A presidenta do PCdoB, Luciana Santos, falou o que até mesmo líderes da oposição já andaram externando: um golpe não será fácil. Pode-se conseguir ludibriar, por alguns dias, um setor do congresso e da opinião pública, mas em muito pouco tempo haverá conflagração política.
Setores importantes do país não aceitarão a violação da democracia. A economia sentirá o recrudescimento da instabilidade.
Mais difícil que o golpe, é o pós-golpe.
Arrasar um país é relativamente fácil, como ficou provado com a guerra no Iraque. O difícil é reconstruir o país.
Os partidos e lideranças que estiverem à frente de um movimento de ruptura com a legalidade democrática ficarão marcados para sempre como golpistas.
Isso mesmo que tentem disfarçar, como evidentemente tentarão, pintando o golpe com tintas da legalidade.
Não importa quantas camadas de tinta de legalidade passem sobre o corpo do golpe. Qualquer um poderá raspar a superfície e identificar o que realmente está por trás.
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Tentativa de golpe conflagrará o país, afirma Luciana Santos
15 de setembro de 2015 – 16h46
Em entrevista ao Portal Vermelho após encontro com a presidenta no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (15), a presidenta nacional do PCdoB e deputada federal Luciana Santos (PE) deu o tom da disposição de luta do partido na defesa da democracia e do mandato legítimo de Dilma.
Por Dayane Santos, no Portal Vermelho.
A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, durante encontro com Dilma, nesta terça (15), no Palácio do PlanaltoA presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, durante encontro com Dilma, nesta terça (15), no Palácio do Planalto “Não vamos aceitar golpe. Esse país vai entrar num processo de conflagração e nós estaremos na trincheira, defendendo o legado de um projeto para o país que inclui as pessoas, que democratizou na prática e garantiu avanços significativos na vida das pessoas”, garantiu Luciana que, juntamente com líderes da base aliada, entregou manifesto em apoio a Dilma.
Sobre o encontro, Luciana frisou que as lideranças e os partidos foram levar à presidenta Dilma o apoio na perspectiva de enfrentar qualquer tipo de golpe contra o seu mandato.
“É preciso respeitar a democracia. Respeitar uma presidenta que fez a disputa eleitoral em outubro do ano passado, foi eleita com 54 milhões de votos para um mandato de quatro anos”, disse. “Nós, comunistas, sabemos o que é a ausência de democracia no Brasil e não vamos permitir qualquer retrocesso”, advertiu.
Para a dirigente comunista, o país assiste ao que há de “pior na oposição”, que tenta, “sem nenhuma justificativa ou base jurídica”, interromper o governo legitimamente eleito. Luciana frisou que o impeachment tem previsão constitucional, mas desde que tenha elementos. “Não pode ser a conjuntura econômica adversa ou baixa adesão popular a justificar que se rasgue a Constituição e viole a democracia brasileira”, asseverou.
Recompor a base de apoio no Congresso
Luciana destacou a resolução da Comissão Política Nacional do PCdoB, divulgada nesta segunda-feira (14), que apontou as tarefas para organizar a contraofensiva, diante da tentativa de golpe em curso. De acordo com ela, é necessário consolidar a base política ampla que dá sustentação ao governo de coalizão e, assim, aprovar o conjunto de medidas para a retomada do desenvolvimento.
“Acreditamos que o PMDB tem papel fundamental nesse esforço de aprovação. Isso num debate democrático, construído com muitas mãos, pois só assim é possível construir uma agenda para o Brasil que concilie as necessidades de ajuste, estabilidade econômica e política, tirando o país da recessão”, declarou.
A presidenta do PCdoB alertou para a conjuntura política grave, que tem como consequência a situação econômica de singularidades brasileiras, mas com origem na crise do mundial, que explodiu no berço do capitalismo com consequências para todo o mundo.
“Desde 2008, do governo Lula ao governo Dilma, o Brasil tem tomado medidas no sentindo de manter o crescimento e o emprego através de medidas anticíclicas. Houve todo um redirecionamento no sentido de aquecer o mercado interno, mantendo a política de reajuste do salário mínimo e a desoneração de vários setores econômicos para manter a atividade produtiva”, lembrou a parlamentar, ressaltando que o momento atual exige uma readequação.
“O ajuste não é para ficar, é temporário. São medidas necessárias para criar novas condições para a retomada do crescimento e ampliação das conquistas dos programas sociais, que têm sido tão importantes para o processo de inclusão do povo brasileiro”, disse.
Ajuste no andar de cima, não contra o povo
Luciana reafirma que o PCdoB tem uma posição clara de defesa do mandato, no entanto, salientou que essa defesa vem acompanhada de um conjunto de propostas que possa dar resposta aos anseios da população e retomar o desenvolvimento econômico do país.
“Acreditamos que é preciso dar perspectivas ao povo brasileiro. Sair da pauta apenas do ajuste, ou melhor, qualificar esse ajuste. Levar o ajuste para o andar de cima. Para o rentismo e o mercado financeiro”, explicou a líder comunista, citando, como exemplo, a taxação das grandes fortunas e a repatriação de renda que foi colocada no exterior, fazendo com que seja devolvida ao país, com multa.
“Um conjunto de medidas que significam arrecadar sem penalizar o trabalhador e o povo brasileiro, que já têm sofrido com os efeitos dessa crise”, defendeu Luciana Santos.
Segundo ela, a atual “política monetária já deu o que tinha que dar” e está levando o país “a um contracionismo muito grande” que tem levado os ajustes a um paradoxo. “Faz o ajuste, mas a sensação é de enxugar gelo: de um lado bota e de outro se tira. É preciso ter foco no desenvolvimento”, acrescenta.
Papel da militância
Ela conclui conclamando a militância do partido a fortalecer o “debate de ideias à altura das necessidades do momento”. De acordo com Luciana, é preciso explorar as contradições e resgatar, por meio de comparações, como era o Brasil antes de 2002.
“Quando se fala em risco Brasil, por exemplo, de 1994 a 2002, ou seja, incluindo os oito anos do governo Fernando Henrique, o risco Brasil era muito pior do que é na atualidade. E foi Lula, em 2008, que tirou esse risco Brasil”, lembrou.
E finaliza: “A nossa militância deve atuar nas redes sociais, fortalecer o papel das frentes de luta que participa e fazer um grande esforço pela amplitude. Temos no seio dos movimentos sociais e no âmbito das forças políticas, muitas divergências, muitas contradições. Agora, o que está em jogo é a democracia brasileira, caso contrário veremos interrompido – a exemplo do que aconteceu em outros momentos da história, como nos governos de João Goulart e Getúlio Vargas –, um projeto para o pais, um projeto que inclui as pessoas, que democratizou na prática e garantiu avanços significativos na vida das pessoas”.