Temos que conversar melhor sobre o republicanismo do PT.
Vou falar rápido porque tenho de lavar a louça suja da cozinha.
Antes, de fazê-lo, porém, preciso lavar a louça suja de algumas ideias.
Depois discutiremos isso em mais profundidade, porque é um assunto muito sério.
Num debate um pouco áspero com uns conhecidos de tweet, percebi que o “republicanismo” é uma doença mortal e suicida, e contaminou muito mais gente do que eu imaginava.
Os militantes do PT e do governo mais fanáticos disseram coisas assombrosas, que apenas reforçaram minhas suspeitas.
Grande parte do PT não sabe mais o que é republicanismo.
Diante da minha defesa de que o governo precisa nomear pessoas alinhadas ao governo para cargos estratégicos, eles reagiram como se eu estivesse defendendo o engavetamento de denúncias.
Não é isso.
Muito pelo contrário.
É preciso estabelecer parâmetros éticos muito rígidos. Muito mais do que hoje.
Mas é preciso, igualmente, estabelecer parâmetros de confiança muito mais sólidos.
Um governo precisa ter um nível de coesão interna sólido e seguro.
Nomear golpistas para o STF, como o governo fez com Joaquim Barbosa, Ayres Brito, Luiz Fux, etc, como fez com o novo diretor da PF, não tem sentido.
Não são éticos e não são confiáveis.
Isso não é republicanismo.
O que mais me assustou, contudo, na militância fanática do PT foi a defesa da estratégia de dar dinheiro à Globo.
Os petistas mais “republicanos” foram ainda mais longe: disseram que o governo não só estava certo em dar tanto dinheiro à Globo, porque assim manda a lei, como deveria ignorar os blogs e, para seguir a lei, dar dinheiro para Google, Yahoo e Facebook.
Sim, disseram isso.
E quando eu protestei, acusaram-me de pretender que o governo destinasse para o meu blog todo o dinheiro destinado à Globo.
Respondi que esse tipo de acusação era a mesma coisa que acusar um nacionalista, que protestasse contra a entrega da Petrobrás para os estrangeiros, de querer ficar com toda a produção de petróleo do país para abastecer o seu próprio carro.
Outros começaram a atacar os blogs, de forma geral: são os fanáticos que desconfiam dos blogs de esquerda porque estes criticam o governo e o PT.
Ou seja, sem argumentos, começaram a lançar suspeitas sobre minhas intenções, numa prova de que, para provar que o seu republicanismo é honesto, estão dispostos a todo o tipo de desonestidade intelectual e jogo sujo.
Fiquei ofendido. Levo uma vida tremenda difícil há muitos anos, como blogueiro independente. Sem ajuda de governo, partido, sindicato, Odebrecht, mídia, nenhuma empresa.
Sou independente puro sangue. 100% negritude.
O mínimo que peço a esses “republicanos” petistas é que me respeitem.
Se luto pela democratização das verbas publicitárias do Estado, não é para mim, é para dezenas de milhares de sites na internet, que poderiam respirar melhor e receber uma pontapé inicial, para produzirem conteúdo diferente e proporcionar mais pluralidade de reportagem e opinião à população brasileira.
E para o Estado seria muito melhor: mesmo o governo torrando bilhões na grande mídia, ninguém sabe o que o governo está fazendo. O resultado, portanto, é contraproducente.
Esse republicanismo petista, além de burro, covarde e suicida, ficou meio doido.
Se a Globo convencer esses petistas de que é “republicano” entregar o governo do Brasil diretamente ao Tio Sam e dar nosso petróleo de graça às companhias americanas, é capaz deles fazerem isso.
Temos que remover, de dentro do PT e da esquerda em geral, esse republicanismo esquizofrênico.
Isso não é republicanismo.
Isso é o que a mídia inculcou na cabeça do petismo do que seja republicanismo.
O único republicanismo de verdade é defender a democracia e o povo!
Para isso, é preciso sim reduzir o dinheiro dado à grande mídia e injetar recursos na internet livre!
É preciso nomear um diretor da Polícia Federal alinhado aos grandes projetos populares do governo!
Quanto ao ministros do STF, nem falo mais nada, agora é tarde. O PT perdeu o bonde da história e o Brasil (incluindo o próprio PT) pagou e paga um preço altíssimo pelos covardes, vendidos à mídia, que nomeou para lá.