A resposta de Paulo Pimenta ao ataque da Folha

Muito boa resposta do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) ao ataque sórdido da Folha.

Um texto vivo, com emoção, respirando indignação verdadeira.

É assim que se faz política, assim se convence as pessoas!

Com paixão!

A tese da Folha, de que o PT quer “inflar” a operação Zelotes é daquelas que te fazem rir de nervoso.

Inflar?

Como é possível inflar uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público que apura desvios da ordem de R$ 20 bilhões?

Como alguém pode “inflar” algo assim?

Na verdade, o deputado, no artigo baixo, vai no cerne da questão. A mídia quer controlar que escândalos devem ou não ser investigados. E está incomodada com Paulo Pimenta, porque ele está tomando uma iniciativa que a mídia acha que é exclusividade dela.

A tese é grotesca. Segundo o jornalista da Folha, o Brasil só deveria investigar um escândalo por vez. O critério seria dado pela mídia, claro. Todas as outras operações deveriam ser paralisadas, toda a imprensa, todos os partidos, todos os políticos, deveriam se concentrar apenas neste escândalo.

Ora, um país com 200 milhões de habitantes tem de experimentar sempre várias investigações simultâneas. É assim que iremos combater a corrupção.

Do ponto-de-vista político e democrático, haver várias investigações acontecendo ao mesmo tempo é saudável. A mídia quer uma só por vez, por razões estritamente golpistas, porque com apenas um escândalo, ela consegue controlar sua narrativa da forma mais absoluta, e dar-lhe uma função política não democrática.

A Lava Jato, por exemplo, não precisava ser tão politizada. Mas, a bem da verdade, temos que admitir que a coisa não começa apenas pela mídia. Começa por setores estranhamente partidarizados do Ministério Público.

Mas a promiscuidade com a imprensa é gritante e ridícula.

A força-tarefa da Zelotes não vai posar na capa da Folha, qual os heróis do filme Intocáveis. Até porque não é bem uma força-tarefa. É um procurador solitário, alguns delegados, um deputado gaúcho, lutando contra um monstro de R$ 20 bilhões.

O judiciário não ajuda em nada. No Brasil, é assim. Ou o cara é uma besta-fera como Sergio Moro, que prende todo mundo, por seis meses, sem prova, que autoriza a quebra indiscriminada de sigilo de centenas de pessoas, mesmo aquelas que não tem nenhuma relação direta com a investigação. Ou o juiz não faz nada, não autoriza absolutamente nada, nenhuma prisão, nenhuma busca e apreensão. Nada.

É oito ou oitenta.

O poder da mídia tem muito a ver com a isso. A mídia, apesar de decadente, ainda tem força nos meios sociais onde circulam juízes e desembargadores. A única coisa que esses caras temem mesmo é a Globo. Porque só a Globo pode, por enquanto (e isso também está mudando) deixá-los mal vistos nos saguões de aeroportos e vernissages de bacanas.

Vamos ao texto do deputado.

*

Folha de S.Paulo ataca quem investiga a Zelotes

Para minha surpresa, nesta quinta-feira (21), o colunista da Folha de S.Paulo Leonardo Souza iniciou uma “cruzada” contra todos aqueles que lutam para que não haja uma operação abafa sobre a Operação Zelotes. Acuada que está, a mídia faz diversas tentativas para desqualificar tanto a Zelotes quanto o episódio das contas secretas do HSBC na Suíça, conhecido como escândalo Swissleaks, pois ela não sabe QUEM as investigações poderão “pegar”.

O que se sabe é que nesses dois escândalos bilionários de sonegação há empresas de mídia e nomes ligados a grupos de comunicação envolvidos. Como a imprensa não controla esses episódios, ela busca estratégias para retirar a autoridade do trabalho investigativo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, ou daqueles que buscam dar visibilidade à Operação Zelotes.

A imprensa, basicamente, não se ocupa da Operação Zelotes por três motivos: o escândalo bilionário não envolve a classe política (os envolvidos são empresas privadas, anunciantes da própria mídia); há grupos de mídia investigados; e por que parte da imprensa sustenta que sonegar é um ato aceitável, e que não se trata, portanto, de corrupção.

Chama atenção que o colunista Leonardo Souza jamais se deteve em profundidade ao assunto para informar à sociedade o que é o Carf, o que é a Operação Zelotes, como é que agiam as quadrilhas que se apropriaram de uma estrutura como o Carf para defesa dos seus próprios interesses. Pelo que se sabe, o colunista não moveu até agora uma palha para tentar esmiuçar o assunto. Quando não cala sobre a Zelotes, o colunista Leonardo Souza prefere fazer juízo de valor sobre a minha atuação, tentando colocar sob suspeita as reais intenções do nosso trabalho.

Lamento que, mesmo tendo gasto grande quantidade de papel e tinta acompanhando a Operação Zelotes e a nossa atividade parlamentar, o colunista da Folha de S.Paulo o faça sem reconhecer a realidade dos fatos, sob a frágil alegação de que os esforços engendrados por nosso mandato tenham a única finalidade de desviar a publicidade da operação Lava Jato. Qual o motivo de tratar a Lava Jato e a Zelotes como concorrentes, e não como casos de corrupção de forma semelhante, respeitando o direito que a sociedade tem de ser informada? Se o raciocínio do tal colunista procedesse, seria possível afirmar que a mídia só cobre a Lava Jato com objetivo de ofuscar a Zelotes.

Sim, Leonardo, que as autoridades investiguem a fundo a Lava Jato, a Zelotes, o HSBC, o Mensalão Tucano, o Trensalão Tucano de São Paulo e todos os casos de corrupção do país, bem diferente do que ocorria até o final dos anos 1990, quando muitos casos de corrupção eram engavetados. E que a imprensa, por sua vez, noticie todos os casos de corrupção do país.

E quando for cobrada de que não está cumprindo com o papel de informar e servir ao cidadão, de que está agindo como a quadrilha que atuava no Carf defendendo apenas seus próprios interesses, que a imprensa não busque o caminho dos ataques, da desqualificação e das suposições baseadas em ufanismos editoriais ideológicos. Que não seja autoritária como os censores da ditadura! Que não tente calar e sufocar a voz daqueles que buscam chamar atenção para a roubalheira que foi feita no Carf. Que não censure! Que não faça o que justamente critica. Combata a censura, a si próprio, e não quem defende a liberdade para se falar da Zelotes e de todos escândalos de corrupção.

Por respeitar e confiar na independência do poder judiciário é que buscamos tratamento isonômico a todas as investigações criminais envolvendo o desvio de verbas públicas. Acreditamos que entre os excessos a Operação Lava Jato e a negligência dedicada à Operação Zelotes deve existir um caminho do meio.

As estratégias da mídia são velhas conhecidas. O que há de novo é que, agora, não há mais como impedir que o público tenha acesso às informações de que os grandes grupos de comunicação estão envolvidos tanto no Swissleaks quanto na Zelotes, que apuram sonegação fiscal, corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

Infelizmente, a imprensa brasileira trabalha os casos de corrupção não a partir do ato em si, mas, sim, a partir de quem praticou a corrupção e quem está envolvido nesses escândalos. Só depois desse filtro, dessa censura prévia, e só depois de verificar se não irá atingir interesses dos grupos econômicos influentes, é que a imprensa decide qual o tamanho da cobertura jornalística que dedicará, ou, então, se irá varrer os acontecimentos para debaixo do tapete, sumindo com esses fatos do noticiário.

A mídia conhece, mais do que ninguém, os limites da sua liberdade de expressão, até onde pode ir e sobre o quê e quem falar. Nesse sentido, e parafraseando o próprio colunista Leonardo Souza, “é uma pena que o ímpeto apurativo da imprensa brasileira não se dê pela vontade genuína de ver um Brasil limpo da corrupção”.

Paulo Pimenta, jornalista e deputado federal pelo PT-RS.

O artigo acima também foi enviado à editoria de Opinião da Folha de S.Paulo. Abaixo o ataque da Folha ao deputado Paulo Pimenta e ao PT

PT quer inflar Zelotes para contrapor à Lava Jato, por Leonardo Souza

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) iniciou uma cruzada em defesa da Operação Zelotes, aberta pela Polícia Federal em março, num trabalho conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita, para apurar fraudes no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), espécie de tribunal superior para julgar autuações lançadas pelo fisco.

Pimenta é relator da submissão da Câmara criada para acompanhar o trabalho dos investigadores no curso da Operação Zelotes. Por iniciativa do deputado gaúcho, foram ouvidos nesta quarta-feira (20), na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, presidida pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP), os delegados da PF encarregados da investigação. Na semana passada, fora a vez do procurador Frederico Paiva, chefe da força-tarefa do MPF para o caso.

A Zelotes merece toda a atenção do poder público. Estima-se que as fraudes no Carf alcancem R$ 19 bilhões. Segundo o MPF, há provas consistentes de ilegalidades cometidas no julgamento de autuações que somam mais de R$ 5 bilhões.

Os valores envolvidos são muito maiores do que qualquer outro escândalo do vasto noticiário da corrupção brasileira. Assim, a iniciativa de Pimenta e de outros petistas seria muito bem-vinda, não fosse a verdadeira motivação para tal empenho.

O deputado não esconde que deseja um contraponto à Lava Jato, operação que desvelou as barbáries cometidas na Petrobras na gestão petista e que já arrastou para o centro do escândalo alguns nomes estrelados do partido, como ex-tesoureiro João Vaccari Neto.

Pimenta já aventou a possibilidade de solicitar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que acompanhe os desdobramentos da Zelotes. Ao contrário da Lava Jato, que já levou à cadeia empresários, políticos, doleiros e lobistas, na Zelotes a Justiça negou os 26 pedidos de prisão preventiva feitos pelo Ministério Público até aqui.

Pimenta acusa a imprensa de deliberadamente ofuscar a Zelotes, como num golpe para manter somente a Lava Jato e seus investigados sob os holofotes. “A sociedade não aceitará uma operação abafa sobre a Zelotes”, já bradou o deputado.

“Curiosamente, a Zelotes não é noticia, e a chamada grande mídia não demonstra nenhum interesse em ter acesso ao processo, em cobrar providências. Como explicar à sociedade brasileira que um esquema que causou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 19 bilhões não seja de interesse público?”, questiona o congressista.

As afirmações do deputado não condizem com a realidade. Nesta Folha há vários repórteres escalados para cobrir o assunto, assim como em todos os grandes veículos de comunicação do país. Já foram consumidos muitos quilos de papel e litros de tinta (e incontáveis megabytes na internet) na cobertura do tema.

É uma pena que o ímpeto apurativo do deputado não se dê pela vontade genuína de ver um Brasil limpo da corrupção.

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GABINETE DEPUTADO FEDERAL PAULO PIMENTA
Jornalista Responsável: Fabrício Carbonel – Mtb 14.264
Assessoria de Imprensa: 61.8168.1313
Email: imprensa.paulopimenta@gmail.com

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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