Antes de reproduzir a notícia publicada há pouco no site da Câmara, conto uma novidade.
Ontem o Cafezinho entrevistou o cientista político Fabiano Santos. Ainda estou transcrevendo a conversa, que ficou bem longa e completa. Posso adiantar apenas que ele afirmou que há uma contestação legítima à falta de capacidade política do governo de… governar. Falta criatividade, falta coragem de mexer nas peças que não estão funcionando, e mostrar um plano de superação à sociedade.
Mas ele se mostrou especialmente irritado com as movimentações em prol da ruptura com a legalidade democrática.
“A história vai cobrar isso dessas lideranças. E não vai demorar, não”, advertiu Fabiano.
É evidente, para o cientista, que o impeachment não é a solução, pela simples razão de que isso apenas vai aprofundar a crise política e econômica.
Não é agregando mais um fator de instabilidade que ganharemos estabilidade.
Setores sociais não vão aceitar a ruptura. E um novo governo, sem a chancela eleitoral, não terá legitimidade.
E se decidirem por novas eleições, neste momento, menos de um ano após as últimas eleições, qual o sentido disso?
Para aproveitar um momento político desfavorável ao governo?
O modus operandi Cunha agora será usado também em eleição presidencial?
Perdeu eleição, faz de novo, até ganhar?
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Partidos da oposição e da base lançam movimento pelo impeachment de Dilma
Movimento conta com representantes do PSDB, do PSC, do DEM, do PPS, do SD, do PMDB e de outras siglas
Partidos da oposição e alguns deputados da base aliada lançaram, nesta quinta-feira (10), o Movimento Parlamentar Pró-Impeachment. A ideia dos parlamentares é recolher assinaturas junto à sociedade e entre os deputados para iniciar o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. O movimento conta com um site – www.proimpeachment.com.br – onde está disponível um abaixo-assinado com essa finalidade.
As razões apontadas para o impeachment são as chamadas “pedaladas” nas contas públicas, o abuso de poder econômico pelo governo de Dilma, a suspeita de uso de dinheiro ilícito na campanha presidencial de 2014 e a crise de governabilidade.
Segundo o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), Dilma Rousseff não tem condições de conduzir o Brasil pelos próximos três anos e meio. Ele afirmou que os parlamentares também têm o dever de ouvir a população insatisfeita com o governo.
“Como é que a gente traz para dentro do Congresso esse sentimento de indignação da sociedade brasileira? Iniciando o processo de impeachment, porque o afastamento dela é desejável por mais de 70% da sociedade brasileira”, afirmou Sampaio em nome do PSDB, do PSC, do DEM, do PPS e do Solidariedade (SD) e de deputados de outras siglas, entre esses alguns do PMDB.
Renúncia ou impeachment
Representando o PMDB no movimento, o deputado Jarbas Vasconcelos (PE) disse que a saída de Dilma do governo é inevitável. Segundo ele, ou Dilma renuncia ou o processo de impeachment será aberto. “É importante que o meu partido, o PMDB, tome consciência disso e suas bancadas, aqui na Câmara e no Senado da República assumam isso. É importante para dar o exemplo aos outros partidos.”
Os diversos parlamentares que participaram do lançamento do movimento, no Salão Verde da Câmara, acusaram o PT de ter trabalhado sempre em prol de um projeto de poder. “Hoje, dia 10 de setembro, é o dia que nós vamos começar a libertar o Brasil desse desgoverno corrupto, que infelizmente ainda está comandando os destinos do nosso País”, afirmou o líder do PSC, deputado André Moura (SE).
PT defende Dilma
Vice-líder do PT, o deputado Pedro Uczai (SC) avaliou que o movimento da oposição faz parte da democracia, mas que deve respeitar os brasileiros que votaram em Dilma. Ele disse ainda que a impopularidade de um governo não é crime.
“Temos dificuldade econômica, que tem de ser superada e enfrentada por quem está governando o País, como o governador está governando o seu estado; como o prefeito o seu município. Portanto, não ao golpe à democracia”, afirmou o petista.
Para Uczai, o impeachment não é solução para os problemas econômicos do País.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Newton Araújo