha. 

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A polarização com um sacripanta desse naipe foi o maior prêmio que Dilma poderia ter pedido, mas o governo continua fragilizado por não possuir estratégias originais de comunicação. Num mundo midiatizado como o nosso, a ausência de estratégias de comunicação correspondem a renunciar à própria politica.

Na Itália, o governo de centro esquerda conseguiu convencer os radicais da austeridade da União Europeia a aceitarem a sua Lei da Estabilidade, a qual permitira ao pais aumentar gastos públicos com infra estrutura e cortar impostos que pesam sobre a população.

O principal imposto a ser cortado será aquele correspondente à aquisição do primeiro imóvel.

A cultura italiana, no entanto, desenvolveu um respeito pelas ideologias de esquerda que demoraremos a maturar no Brasil. Enquanto nossa democracia agonizava com um regime político nascido de um golpe midiático-militar, a Itália vivia a emoção de eleger, em 1965, o seu primeiro presidente socialista.

Os grandes diretores do período clássico do cinema italiano eram socialistas, comunistas ou simpatizantes. Em Ciúme à Italiana, Ettore Scola mostra as peripécias amorosas de um operário sindicalizado e comunista, interpretado por Marcello Mastroianni.

Na ciência e nas artes, há grandes nomes à esquerda e à direita. É lamentável que a imprensa brasileira tenha se vulgarizado ao ponto de permitir que seus rancores partidários a tenham feito esquecer isso. As ofensas gratuitas a pessoas apenas por estarem usando trajes de cor vermelha prova que setores sociais atingiram o fundo do poço do sectarismo mais estúpido.

Essa estupidez, esse rancor, é o motivo da derrota dupla de Aécio Neves: perdeu nas eleições e agora perdeu no golpe.

Amigos me falam que no site do TCU há uma comemoração do julgamento midiático que promoveram das contas do governo na forma de um texto que cita a Carta Magna portuguesa de 1215.

Piada pronta!

E muito sintomático da falta de espírito democrático dos ministros dessa instituição que tem mesmo cheiro de monarquia lusitana. O poder discricionário das autoridades, numa democracia, jamais se sobrepõe ao do sufrágio universal. É no voto individual que a liberdade politica do cidadão se materializa, e não no ambíguo – ambíguo porque sujeito às interpretações arbitrárias de juízes e às mudanças do tempo – poder da lei.[/s2If]

 

Redação:
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