Por Eduardo Simões, Reuters
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um aditamento à denúncia que já havia apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informou o Ministério Público Federal nesta quinta-feira.
A assessoria de imprensa do MPF informou, no entanto, que não pode revelar o conteúdo do aditamento, pois está sob sigilo por conter informações de delações premiadas que ainda não tiveram o segredo revogado.
Cunha rompeu com o governo da presidente Dilma Rousseff depois que o empresário Júlio Camargo, um dos delatores da operação Lava Jato, afirmou ter pago a pedido do deputado 5 milhões de dólares em propina para facilitar um contrato de fornecimento de navios-sonda para a Petrobras.
Cunha nega as acusações e afirmou ser vítima de uma operação conjunta de Janot e do Palácio do Planalto para constranger sua atuação política.
Janot denunciou Cunha ao Supremo em agosto, acusando-o de receber pelo menos 5 milhões de dólares em propinas do esquema de corrupção na Petrobras.
Desde então, surgiram outras informações contra o parlamentar. O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil uma investigação por corrupção e lavagem de dinheiro contra Cunha, com base em contas bancárias que, segundo as promotorias brasileira e suíça, o presidente da Câmara e seus familiares têm no país europeu.
Em depoimento neste ano à Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, Cunha negou ter contas no exterior.
A contradição levou o PSOL e a Rede a pedirem a cassação de Cunha ao Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar, após a procuradoria confirmar, em resposta a questionamento do PSOL, que Cunha tem contas na Suíça e que os recursos dessas contas foram bloqueados pelas autoridades suíças.