Câmara dos Deputados
Partido dos Trabalhadores
Gabinete da Liderança
Nota de apoio e solidariedade ao Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva
Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, manifesto apoio e solidariedade ao Vice-Almirante R1 Othon Luiz Pinheiro da Silva, detido dia 28 de julho na 16ª fase da Operação Lava–Jato.
Diretor-presidente licenciado da Eletronuclear (subsidiária da Eletrobras), que hoje gera cerca de 3% da energia elétrica consumida no País, o almirante Othon é um nacionalista, patriota e tem papel que já passou para a história no tocante ao nosso desenvolvimento científico e tecnológico, notadamente no campo nuclear.
Tem atuação comparável à do almirante Álvaro Alberto, outro nacionalista que abriu as portas para o Brasil avançar no campo da pesquisa nuclear, contrariando todas as pressões externas para que o País ficasse à margem das conquistas nessa área.
Othon formou-se pela Escola Naval em 1960 e em engenharia naval pela Escola Politécnica de São Paulo em 1966, e obteve em 1978 sua especialização em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT), nos EUA.
Foi Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN entre 1982 e 1984 e foi fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.
É o autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e da instalação de propulsão nuclear para submarinos. O desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio é um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil. O projeto concebido pelo almirante inclui o Brasil no seleto grupo de países detentores do ciclo nuclear e é, por isso mesmo, objeto de cobiça internacional. Dada a sua natureza estratégica, de interesse de Estado, é cercado de sigilo.
A Marinha é uma instituição séria que sabe zelar pelos interesses estratégicos do Brasil. A busca de autonomia na área nuclear encaixa-se no projeto de desenvolvimento nacional com autonomia e soberania. A construção de um submarino nuclear eleva o Brasil a um novo patamar na comunidade internacional.
Apoiamos o espírito empreendedor do almirante e repudiamos qualquer tentativa de julgamento prévio dele — assim como de outras pessoas detidas no âmbito da Operação Lava-Jato — com base apenas em delações. Temos convicção de que o almirante provará sua inocência e continuará a contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, num momento em que as nações que se destacam no mundo são justamente as que dominam tecnologias de ponta, inclusive a nuclear.
O almirante Othon passou a se destacar na história brasileira ao lutar, nos anos 80 e 90, contra o bloqueio do Ocidente ao acesso ao conhecimento na área nuclear. Enfrentou pressões, foi vigiado no Brasil e no exterior por buscar acesso a um conhecimento que garantisse ao País outro lugar no concerto das nações.
A prisão do almirante pode ser comemorada por setores antinacionais, que ignoram a importância da soberania e dos interesses nacionais. Mas os que pensam um Brasil próspero e soberano, com autonomia tecnológica para fins pacíficos, só podem lamentar sua prisão.
O nosso projeto estratégico, construído com a valiosa cooperação do almirante Othon, não pode ser prejudicado e nem atacado por setores antinacionais em razão da Operação Lava-Jato, que tem gerado questionamentos de renomados juristas. Não cabe a nenhum juiz, de nenhuma instância, o direito de prejudicar o interesse de Estado — que por sua natureza é sigiloso — e destruir um patrimônio nacional construído ao longo de décadas.
O Brasil precisa avançar e pessoas como o almirante Othon são imprescindíveis, pois ele, como outros cientistas nacionalistas, guia-se pelo lema do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo: “Tecnologia Própria é Independência”.
Dep. Sibá Machado – PT/AC
Líder da Bancada na Câmara