Vejam só que ridículo.
Depois de 14 fases, mais de sete meses de operação, dezenas de empresas fechadas, crise política, milhares de demitidos, as principais fontes de sustentação de toda Lava Jato discordam em quase tudo.
O que Paulo Roberto Costa fala, Youssef nega.
O que Youssef nega, Paulo Roberto fala.
As contradições entre os dois já estavam evidentes nos depoimentos.
Mas não creio que isso será problema para os procuradores e delegados.
Pelo jeito, as autoridades irão torturar os dois por tempo indeterminado, através de acareações repetidas até a exaustão, até que ambos concordem em tudo, claro.
Segundo o G1, depois de oito horas de acareação, chegou-se a “uma convergência“.
Parece que essa é só a primeira etapa. Mais algumas centenas de horas de “acareação”, e os procuradores serão capazes de arrancar muitas outras “convergências”.
Afinal, hoje em dia, não há mais nada que uma tortura psicológica bem feita não resolva. E se isso não resolver, conversa-se com o advogado de um, com o advogado de outro, reduz-se um pouco a pena aqui, dá-se um prêmio ali, faz-se o cara ver que a imprensa está precisando de uma novidade…
Enfim, os procuradores praticamente ditam o que o réu deve dizer, e está tudo certo.
Desde que tudo seja devida e seletivamente vazado, para os órgãos certos, e que o juiz continue fazendo o papel de promotor de acusação, sem respeitar nenhum direito da defesa, tudo vai às mil maravilhas.
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No Jornal GGN.
Contradições em depoimentos de Costa e Youssef permanecem
TER, 23/06/2015 – 09:15
ATUALIZADO EM 23/06/2015 – 09:17
Depois de 14 fases da Operação Lava Jato, delatores ficam frente a frente e não solucionam divergências em informações
Jornal GGN – Já passadas 14 fases da Operação Lava Jato, em mais de sete meses desde as primeiras prisões preventivas de réus apontados no esquema de corrupção da Petrobras, os indícios que sustentam a investigação ainda são frágeis. A base de todos os processos são os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, algumas vezes complementares, mas com informações contraditórias e divergentes.
Nesta segunda-feira (22), a Polícia Federal de Curitiba colocou Costa e Youssef frente a frente, durante oito horas, pela primeira vez em um depoimento. Mas não foi suficiente. As principais divergências permanecem.
Entre elas, a de Costa que afirmou que o doleiro autorizou, em 2010, o repasse de “contribuições” para as campanhas da então governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e do senador Humberto Costa (PT). O doleiro, por outro lado, afirmou que não entregou dinheiro a eles e que é possível que o ex-diretor “tenha se confundido” ou que a entrega, fruto de caixa 2 com dinheiro da Petrobras, teria sido feita por outros operadores do esquema de corrupção. Roseana e Humberto Costa negam as acusações.
Outro ponto ainda não esclarecido foi a divergência sobre a campanha da presidente Dilma Rousseff, também em 2010. Costa disse ter autorizado Youssef a repassar R$ 2 milhões ao caixa petista a pedido do ex-ministro Antonio Palocci, na época deputado federal e coordenador da campanha. O doleiro, entretando, disse que não fez pagamentos para a eleição da presidente e nega ter tratado deste assunto com Palocci.
Como não houve instalação de inquérito sobre essa parte dos depoimentos, os delegados e procuradores da Força Tarefa decidiram adiar o tema para outra acareação. O advogado Tracy Reinaldet, um dos que defendem Youssef na Lava Jato, disse, porém, que não trataram da campanha de Dilma “porque todos já estavam muito cansados”. A acareção levou cerca de 8 horas.
De acordo com os advogados dos dois delatores, não houve tensão nos momentos em que ficaram frente a frente, apesar de terem “trocado farpas”, em determinado momento, um apontando que o outro “não se lembrava direito”.
Com informações da Folha e Valor