Haddad: dinheiro do PAC vem a conta gotas
Por Alisson Matos, para o blog Conversa Afiada
Tratar de corrupção na campanha ? É o que Haddad mais quer.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que a lentidão no repasse dos recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal à cidade inviabiliza o investimento em áreas consideradas estratégicas pelo petista.
Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, Haddad revelou que a receita proveniente do programa federal poderia dobrar o número de obras na capital paulista.
“A liberação dos recursos está sendo feita a conta gotas. [Na minha gestão] aumentamos os repasses, chegamos a R$ 400 milhões, mas ainda temos um espaço.
Poderíamos ter de quatro a cinco vezes o volume do repasse que temos hoje. A nossa meta era sair de R$ 4,3 bilhões para R$ 6 bilhões de investimento por ano com recursos do PAC.
Se chegássemos a esse valor, teríamos questões como drenagem, mobilidade, saúde, educação e moradia muito bem endereçados”, disse Haddad na prefeitura que comanda.
Na defesa pela liberação ágil dos fundos do PAC, o prefeito eleito em 2012 menciona a atual situação econômica do Estado governado pelo tucano Geraldo Alckmin, que, segundo ele, está em retração ao menos desde o ano passado.
“Com recursos do PAC, poderíamos dobrar as frentes de obra em São Paulo, em uma economia que está mais debilitada que a economia nacional”, confirma.
Um alívio nos cofres do município veio recentemente com a renegociação da dívida com a União.
Sobre o tema, Haddad enfatizou o papel da Presidenta Dilma. “Se não fosse a Presidenta Dilma isso [a renegociação] não ocorreria. Semana passada, tivemos o aval final do ministro da Fazenda, o Joaquim Levy.
Agora, a Advocacia Geral da União leva o acordo para homologação judicial. É a etapa final que significa uma queda de R$ 30 bilhões do estoque da dívida”, conta.
Eleição 2016
O candidato à reeleição no ano que vem, durante a conversa, não se mostrou preocupado, ainda, com a disputa. Ao falar dos possíveis adversários nas próximas eleições, entre eles José Luiz Datena, Celso Russomano e a ex-petista, Marta Suplicy, Haddad respondeu: “Temos 14 meses para a eleição.
Em ano não eleitoral, tem que perder o sono com os problemas que enfrentam no seu dia a dia”.
Mas o prefeito se disse preparado para o embate, principalmente quando o assunto for corrupção.
Ele espera usar a imagem de transparência que sua gestão adquiriu após a descoberta, em 2013, da chamada Máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços), que desviou pelo menos R$ 500 milhões dos cofres da prefeitura.
“O debate ético nos interessa muito. A nossa administração criou uma Controladoria muito eficiente, uma Secretaria de combate à corrupção que, em três meses de trabalho, desbaratou uma quadrilha que operava havia seis ou sete anos na Prefeitura de São Paulo.Essa Controladoria vem expurgando maus servidores e multando empresas corruptoras. Nós temos muito a oferecer a esse debate”, garantiu.
Leia outras respostas de Haddad à TV Afiada:
Combate à corrupção e a eleição 2016
O debate ético nos interessa muito. A nossa administração criou uma Controladoria muito eficiente, uma Secretaria de combate à corrupção que, em três meses de trabalho, desbaratou uma quadrilha que operava havia seis ou sete anos na Prefeitura de São Paulo.
Essa Controladoria vem expurgando maus servidores e multando empresas corruptoras. Nós temos muito a oferecer a esse debate.
Todo o setor fornecedor da Prefeitura teve que se ajustar aos novos tempos. E isso foi muito pedagógico.
Poderemos contribuir com o debate.
Recorde de investimento em SP
Conseguimos bater recorde de investimento no ano passado. Investimentos R$ 4,3 bilhões, apesar das restrições orçamentárias.
Mudamos o padrão de relacionamento do Poder público com os fornecedores.
Conservadorismo em São Paulo
A cidade de São Paulo não é conservadora. É uma cidade em que ondas conservadoras atuam com muita dedicação.
Ela está permanentemente em disputa.
O que acontece em SP agora é uma disputa.
Escalada da intolerância
O que se vê em São Paulo não há em outro lugar (em referência aos ataques sofridos por petistas em lugares públicos em São Paulo).
Precisamos tratar isso. A escalada da intolerância preocupa o Brasil, porque você sabe como começa e não sabe como termina.
Vejo com preocupação e tenho a expectativa de que possamos atravessar esse momento difícil e nos reencontrarmos com a perspectiva de futuro, liberdade e democracia.
Ataque ao Instituto Lula
Teve comparação na internet do tratamento dado à bolinha de papel do candidato José Serra em 2012 e o de agora. A imprensa tem que ter muita responsabilidade para abordar esses temas. Quer dizer, chama um especialista para discutir se a bolinha de papel afetou o raciocínio do candidato e não discute o estrago que faria se uma pessoa estivesse nas imediações ali da bomba caseira.
Investimentos do PAC liberados a conta gotas
A Presidenta Dilma, em 2013, anunciou praticamente a adesão de São Paulo ao PAC. A cidade praticamente não tinha convênios com a União e perdeu uma janela de oportunidades espetaculares. São Paulo ficou na retaguarda desse processo.
Quando eu assumi a prefeitura, São Paulo tinha R$ 900 milhões em convênio com o Governo Federal. Hoje, nós temos R$ 9 bilhões.
Agora, a liberação dos recursos está sendo feita a conta gotas. Nós aumentamos os repasses, chegamos a R$ 400 milhões de reais, mas temos um espaço. Nós poderíamos ter de quatro a cinco vezes o volume do repasse que temos hoje.
A nossa meta era sair de R$ 4,3 bilhões para R$ 6 bilhões de investimento por ano com recursos do PAC. Se chegássemos a esse valor, teríamos questões como drenagem, mobilidade, saúde, educação e moradia muito bem endereçados.
São Paulo se alçaria a um patamar de outras capitais do sudeste.
A renegociação da dívida da cidade
Se não fosse a Presidenta Dilma isso não ocorreria.
Semana passada, tivemos o aval final do ministro da Fazenda, o Joaquim Levy.
Agora, a Advocacia Geral da União leva o acordo para homologação judicial.
É a etapa final que significa uma queda de R$ 30 bilhões do estoque da dívida.
Efetivamente se fez justiça. São Paulo foi protagonista junto com o ex-governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, no acordo que beneficiou 180 municípios.
As obras em curso da gestão Haddad
Temos três frentes de macrodrenagem, quatro na área de modalidade, 28 mil unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida em obras, três hospitais gerais…
Com recursos do PAC, poderíamos dobrar as frentes de obra em São Paulo, em uma economia que está mais debilitada que a economia nacional. A economia do estado de São Paulo já está em retração, pelo menos, desde o ano passado.
O PAC em São Paulo
Comparada à outras cidades, São Paulo está sendo pega no contrapé. Não podemos ser prejudicamos pelas dificuldades fiscais que o Governo Federal enfrenta.
A oposição do PiG à gestão Haddad
Existem três emissoras de rádio que, desde o primeiro dia, não há o que a prefeitura anuncie que seja discutido com especialistas antes de uma tomada de posição editorial do grupo.
Gente que não entende nada opina sobre assuntos de extrema complexidade técnica sem ouvir ninguém.
No primeiro ano, lançamos o plano de faixas exclusivas para ônibus e táxis e foi um ano de enfrentamento com essas emissoras.
Depois, fizemos o maior plano de malha cicloviária e foi mais um ano de oposição ferrenha.
E agora que a ciclovia se tornou um sucesso passa-se a discutir de forma dogmática e preconceituosa a redução da velocidade máxima em beneficio de um fluxo mais saudável. Há estudos que mostram que isso melhora todos os indicadores.
Nós gostaríamos de sermos submetidos à critica pela opinião especializada e não pelo mau humor de âncoras de programas populares.
A contaminação midiática obstrui o debate franco.
A polêmica do UBER
É um debate importante de ser feito, lembrando que temos 30 mil taxistas que vivem desse alvará. Levando em conta isso, nós podemos abrir uma discussão do tipo: Green Cab. Em Nova York, você tem táxis que atuam nas periferias que atuam a mais módicos. Podemos fazer uma discussão sobre um Green Cab paulistano. Se fizéssemos a discussão sobre mobilidade a gente avançaria muito.
Fechamento da Avenida Paulista e a cidade do futuro
O fechamento da Paulista nós vamos testar, pela segunda, no domingo 23 de agosto. E tudo indica que dará certo de novo.
E talvez tenha um novo modelo de ocupação de espaço público na cidade, porque o modelo será expandido para as 32 subprefeituras.
Toda a discussão da mini-praça, food truck das praças wifi, se insere em uma outra visão de cidade.
Mudar o conceito de cidade, porque é lugar de convívio.
Encontro com o Papa
É um Papa antenado com os assuntos que precisam ser resolvidos.
Imigrantes em SP
São Paulo só na minha gestão criou um Centro de Referência para imigrantes.
Quando o Brasil recebia brancos da Europa e do Oriente Médio estava tudo mais ou menos resolvido. Agora, são indígenas da Bolívia, negros do Haiti, africanos e tem gente que torce o nariz.
Médicos Cubanos
Quero agradecer a vinda dos médicos cubanos. Temos cerca de 200 na cidade de São paulo. Eles foram responsáveis por cerca de 1 milhão de consultas médicas em 2014.
Eleição 2016
Temos 14 meses para a eleição. Em ano não eleitoral, tem que perder o sono com os problemas que enfrentam no seu dia a dia.
Alisson Matos, editor do Conversa Afiada
Hell Back
09/08/2015 - 09h53
“(…) mau humor de âncoras de programas populares (…)” .
Isso não é um mau humor, coisa nenhuma. Isso tem outro nome: chama-se propaganda eleitoral gratuita antidemocrática da oposição, que começou no dia seguinte ao da posse.
Vitor
07/08/2015 - 16h39
É natural que a economia do estado de SP apresente maior dificuldade em relação aos outros estados… SP é o estado mais industrializado do país e esse é o setor que atravessa o pior momento!
Gostei da entrevista do Haddad e se eu fosse ele, com esses concorrentes para as eleições do ano que vem, tb não perderia o sono!
Enio
07/08/2015 - 16h23
Ei prefeito Haddad, veja o link, essa obra poderia ser feita por prefeitos e governadores tucanos de São Paulo. Mas parece que só limparam os cofres do estado jogando bilhões e bilhões de Reais no fundo do Tietê durante 20 anos antes do Sr. Quem sabe isso poderia reduzir muito as sofríveis enchentes da capital, e olha que lá ainda tem terremotos e tsunamis: http://obviousmag.org/archives/2007/10/subterraneos_de.html
Hell Back
09/08/2015 - 10h20
Engraçado que só lembram (e exigem) disso quando o governo que está no poder é um governo progressista.