A Odebrecht além da página policial

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A Odebrecht além da página policial

Por Lia Bianchini (liar.bianchini@gmail.com)

Odebrecht. O sobrenome de uma família de imigrantes alemães nunca foi tão falado, ouvido e lido pelo público brasileiro quanto está sendo agora. Alvo de investigações na operação Lava Jato, a Odebrecht figura, hoje, nos noticiários policiais, mas nem sempre esse foi o destaque da organização.

Fundada há 70 anos, a Odebrecht estabeleceu-se nos mercados nacional e internacional, primeiramente, como uma empresa do ramo da Engenharia Civil, e, posteriormente, diversificando sua área de atuação, passando a abranger os setores de Infraestrutura, Indústria, Energia, Transportes e Meio Ambiente.

A primeira associação do nome Odebrecht à Petrobras foi em 1953, quando a empresa realizou a obra do acampamento do projeto Oleoduto Catu-Candeias, na Bahia, para a estatal brasileira.

Os nomes de ambas as empresas ainda apareceriam juntos, nos anos seguintes, com a construção da primeira plataforma semissubmersível da Petrobras em Cingapura (a P-18), em 1993, e a construção das plataformas autoelevatórias de petróleo (P-59 e P-60) no Rio Paraguaçu, na Bahia, em 2010.

Mas, ao contrário do que pode parecer, nem só de Petrobras viveu a Odebrecht.

A organização começou sua política de internacionalização na década de 1970, no Peru e no Chile, e, hoje, atua em 21 países, entre América Latina, América do Norte, Europa e África.

No continente africano, a Odebrecht ocupa a posição de maior empregador privado em Angola, onde atua na construção da Hidrelétrica de Laúca, a maior da África. Em Gana, a empresa investe para a mobilização das obras do Corredor Rodoviário Oriental, seu primeiro projeto no país. Já em Moçambique, sua área de atuação é a expansão das instalações industriais da mina de carvão de Moatize, em contrato de aliança com a Vale.

Os investimentos na África, porém, representam apenas 4% dos lucros da Odebrecht. O Brasil ainda é a principal fonte de lucro da organização, com 56%. América Latina e Caribe representam 23% dos lucros, e América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio configuram 17% dos lucros.

Falando em números, em 2013, a Odebrecht teve lucro líquido de R$ 491 milhões. A organização investiu, em seus 15 negócios de diferentes áreas de atuação, um total de R$ 12,8 bilhões.

Do total dos lucros, a Braskem, gigante dos setores químico e petroquímico, representa a maior fatia: 49,3%.

Maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas, a Braskem tem ações negociadas em bolsas do Brasil, dos Estados Unidos e da Espanha. Estão entre seus acionários a Petrobras e o BNDESPAR. A empresa possui 36 unidades localizadas no Brasil, Estados Unidos e Alemanha, servindo a 70 países por meio da exportação de seus produtos.

Quando o assunto é o mercado de trabalho, a Odebrecht é responsável por 181.556 empregos diretos e 105.243 indiretos, além de 1.497 trainees e 1.695 estagiários. A organização possui funcionários de 78 nacionalidades, atuantes em 23 países ao redor do globo.

Fazem parte dos negócios da organização, ainda: fundos de investimento no Brasil, na América Latina e na África, além de empresas auxiliares de serviços de exportação, corretora de seguros, previdência, engenharia de projetos e comércio de energia.

O desenvolvimento social também é uma das áreas de atuação da Odebrecht. A organização possui projetos voltados para a qualificação profissional, o desenvolvimento sustentável, a inclusão social e digital e a agricultura familiar em cidades no Brasil, na Argentina, no Peru, em Moçambique e Angola.

Com essa gama diversificada de investimentos, áreas de atuação e impacto internacional, fica nítido, então, que a Odebrecht renderia boas pautas para editorias além da policial.

Lia Bianchini:
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