A vida acabou de dar uma resposta trágica àqueles que defendem “intervenção militar” como solução para os males do país.
Pessoas estão morrendo como moscas no Complexo do Alemão, incluindo aí um menino, por causa da guerra entre polícia e traficantes.
A PM, uma instituição militar, parece não ver nenhum problema no genocídio que promove nas periferias. Sim, a PM, porque a maioria dos inocentes morre com balas disparadas pela PM.
Morte de inocente não é problema para a PM, é solução. Solução final.
No máximo, é um problema temporário de imagem na mídia.
Essa é a mesma PM que os coxinhas da Paulista correm para abraçar.
Claro, essa PM não atira em coxinhas brancos e bem vestidos.
Ela mata a juventude negra e pobre.
A irresponsabilidade das polícias, no Brasil inteiro, revela que estas se transformaram, há tempos, em organizações indiferentes ao principal valor que uma sociedade deveria cultivar: o respeito à vida humana, sobretudo se esta vida está num corpo jovem, negro e pobre.
Quantas lavajatos, zelotes, mensalões, petrolões, trensalões, suiçalões, valem a vida de uma criança assassinada pela polícia numa favela do Rio de Janeiro?
Não é esse tipo de coisa que deveria fazer milhões de pessoas irem às ruas?
A corrupção está sendo combatida, até mesmo com sensacionalismo – pois a mídia tenta controlar a narrativa dos escândalos, para usá-los na luta política.
Quem está combatendo, porém, o genocídio policial de jovens e crianças das periferias das nossas grandes cidades?
Os atores da Globo estão em pé de guerra contra o mundo por causa da morte do menino.
Alguém deveria lembrá-los, contudo, que se as nossas polícias militares são assassinas, isso é uma das heranças da ditadura militar.
E a Globo é filha dessa mesma ditadura.
A Globo sempre se posicionou contra soluções sociais e em favor de soluções de violência.
Há décadas que a polícia mata gente nas periferias, e a nossa imprensa nunca deu a devida atenção ao problema.
Ao contrário, a Globo tentou crucificar Brizola, então governador do Rio, quando ele proibiu a polícia de entrar atirando nas favelas, como voltou a acontecer após o fim de seu governo.