Os percalços e sucessos do golpe

O blogueiro está um pouco enrolado hoje e por isso vou deixar aqui algumas sugestões de leitura, acompanhadas de comentários. Provavelmente vocês já leram a maioria, mas vale a ênfase, até porque precisamos compartilhar ao máximo essas denúncias contra o arbítrio, os golpes e as conspirações.

Primeiro, vamos ao Tijolaço, do meu parceiro Fernando Brito. Vou indicar os cinco últimos posts dele (amanhã estou lá, escrevendo também).

1) Mídia “abafa” escuta e, na falta de um ministro da Justiça, vale o “Mário”…

Texto muito bom do Fernando Brito sobre dois fatos: a gravíssima e ilegal escuta encontrada na cela de Youssef, que pode melar a Lava Jato; e o destaque ridículo que a mídia deu a uma fofoca sem sentido do próprio Youssef. O caso grave é abafado; o caso pueril é elevado à grande notícia.

2) O caso da escuta pode melar a Lava Jato? É o que ameaça o advogado de Youssef

É o post anterior ao citado acima, ainda sobre o caso da escuta ilegal encontrada na cela de Youssef. Traz detalhes sobre as reportagens feitas na grande imprensa sobre o episódio que poderia, em tese, servir para amainar os ímpetos golpistas da Lava Jato, se tivéssemos um ministro da Justiça interessado em defender a estabilidade de seu próprio governo.

3) Agente e delegado acusam dirigentes da PF por escuta e por sindicância “armada”

Elementos que agregam gravidade à denúncia sobre o grampo encontrado na cela de Youssef. A sindicância para apurar o caso é falsa. O golpe protege a si mesmo.

4) Telmário Mota, no Senado: José Serra é um traidor do Brasil. Imperdível

Um vídeo para lavar a alma deste nosso Brasil nacionalista, que anda tão abatido com a onda crescente de ataques sórdidos, partindo da direita e mídia. O senador Telmário Miranda descasca o entreguismo de José Serra.

5) Mello: “em 48 h não tivemos duas sessões legislativas”. Cunha atropelou a Constituição, ouça

Pois é, desta vez, o golpezinho sujo de Eduardo Cunha pode sair pela culatra. A movimentação nos altos escalões da República e na cúpula da comunidade jurídica tem sido muito intensa para barrar a tirania inconstitucional de Eduardo Cunha. Quando perde uma votação, ele simplesmente vai votando outra vez, até ganhar, qual uma criança mimada que não aceita perder o jogo.

Agora vamos para o Brasil 247, que o UOL quer fechar para ficar com o dinheiro das verbas públicas.

6) Estaleiro fecha as portas no Rio.

Olha só no que está dando a irresponsabilidade da República do Paraná. Em sua ânsia golpista para desestabilizar o governo, está provocando fechamento de grandes empresas, e empresas estratégicas, justamente num momento delicado de nossa economia. A corrupção tem de ser combatida, mas com espírito republicano e responsabilidade, para não provocar danos à sociedade. Os prejuízos causados pela Lava Jato superam em muito tantos os desvios cometidos, e transformam a intenção dos procuradores de “recuperar” 1 bilhão em piada de mau gosto. É como alguém matar todas as galinhas do seu galinheiro e depois te dar alguns ovos como “compensação”.

7) O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, agora está chantageando publicamente o seu próprio partido. Com a chantagem, conseguiu uma sobrevida. Ninguém está pedindo que “interfira” no lado sério das investigações, ministro. E não é o PT. É um setor fortíssimo da sociedade, incluindo aí a OAB, grande parte da comunidade jurídica, e até ministros do STF, que já se manifestaram em alto e bom som contra os arbítrios da Lava Jato. Sobretudo, era preciso que o senhor liderasse um debate sobre os perigos da judicialização da política. Que fizesse ao menos uma condução política progressista e irresponsável do debate sobre a Lava Jato. E não ficasse aí pelos cantos, dando entrevistas à TV Veja, e fazendo insinuações contra seus próprios correligionários – para ficar bem na mídia, evidentemente. Se você fala mal do PT, a mídia imediatamente lhe protege e lhe blinda, mas isso – para ser delicado – é mau caratismo político.

8) Sobre a votação no TSE, que decidirá sobre as contas da campanha de Dilma. Eu tenho a impressão que tudo isso é uma palhaçada, um jogo armado. O TSE virou um mini-parlamento. Seus votos são decididos de maneira puramente política. Então rola apenas um jogo de pressão, um teatro. Não tenho confiança. Por isso era tão importante uma mídia plural, para que o jogo de pressões democráticas se desse de maneira um pouco mais equilibrada. Do jeito que está, os golpistas tem a grande mídia, abastecida com bilhões em verbas federais e estaduais, e a legalidade democrática tem apenas alguns blogs e redes sociais contra-hegemônicas. Agora: imaginar que o destino da República estará em mãos de Fux, é dose para leão. É tão trágico que dá vontade de rir. Sobretudo se lembrarmos que foi Dilma que o nomeou.

9) Moro critica outra empreiteira por se defender na imprensa

Moro é um ditador incrível. Daria um belo tiranete numa república de banana. Quer dizer que os procuradores, os delegados, ele próprio, podem acusar à vontade na imprensa? Os réus não podem se defender? Qualquer manifestação em prol de sua inocência é mais uma “prova” de que se deve permanecer preso? Ele diz que os empreiteiros usam seus bilionários recursos para se defender. Ora, ele faria o mesmo tipo de acusação se os empreiteiros publicassem, a baixo custo, sua defesa em blogs. Aliás, vale lição para os empresários de todo o país. Uma imprensa monopolista e golpista põe em risco a segurança pessoal, jurídica, financeira e política de qualquer cidadão e qualquer empresa. O sujeito, para se defender, tem de pagar anúncios milionários.

10) CUNHA LIMA MARCA LARGADA DO GOLPE: 14 DE JULHO

Eu estava torcendo para que minha tese sobre o golpe de agosto fosse paranoia. Mas pelo jeito não é. Todos os elementos estão se convergindo. Enquanto isso, o ministro da Justiça, ao invés de furar a bolha do golpe, protesta contra o PT… E a presidenta, muda. Uma coisa é certo. Se ele vier, terá que ser rápido, para não dar espaço para a defesa do governo. Manter o governo mudo e amordaçado, como já está, será fundamental. A reportagem do UOL tentando desqualificar o trabalho da mídia alternativa também cumpriu tarefa para o golpe. Afinal, é preciso deslegitimar as únicas vozes que protestam contra uma campanha em uníssono da grande mídia para violar a soberania popular.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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