A votação no Supremo em curso hoje, sobre descriminalização das drogas, caminha para um desfecho moderadamente progressista.
O voto do mais novo ministro da casa, Edson Fachin, que prometia ser ultraconservador (apesar de Fachin ser um progressista…), surpreendeu para o bem. Ele defendeu a descriminalização da maconha. Mas só da maconha.
Os progressistas – o Cafezinho entre eles – defendem a legalização de todas as drogas. O combate a seu uso deveria ser feito na forma de campanhas de esclarecimento. Gilmar Mendes, que em todo o resto é o representante mais reacionário da corte, além de golpista contumaz, neste assunto é o ministro mais liberal e mais progressista, provavelmente se inspirando nos ultra liberais dos EUA, que advogam a liberdade total de escolha para os indivíduos, inclusive na questão das drogas.
Há também uma razão para que, no Brasil, o pobre tenha uma visão muito conservadora das drogas. Para ele, a droga é um elemento de devastação de ordem quase apocalíptica. Áreas degradadas das periferias pobres fervilham de viciados em crack – a droga mais barata – que agem como zumbis psicóticos. As famílias de poucas posses vêem a droga como um símbolo do fim do mundo.
Já nas famílias de alta renda dos bairros ricos, a droga é um elemento comum, nos encontros sociais, nas festas, na universidade. Não é o crack, naturalmente. É basicamente maconha e cocaína; alguns nichos, menores, usam ácidos e esctasy”.
Entretanto, a questão das drogas tem importância social sobretudo em virtude de seu profundo impacto na questão prisional, e é aí que os pobres são os mais prejudicados, superlotando presídios por causa de pequenas quantidades de droga.