Nova fase da Operação Lava Jato atinge Eletronuclear
O presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva foi responsável pelo programa nuclear da Marinha
Por: Jornal GGN
A Polícia Federal deflagrou nesta manhã a 16ª fase da Operação Lava Jato. Denominada de Radioatividade, o foco das investigações desta etapa são os contratos firmados com a Eletronuclear, para as obras da usina nuclear Angra 3 e pagamentos de propina a funcionários da Petrobras.
Cerca de 180 policiais federais cumprem 30 mandados, sendo 23 de busca e apreensão, 2 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva. As equipes estão em cinco cidades: Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Barueri.
Além da investigação dos crimes de lavagem de dinheiro e prévio ajustamento de licitações, estão sendo analisados a formação de cartel e o pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da estatal.
Um dos presos na manhã desta terça-feira (28) é Othon Luiz Pinheiro da Silva, considerado o “pai” da energia nuclear no Brasil. Foi detido por ser presidente licenciado da Eletronuclear, Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras.
Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva?
Vice-Almirante, Othon foi responsável pelo programa nuclear da Marinha, iniciando o projeto de separação isotópica do Urânio em 1979, que resultou na produção de 24 toneladas de hexafluoreto de Urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Por meio de seus esforços, foi desenvolvida a tecnologia de ultracentrifugação de urânio, um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil.
Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN de 1982 a 1984, fundador do Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994, exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), de 1986 a 1994. Seu currículo é um resumo da história da energia nuclear no Brasil.
Othon ocupava a presidência da Eletronuclear desde outubro de 2005, mas pediu o afastamento em abril, depois de notícias de que ele teria recebido propina nas obras da usina nuclear de Angra 3. As informações partiram da delação premiada de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa.
Também foram alvos dos mandados de busca e apreensão Ricardo Ourique Marques, Renato Ribeiro Abreu, Petronio Braz Junior, Maria Celia Barbosa da Silva, Flavio David Barra, Fabio Andreani Gandolfo, Luiza Barbosa da Silva Bolognani, Ana Cristina da Silvia Toniolo e as empresas Eletronuclear, Aratec Engenharia Consultoria e Representações.