O governo federal, do PT, é demonizado na mídia, pelos desvios causados por alguns corruptos, que se aproveitaram da decisão de Lula de multiplicar os investimentos brasileiros em energia (petróleo, hidrelétricas, usinas nucleares, energia eólica, biodiesel, etc).
Enquanto isso, o governo de São Paulo, do PSDB, igualmente envolvido em inúmeros de escândalos de corrupção, não é sequer criticado por nossa imprensa por deixar dezenas de milhões de pessoas pobres sem água – por falta de investimento!
Foi preciso aparecer um jornalista francês, do Charles Hebdo, para fazer uma reportagem em quadrinhos criticando a “a gestão deplorável da água” da oposição ao governo federal.
A história de Riss é resumida no site Comunique-se, com texto da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), mas como tanto o Comunique-se quanto a Abraji tornaram-se aparelhos da Globo, a dura crítica à gestão plutocrática do PSDB em São Paulo é abafada.
Mas como o Cafezinho sabe francês, ele leu a história e entendeu tudo.
A reportagem em desenho denuncia que a água em São Paulo tornou-se um produto de luxo, que só os ricos podem consumir à vontade.
Os pobres, como sempre, sofrem o diabo, sem que o governo faça nenhum programa específico para aliviar suas angústias.
O texto de Riss encerra com uma denúncia:
Tradução: A sociedade que distribiu a água em São Paulo [Sabesp] não fez os investimentos para aliviar esta crise. Por outro lado, está já cotada na Bolsa de Nova York!
Ou seja, o governo de São Paulo usou a estatal para enriquecer meia dúzia de acionistas milionários aqui e lá fora, e não investiu no básico: segurança hídrica para evitar o desastre humanitário, que já se espalha pelas regiões mais pobres da metrópole e arredores – e com o acobertamento criminoso da imprensa!
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No Comunique-se.
Após visitar o Brasil, diretor do Charlie Hebdo escreve reportagem sobre seca
Publicado em Quinta, 30 Julho 2015 12:18
Escrito por Abraji*
O cartunista Riss, diretor do Charlie Hebdo, fez um pedido aos organizadores do 10º Congresso da Abraji: durante sua passagem pelo Brasil, queria cobrir a escassez de água em São Paulo e entender como os 11 milhões de moradores estavam se adaptando à estiagem.
A equipe da Abraji acompanhou o jornalista em visitas a comércios e residências na zona Oeste da cidade e articulou uma excursão à represa de Atibainha, parte do Sistema Cantareira. A viagem de 150 km foi feita em viaturas blindadas da Polícia Federal e em companhia do grafiteiro Thiago Mundano, um dos artistas que têm acompanhado e retratado a crise de abastecimento. É dele o famoso grafite que dá as boas-vindas ao “deserto da Cantareira”.
Riss pretendia visitar uma favela para saber exatamente como a crise de abastecimento tem afetado a população mais pobre da cidade. Por segurança, os agentes da Polícia Federal excluíram essa possibilidade.
A reportagem em quadrinhos, publicada na edição nº 1.200 do jornal, descreve técnicas usadas por moradores para reaproveitar água, menciona o uso de copos descartáveis em lanchonetes e nota que, com as torneiras secas, São Paulo é cortada por grandes rios – transformados em esgoto a céu aberto.
O cartunista também menciona que a Sabesp tem papéis negociados na bolsa de Nova York e pergunta, observando o famoso relógio de água do Shopping Iguatemi, se a água será em breve um produto de luxo.
Riss esteve no Brasil para participar do 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado pela Abraji no começo do mês.