No Brasil, acontecem algumas coisas inacreditáveis.
A Globo está usando seu poder de monopólio para forçar rebaixamento do piso salarial de várias categorias profissionais do jornalismo.
Colegas estão me dizendo que a Globo está fazendo isso no Brasil inteiro. Alguns sindicatos inclusive me prometeram repassar mais informações.
O modus operandi são ameaças, voto de cabresto, coação.
Além de não conseguirem reajustes, os jornalistas estão aceitando ganhar menos!
Esse é outro mal do monopólio, deixa o trabalhador à mercê do arbítrio de um patronato cartelizado.
E tem jornalista que ainda é contra a democratização da mídia…
Houvesse uma regulamentação democrática, poderiam surgir dezenas, centenas de novas empresas de mídia.
O monopólio sufoca a concorrência e destrói o ecossistema de qualquer atividade econômica, sobretudo no campo da economia criativa, que é onde opera o jornalismo.
Se os empregados da grande mídia já são escravos mentais e ideológicos de seus patrões, com o rebaixamento de seus salários caminham para se tornar escravos no sentido pleno da palavra!
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No Sindicato de Jornalistas do Rio de Janeiro.
Campanha salarial: ação patronal leva à aprovação de convenção rebaixada para jornalistas de rádio e TV
A ação das empresas de rádio e TV levou à aprovação de um acordo salarial para este segmento que rebaixa o piso salarial, concede reajuste abaixo da inflação atual e, ainda por cima, prevê pagamento parcelado do retroativo. A manobra não se repetiu na votação do segmento de jornais e revistas, que rejeitou a proposta dos patrões e vai continuar em negociação.
A proposta para a convenção coletiva de 2015 de rádio e TV foi aprovada em votação apertada – com apenas onze votos de diferença. O grupo que votou de acordo com a vontade dos patrões o fez sob falsas ameaças de que teriam salários cortados em até 30% e que não receberiam parcela da participação de lucros paga pela Rede Globo.
A decisão poderá fazer com que os jornalistas deste segmento tenham reajuste de 7,13%, cujo retroativo a fevereiro poderá ser parcelado em até quatro vezes, dependendo do número de profissionais empregados na empresa. Foi referendado piso de R$ 1.446,25 (rádio) e R$ 1.606,95 (TV) – respectivamente R$ 986,47 e R$ 825,77 abaixo do piso estadual, que é de R$ 2.432,72. A CLT prevê que valor fixado em convenção coletiva prevalece sobre o da lei regional, ainda que seja menor.
Os profissionais de jornais e revistas, por sua vez, rejeitaram a ofensiva patronal. Eles não se sentiram contemplados pelas propostas das empresas e decidiram pela continuidade das negociações. Foi aprovado destaque para que o Sindicato não fique autorizado a negociar piso salarial na convenção. O recurso vai impedir que os patrões desse segmento pressionem por um valor abaixo do que foi sancionado pela Assembleia Legislativa em maio.
Uma das propostas patronais de jornais e revistas rejeitadas ontem fixava a correção dos salários em 7,13%, relativo ao INPC, mas com piso de R$ 1.550 para jornadas de cinco horas – valor R$ 932,72 inferior ao piso regional. A outra, também rejeitada, previa reajuste de 7,13% para quem ganha até R$ 5.000 e R$ 356,50 para os salários superiores. Por essa alternativa, valeria o piso regional. O reajuste retroativo a fevereiro seria pago em parcelas nas duas alternativas.
Rede Globo manda jornalistas para assembleia em carros de reportagem
Essa foi a oitava assembleia da campanha salarial 2015. Realizada em duas sessões, uma na sede do Sindicato e outra no Bar Enchendo Linguiça da Lapa, foi a que reuniu o maior número de jornalistas: 229. Ficou evidente a ação das empresas para dividir os trabalhadores para que votassem contra si e em benefício dos patrões – o que será denunciado ao Ministério Público do Trabalho.
Editores e chefes da Rede Globo circulavam com desenvoltura entre os jornalistas da emissora, ordenando – no pior estilo ‘voto de cabresto’ – em quais propostas os profissionais deveriam ser favoráveis ou contrários. A Rede Globo conduziu os jornalistas à assembleia da noite em seus carros de reportagem.
A manobra, no entanto, ficou evidente e gerou forte resistência dos jornalistas que, junto ao Sindicato, desejavam uma discussão mais aprofundada das cláusulas em busca de um acordo mais vantajoso para os trabalhadores. Se, na primeira sessão, o grupo da TV Globo conseguiu passar o trator e votar todas as propostas em bloco, à noite essa tentativa foi abortada por resistência dos demais, e numerosos, jornalistas presentes.
Nas redes sociais, a aprovação do acordo rebaixado gerou indignação e incredulidade. Jornalistas articulam mobilização para tentar barrar o resultado da votação de rádio e TV.