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Blogueiros vs Jornalistas: um debate necessário

  Um texto interessante que merece ser debatido. Uma pena que o debate seja apenas nos EUA. Aqui no Brasil, os blogueiros políticos continuam sendo quase criminalizados pela imprensa tradicional. Perseguem judicialmente. Ligam para os anunciantes dos blogs para intimidá-los. Seus pitbulls na política fazem ameaças abertas em palanques. Pior: alguns profissionais de jornalismo às vezes […]

9 comentários
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donttrust


 

Um texto interessante que merece ser debatido.

Uma pena que o debate seja apenas nos EUA.

Aqui no Brasil, os blogueiros políticos continuam sendo quase criminalizados pela imprensa tradicional.

Perseguem judicialmente. Ligam para os anunciantes dos blogs para intimidá-los. Seus pitbulls na política fazem ameaças abertas em palanques.

Pior: alguns profissionais de jornalismo às vezes agem como se fossem jihadistas anti-blogs.

Alguns meses atrás, quando saíamos de uma entrevista com Dilma, uma jornalista, acho que do Globo, começou a gritar em nossa direção:

– Chegou a imprensa golpista!

Era uma provocação agressiva, uma referências às críticas que fazemos à imprensa corporativa, mas não necessariamente aos profissionais.

Talvez um dia, os jornalistas da imprensa corporativa entendam que os blogueiros estão do seu lado, sobretudo porque abrem um caminho profissional, que pode ser o seu próprio futuro.

*

Blogueiros vs Jornalistas
Porque o confronto ainda faz tanto sentido

Por Igor Puga, no site Meio e Mensagem

16/03/2015 19:21 1

O que deveria ser apenas mais um dos quase mil painéis do SXSW se tornou um campo de guerra, no Texas. O painel “New Journalism: Black and White reediting all over” teve euforia, torcida e enfrentamentos pra lá de agressivos e raivosos, mas indicou desconfortos que são bastante compatíveis com a situação do jornalismo brasileiro.

Antes de narrar os fatos que presenciei, é necessário um preâmbulo sobre a magnitude, tanto quantitativa como qualitativa, dos blogs aqui na América do Norte. Do ponto de vista conceitual, falamos de um grupo de endereços na web responsáveis hoje por mais de 32% de toda a audiência da categoria NEWS & INFORMATION, conforme dados públicos do Comscore.

Para compreender esse fenômeno, há uma diferença em relação à natureza desses blogs – grande parte deles faz jornalismo factual – da cobertura que todos os gêneros como jornais, rádios e a própria televisão estão desempenhando: se trata de ocupar a função preliminar da imprensa como prestadora de serviço cujo objetivo é informar às pessoas sobre o que acontece e, não o de registrar pontos de vista opinativos ou analíticos. No Brasil, quase sempre associamos blogs ao colunismo, onde o esforço editorial está ancorado na retórica e no compartilhamento de pontos de vista e posicionamentos.

O painel originalmente deveria discutir as dificuldades dos blogueiros em atuar de forma competitiva neste novo mercado, mas a presença massiva de jornalistas vinculados a veículos de mídia acabou provocando um ping-pong entre as painelistas e a plateia.

O primeiro tema discutia a dificuldade de credenciamento dos blogueiros em eventos fechados realizados tanto pela iniciativa privada como pelos órgãos públicos. Com o baixo conhecimento sobre o mercado de blogs, as áreas de comunicação corporativa e PR ainda acreditam que qualquer adolescente com uma conta wordpress pode se identificar como blogueiro. Essa sensação geral, acaba criando filtros que impedem que os profissionais relevantes cujo blogs são seu meio de vida exerçam sua profissão.

Pior que isso é quando há uma discussão do ponto de vista técnico. Qual a diferença entre um site e um blog? O mero uso de uma coluna central cronológica? Transformar seu blog em algo com “home page”, viabiliza, em alguns casos, sair do grupo pejorativamente taxado de blogueiros. Esse tipo de alteração de arquitetura de informação ou mero design viabilizou para muitos a possibilidade de ser tratado como um jornalista – mesmo que seu empregador fosse ele mesmo. É a situação do preconceito evidente com uma nomenclatura tão desgastada.

Na sequência, uma pauta mais madura foi apresentada: a preservação de fontes para a publicação das notícias.

Em tom de revolta, as blogueiras citaram o fato de que a categoria não possui o privilégio de ter fontes preservadas. Qualquer denúncia ou notícia mais polêmica, quando apresentada em primeira mão por um blogueiro nos EUA, cai em total descrédito quando não há menção da fonte que proporcionou o furo. Seus blogs não conseguem ter reputação suficiente para sustentar a veracidade de suas publicações como acontece nos jornais escritos. Bastava saber se esse diagnóstico era reflexo da tradicional sociedade americana ou consequência de uma guerrilha velada da imprensa formal em descredibilizar seus concorrentes indiretos. Tal suspeita levantou os ânimos por aqui. O que sustentava tal teoria eram exemplos que mostravam matérias de jornais americanos abordando a vida pessoal de alguns blogueiros, veladamente tratados como pessoas públicas e/ou sub-celebridades, mas com residual de atingir sua credibilidade perante registros de suas atividades pessoais pouco ortodoxas – relacionados a homossexualismo, compra de artigos caros e excêntricos, casamentos de interesse ou conveniência – baixarias de um grau do nível dos tablóides britânicos.

Conclusivo mesmo foi o fato de que blogs, ao contrário dos jornais, não podem se reservar ao direito de escreverem uma linha sequer sem a demonstração e assinatura de seu autor. Veículos de comunicação usam de forma recorrente o expediente de não assinarem matérias ou, conforme palavras fortes ditas no painel, “de terem o cinismo de colocarem um “da nossa redação” como forma de responsabilizar coletivamente o todo e não alguém que redigiu o que ali estava descrito”. Tal situação cria uma tensão, onde o blogueiro tem um ônus de ser muito mais vigiado que um profissional comum.

Essa inflamação é decorrente da sensação dos blogueiros de estarem completamente “ensanduichados”. Por baixo, há os cidadãos comuns que ganharam o poder de se expressarem com a popularização das ferramentas de produção de conteúdo. Em cima, há a imprensa capaz de fazer muito além do jornalismo romântico, que produz conteúdo a partir de níveis de influência e infraestrutura tecnológica completas para um produto final bem produzido. Essa dicotomia era óbvia anos atrás, mas com a crise da imprensa tradicional, esses blogueiros não são mais aventureiros despreparados. Eles são a própria ex-mão-de-obra da imprensa tradicional que demitiu em massa nos últimos 10 anos. Desprovidos do que afirmam como “interesses comerciais dos grandes jornais e editoras”, eles se julgam tão ou até mais capazes de produzir um conteúdo tão bom quanto da imprensa formal. Muitos alegam inclusive que a redação é refém de uma mão-de-obra menos preparada que mantiveram a empregabilidade por custarem menos aos empresários do setor.

Mantendo a linha do ataque contra a imprensa, outro ponto discutido tangenciava o sensacionalismo, mencionada como ferramenta de sobrevivência da imprensa tradicional na internet. Supostamente os blogueiros dizem que possuem algum amor próprio e instinto de preservação na relação entre manchete/chamadas com o corpo de suas matérias. Enquanto isso, sites de jornais e emissoras de televisão fazem tudo por um visitante único mesmo que o impacto posterior seja negativo, induzindo clicagens que geram frustração imediata. Afinal o que vale é produzir inventário de page views para comercialização de banners no curtíssimo prazo. Esse ponto foi o único onde jornalistas não conseguiram refutar os argumentos e tiveram que engolir seco as acusações apresentadas.

Para encerrar, não podia faltar a cereja mais óbvia de todas. O questionamento quanto ao rankeamento das ferramentas de busca que, sem explicação transparente do seu algoritmo, determinam o sucesso do mercado americano editorial. Enquanto redes sociais se mostram aliadas na viabilização de audiência para blogs bem como estratégias de SEO, a relação do Google com a imprensa tradicional coroada pelo acordo de remuneração do direito de publicação dos links da associação dos jornais britânicos é apenas mais um indicador que haverá uma política de preservação conveniente do poder da imprensa tradicional americana.

Resta-nos aguardar cenas do próximo capítulo. Mas o contorno do tema tem dinâmica e contexto de novela mexicana.

Igor Puga é Chief Interactive Officer da DM9DDB

http://gente.meioemensagem.com.br/sxsw/2015/03/16/Blogueiros-vs-Jornalistas.html

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Ana Oliveira

18/03/2015 - 13h42

Acho um pouco babação com EUA tem coisa mais interessante acontecendo no resto do mundo em relação a comunicação e midia alternativa principalmente mudança de mentalidade em relação a mídia pela população.

Joao Viramundo

18/03/2015 - 11h56

O Jornal O Globo de hoje baba sangue e expõe sua tática no comando da lava jato: ou delata ou vai pra tortura. Sobre Renato Duque….” Detido anteriormente, mas solto por habeas corpus, desta vez tudo parece indicar que Duque toma o mesmo caminho de colegas. E terá de optar: aceita firmar acordo de delação premiada e poderá até ser beneficiado com prisão domiciliar, como o também ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, ou mantém o silêncio e ficará em companhia de Nestor Cerveró…”

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/…/chega-hora-do-lulopetismo-no…
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Marcos Luiz Ribeiro de Barros

17/03/2015 - 19h11

Miguel, ainda sobre a pesquisa datafolha domingo na Av. Paulista, 76% tinha curso superior e ganham mais de 10 salários mínimos: essa gente sempre foi contra a Dilma/PT. É preciso que vocês mostrem isso (Você, PHA, Luis Nassif, etc.). Logo, foi um ato dos derrotados em 26/10/2014.

Marcos Luiz Ribeiro de Barros

17/03/2015 - 18h54

Miguel, você viu no MSN a pesquisa do datafolha na Av. Paulista, domingo? 82% dos que estavam lá votaram no PSDB para Presidente nas últimas eleições. O datafolha não diz, mas o restante deve ter votado em
candidato a Presidente da oposição

Pedro Pereira

17/03/2015 - 16h54

Bacana o texto!

Pelo vistos nossos blogues ainda estão engatinhado, até porque essa superestrutura que a Globo mantêm sob as agências de publicidade e governo, vai atrasar uma blogosfera produtora de conteúdo próprio, mas esse dia vai chegar.

Sonho com o dia, em que O Cafezinho, DCM, Viomundo, Nassif, Tijolaço, se unam para serem importantes produtores de conteúdo jornalistico.

O nome do site seria “BraSil” kkkkkkkkk (zueira)

Pedro Gomes Brasil

17/03/2015 - 18h42

video bacana https://www.facebook.com/video.php?v=790307371060742

Pharaô

17/03/2015 - 15h26

Eles são jornalistas!Vocêis Mensageiros da Verdade…
jornalista\lembra politico!mentiroso,corrupto! um Mensageiro DE Deus é um Guardião
é um Justiceiro.

    Miguel do Rosário

    17/03/2015 - 15h26

    não exagera


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