Para variar, a denúncia “premiada” de Ricardo Pessoa ao Ministério Público começou a vazar à imprensa antes mesmo dos órgãos repressores divulgarem oficialmente o seu conteúdo.
Pelo que já foi divulgado, todavia, não terá grandes novidades.
A defesa de Pessoa, que não é boba, entrou no jogo desesperado da Procuradoria e do Judiciário, inteiramente baseado em delações, sem se importar muito com a existência de provas.
Pessoa é forçado a jogar conforme as regras de uma justiça de exceção, lançando um pouco de carne às feras da mídia, senão quiser ser despachado novamente para as masmorras de Moro.
Aliás, hoje foi divulgado um bate-boca entre Sergio Moro e a OAS, na qual o magistrado novamente faz um monte de acusações sem prova. O engraçado é que o próprio Moro admite.
Uma matéria na Folha reproduziu trechos do despacho de Moro, em resposta à recusa da OAS de entregar documentos relativos a seus contratos com José Dirceu:
(…) O magistrado argumentou que naquela ocasião a OAS “optou simplesmente por apresentar no inquérito contratos e notas, aparentemente, falsas, usadas para lavagem de dinheiro, como se verdadeiros fossem”.
Moro criticou a conduta da empreiteira no processo. “Desconhece esse julgador que a apresentação de documentos aparentemente falsos em inquérito como se verdadeiros fossem seja comportamento processual regular ou aceitável. Se armadilha houve, foi da empresa que não alertou o advogado para a natureza dos documentos ou do advogado que não alertou o cliente das consequências do ato”, escreveu.
“Não cabe à empresa ou aos advogados transferir ao juiz a responsabilidade por suas escolhas aparentemente fraudulentas”, completou o magistrado no despacho. (…)
Repare na quantidade de vezes que Moro usa o termo “aparentemente”.
O texto está na mesma linha daquela resposta de Moro a Nestor Cerveró, quando este o confrontou sobre a razão de sua prisão preventiva: Moro lhe perguntou se não achava “estranho” ele morar num apartamento sem pagar aluguel.
“Estranho”, “aparentemente”, estes são os sólidos argumentos de Moro para condenar pessoas e empresas…
É um astro da Globo! Não é a tôa que é aclamado como heroi em rega bofes organizados em ninhos tucanos. Em São Paulo, naturalmente.
Da parte do Ministério Público, os procuradores marcaram vários pontos no joguinho conspiratório que praticam contra o Brasil: bloquearam R$ 544 milhões dos grupos Galvão Engenharia, Camargo Correa e Sanko.
Com isso, paralisam algumas centenas de obras país a fora e obrigam essas empresas e seus fornecedores a demitir mais um tanto de gente.
A ex-amante de Youssef, que defendeu o desemprego e a recessão como medidas importantes para “acabar com a corrupção” deve estar feliz.
Essa tática, porém, sofreu um duro revés após a China se comprometer a investir R$ 160 bilhões no Brasil, especialmente em obras de infra-estrutura.
O esforço dos procuradores, com ajuda da mídia, em relação à Ricardo Pessoa, é criminalizar suas doações para o PT. Só para o PT.
Em virtude desse entendimento, a mídia já começou a divulgar alguns números um pouco imprecisos.
Então eu fui ao site do TSE para checar as doações da UTC. E descobri o seguinte: na contabilidade por partido, a empreiteira doou mais para a dupla PSDB e DEM do que para o PT.
Em 2014, a empresa doou R$ 12,6 milhões para PSDB e DEM e R$ 10,8 milhões para o PT.
Ou mais precisamente, R$ 8,47 milhões para o PSDB e R$ 4,15 milhões para o DEM.
Ah, só que o crime é somente quando se doa para o PT…
Será que a UTC também doou para a dupla DEM-PSDB por “medo de retaliações”?
Entretanto, o que explica o ódio do sistema penal tucano à UTC é que, nas doações por candidato, a empreiteira doou mais à Dilma: R$ 10 milhões; para Aécio, enquanto candidato, foram apenas R$ 605 mil.
Aí sim, um crime! Onde já se viu doar mais para um candidato do PT!
Os tucanos, porém, tiveram outras fontes de renda nas eleições de 2014. Apenas o senador Alvaro Dias, antigo amigo de Youssef, por exemplo, recebeu R$ 1,26 milhão de Joel Malucelli e suas empresas.
Malucelli, dono de um grande construtora, barão da mídia (é proprietário de concessões de rádios da Globo e da TV Band no Paraná), é um dos grandes beneficiados com as dificuldades impostas às empreiteiras pegas na Lava Jato.
Em outra frente de ataque, a força tarefa da Lava Jato denunciou 13 pessoas por crimes que não tem nada a ver… com a Lava Jato.
André Vargas, ex-deputado pelo PT, por exemplo, foi indiciado por um suposto esquema envolvendo seu irmão e a Caixa. Crime grave, embora ainda a ser provado – o que não impede, naturalmente, de Moro o manter preso por tempo indeterminado. Mas nada a ver com Petrobrás ou Lava Jato. Serviu apenas para manter o PT nas manchetes da editoria do “petrolão”.
Pedro Corrêa, descrito como “um dos políticos que negociou a nomeação de Paulo Roberto Costa como diretor de abastecimento da Petrobras” foi denunciado pela força-tarefa da Lava Jato, junto com sua filha, a também ex-deputada Aline Corrêa, e Ivan Vernon, ex-chefe de gabinete, “pela contratação de uma empregada doméstica, sem formação técnica, como secretária parlamentar para desviar seu salário”.
Outro crime grave. Mas também sem relação com o “petrolão”.
Os procuradores repetem o procedimento usado na Ação Penal 470 e adotaram o estilo “fim do mundo”, criando um pacotão de denúncias.
Quanto mais material, melhor, porque oferece mais matéria-prima para confecção de teses mirabolantes sobre os planos de dominação mundial praticados pelo PT.