O governo anunciou hoje uma série de medidas para acertar as contas públicas do ano que vem. Eu reproduzo abaixo matéria da Reuters.
Enntre cortes e (pequenos) aumentos de impostos, o governo já descobriu de onde tirar R$ 65 bilhões para cobrir o déficit e pagar o superávit primário de 2016.
O Cafezinho apoia medidas que visem reerguer a economia brasileira, e festeja a ideia de uma nova CPMF, ainda a ser debatida pelo congresso, e de uma tributação progressiva, que cobre dos mais ricos.
Na verdade, nunca fomos exatamente contra o ajuste fiscal. O que tem de ser feito, tem de ser feito. O que nos chama a atenção é a falta de criatividade do governo para produzir uma agenda paralela à do ajuste fiscal, para produzir uma agenda positiva!
O Dialoga é uma boa ideia, mas enquanto o governo não oferecer uma medida que gere emprego, renda, aos cidadãos, que estimule o empreendedorismo, que melhore e reduza o custo dos serviços de internet, enquanto o governo não participar, com mais galhardia, com mais independência, dessa grande ágora pública proporcionada pela rede, enquanto não oferecer projetos de curto, médio e longo prazo para nosso desenvolvimento, enquatno não fizer tudo isso, não estará fazendo muita diferença.
Não adianta mais traçar planos de cima para baixo. Tem de construir soluções juntamente com a sociedade, chamá-la para monitorar. A própria corrupção seria muito mais difícil se houvesse mais comunicação, mais transparência, mais participação nos projetos do governo.
É ingenuidade, quase estupidez, tentar conquistar apenas a mídia, através do anúncio de medidas conservadoras. É preciso conquistar a população, porque é nela que o governo encontrará suporte, coragem e criatividade para seguir em frente.
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Governo anuncia medidas fiscais de R$64,9 bi para 2016, com volta da CPMF
segunda-feira, 14 de setembro de 2015 19:05
(Foto: Ministros da Fazenda, Joaquim Levy (à esquerda), e do Planejamento, Nelson Barbosa, no Palácio do Planalto. Crédito: 31/8/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino.)
BRASÍLIA (Reuters) – O governo federal anunciou nesta segunda-feira medidas fiscais de 64,9 bilhões de reais para buscar superávit primário em 2016 e resgatar a credibilidade após o Brasil ter perdido o selo internacional de bom pagador, mas com ações que ainda dependem da aprovação do Congresso Nacional.
São nove medidas de redução de custos e outras de aumento de receitas, que envolvem a recriação da CPMF (imposto sobre operações financeiras) e aumento da alíquota do Imposto de Renda de pessoa física sobre ganhos de capital.
“Vivemos momento difícil e temos que ajustar muitas coisas”, afirmou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a jornalistas. “Conseguimos cortar gastos garantindo que o Estado cumpra suas obrigações”, acrescentou.
O governo quer recriar a CPMF com alíquota de 0,20 por cento, com redução de IOF, com estimativa de arrecadar 32 bilhões de reais em 2016. Já o aumento do IR, segundo o ministro, terá 4 alíquotas, que vão de 15 a 30 por cento, esta para ganhos de capital acima de 20 milhões de reais.
“Volta da CPMF é caminho com menor impacto inflacionário e mais distribuído na sociedade”, afirmou o ministro. Levy disse ainda que o objetivo do governo é que a CPMF não dure mais de quatro anos.
Do lado do corte de despesas, está o adiamento do reajuste dos servidores públicos, que garantirá economia de 7 bilhões de reais no próximo ano, segundo informou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que também participa do anúncio das medidas fiscais. A proposta do governo era, até então, de aumento salarial de 5,5 por cento em 2016.
O governo também não poupou programas sociais, ao reduzir gastos de 4,8 bilhões de reais no Minha Casa Minha Vida. Segundo Barbosa, para que não haja comprometimento com a execução do programa, a proposta é usar recursos do FGTS.
Também foi suspensa a realização de concursos públicos, com economia de 1,5 bilhão de reais. Outra ação é a eliminação do abono de permanência de servidores, com redução de gastos de 1,2 bilhão em 2016, medida que será enviada ao Congresso por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
O tamanho do ajuste veio em linha com o reportado mais cedo pela Reuters, quando duas fontes do Executivo disseram que a soma das medidas de corte de despesas e aumento das receitas seria de cerca de 65 bilhões de reais.
Na semana passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating brasileiro e manteve a perspectiva negativa alegando desafios políticos crescentes que impedem melhor coordenação do governo, sem força para garantir a aprovação de medidas fiscais para tentar melhorar as contas públicas do país.
No final de agosto, o governo apresentou ao Congresso proposta orçamentária de 2016 com previsão de déficit primário consolidado –economia feita para pagamento de juros da dívida pública– equivalente a 0,34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Só para a União, o rombo é de 30,5 bilhões de reais, ou 0,5 por cento do PI.
Pouco mais de um mês antes, o mesmo governo havia reduzido a meta fiscal, mas para um superávit primário correspondente a 0,7 por cento do PIB no mesmo período, algo que já havia incomodado bastante os agentes econômicos.
A presidente Dilma Rousseff enfrenta uma grave crise econômica –com recessão e inflação elevada– e política, com um ambiente conturbado também pelos desdobramentos da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção envolvendo empresas estatais, órgãos públicos, empreiteiras e políticos.
A própria presidente já afirmou que vai perseguir a meta de 0,7 por cento em 2016.
As contas públicas do Brasil estão no vermelho desde o ano passado e, para este ano, as perspectivas são de mais déficit diante da economia em recessão e desemprego crescente, que abalam a arrecadação. Em julho, último dado disponível, o rombo primário estava em 0,89 por cento do PIB, muito distante da meta de superávit de 0,15 por cento do PIB.
(Reportagem de Leonardo Goy e Luciana Otoni, com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)