A Veja tornou-se mais que um simples caso de sensacionalismo mentiroso e ridículo.
Tornou-se um caso de psicopatia midiática aguda.
Mas existe método nessa loucura. A Veja deve ter estudos a indicar que um nicho da sociedade efetivamente acredita em suas mentiras.
O monopólio absoluto da Abril sobre a distribuição de revistas transformou as bancas de jornal em outdoors da extrema direita mais reacionária.
E o pior é que a Istoé e a Época estão convergindo para a mesma linha, após constatarem que o segmento social que lê Veja é o último que ainda compra revistas semanais.
Jovem não compra mais revista, de maneira que Veja e similares vivem os seus últimos histéricos momentos, falando ao mesmo público zumbi que essas mesmas revistas cultivaram e corromperam ao longo de anos.
Outro dia, um executivo do BNDES me falava de uma reportagem da Istoé sobre financiamentos do banco para uma construtora brasileira fazer uma hidrelétrica da Nicarágua. Só que o BNDES não tem nenhuma operação na Nicarágua!
O título do post é uma brincadeira com uma capa da Veja, ridícula como sempre, na qual ela previa o fim do preconceito racial no Brasil (“talvez para sempre”) por conta da reação inteligente de um jogador brasileiro contra ataques racistas.
Reproduzo abaixo post do Fernando, no Tijolaço, sobre o caso Romário.
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Romário parte para o ataque e faz repórteres da Veja saírem do Facebook
Por Fernando Brito, no Tijolaço.
O senador e eternamente marrento Romário tocou de lado para que seus eleitores chutassem.
Ontem, publicou no Facebook a pergunta “inocente”:
Alguém aí tem notícias dos repórteres da revista Veja Thiago Prado e Leslie Leitão, que assinaram a matéria afirmando que tenho R$ 7,5 milhões não declarados na Suíça? E do diretor de redação Eurípedes Alcântara? Dos redatores-chefes Lauro Jardim, Fábio Altman, Policarpo Junior e Thaís Oyama?
Gostaria que eles explicassem como conseguiram este documento falso.
E tascou os links para as páginas de Facebook dos indigitados, sem sugerir nada, porque era desnecessário.
Foi uma avalanche de críticas e ironias nas páginas cujos endereços eletrônicos foram fornecidos pelo “baixinho”.
As de Thiago Prado e Leslie Leitão saíram do ar. A página de Lauro Jardim, que ainda funcionava hoje de manhã, tinha centenas de comentários que o ridicularizavam.
Certo que alguns exageradamente agressivos, mas a maioria indignados e irônicos:
- E sobre o Romário Faria não vai falar nada ou vai desativar o Facebook também?
- Amigo, explica como arranjaram o documento falso do Romário por gentileza? Abraço!
-
Quem foi o estelionatário que falsificou o documento da sua matéria contra o Romário ? Algum parceiro seu? Peixe!
-
É sobre o documento do Romário Faria? Sendo falso pode citar a fonte, ou será que é falsa a noticia?
E um dos mais engraçados:
- Tem um vizinho meu aqui que tá me incomodando muito, já tivemos até algumas rusgas. Gostaria de saber quanto a Veja cobra para publicar uma matéria dizendo que ele tá enriquecendo urânio na casa dele?
A revista mantém o mais sepulcral silêncio desde que Romário contestou a informação publicada.
Nada, nem uma palavra ou explicação.
Se a revista confia no trabalho dos seus repórteres e na autenticidade do que publica, é obvio que teria respondido.
Eles próprios deveriam exigi-lo. A redação inteira, aliás.
Se não descambar para a agressão, o método “cobrança direta” estimulado por Romário talvez seja uma boa lição.
Somos responsáveis pelo que escrevemos e, se erramos, temos de reconhecer que erramos e porque o fizemos.
Disse ontem aqui que não há “sigilo de fonte” quando se trata de uma falsificação para atingir a honra alheia.
E mais: se temos o direito e o dever de em nome da apuração jornalística publicar o que temos segurança de que é verdadeiro, também temos o dever de suportar as consequências disso.
Romário tem o direito de reagir e um argumento irrespondível para os que vierem com “punhos de renda” politicamente corretos contra sua iniciativa de publicar os endereços onde seus detratores tem de ler o que se leu acima.
Afinal, eles tem um império de comunicação para responder e, 24 horas depois de apontada a farsa, não o fizeram.