O dia em que vencemos o golpe


 

A democracia brasileira amanheceu neste sábado exalando um grandioso suspiro de alívio.

O golpe midiático, que vinham construindo desde que foram derrotados nas eleições de outubro de 2014, micou.

As manifestações do dia 13, organizadas às pressas, com divulgação boicotada pela grande mídia, sem presença de nenhuma celebridade, reuniram centenas de milhares em todo o país.

Apenas em São Paulo, quase ou mais de 100 mil pessoas.

No Rio, mais de vinte mil.

Muita gente achava que não daria ninguém.

Que seriam um fiasco.

Não foram.

Foram um sucesso surpreendente.

Não importa mais quantas pessoas forem às ruas nas marchas golpistas do dia 15.

Jamais serão mais que os 54 milhões de votos dados à Dilma.

Numa democracia, o poder não é definido com batuque de panela, nem com marchas de rua.

Numa democracia, o poder emerge das urnas. E as urnas falaram, estrondosamente, há poucos meses atrás.

As urnas rechaçaram Aécio Neves, o testa de ferro da mídia.

A esquerda conseguiu mexer algumas peças importantes no tabuleiro de xadrez.

E olha que a Rainha ainda nem foi usada…

Nas grandes manifestações da Venezuela ou Argentina, os próprios presidentes entram em rede nacional conclamando o povo a defender a democracia.

Aqui, não.

Aqui o governo ainda joga contra.

As pessoas foram às ruas em defesa da democracia e da Petrobrás, e contra o golpe midiático, apesar da retranca do governo.

Foi uma sinalização tremenda.

As pessoas mandaram um recado: voltaremos.

Foi um recado também para o governo: seja mais ousado, acredite no povo, cumpra as promessas de campanha de avançar mais.

No Rio, Stédile voltou a lembrar que, se a direita quiser medir forças nas ruas, os movimentos sociais aceitarão o desafio com altivez.

Para completar, e numa clara demonstração de derrota política, a grande mídia amanheceu coberta com a lama do Suiçalão.

Os principais barões midiáticos, além de inúmeras estrelas do jornalismo corporativo, tinham contas secretas na Suíça.

Globo, Folha, UOL, Band, todo mundo caiu na rede.

Agora está explicado porque a mídia esconde, sempre, notícias relativas à evasão fiscal.

Porque ela também é sonegadora.

Em 2014, foram mais de meio trilhão de reais sonegados e a mídia não deu este número, apesar de constar num estudo oficial do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz).

Agora está explicado porque Fernando Rodrigues, do UOL, o “dono” da lista do HSBC, tentou esconder os nomes mais “gordos”.

Está explicado porque foi pedir ajuda à Globo.

A decisão da Globo de publicar alguns nomes da própria mídia é resultado direto da pressão das redes sociais.  Fazendo isso, eles tentam preservar um mínimo de controle sobre a narrativa.

Não vão conseguir, porém.

As manifestações desta sexta-feira não foram apenas em favor da Petrobrás e contra o golpe.

Foram sobretudo manifestações contra a mídia golpista.

Foram protestos contra a manipulação da opinião pública.

O Brasil aprendeu, enfim, com 1964, quando a mesma mídia, dominada pelas mesmas famílias de golpistas e sonegadores, organizou “marchas” contra o governo para criar um ambiente propício ao golpe.

As pessoas que foram às ruas, em todo o Brasil, nesta sexta-feira, aprenderam a ser críticos ferozes de uma mídia que, até hoje, trata o jornalismo exclusivamente como uma ferramenta para fazer valer seus interesses políticos e econômicos.

Uma mídia que tenta, há décadas, transformar mentiras em verdades; verdades em mentiras.

Uma mídia que nunca esteve ao lado do povo brasileiro, em nenhum momento de nossa história.

Foi contra a criação da Petrobrás, do salário mínimo, do décimo terceiro, matou Getúlio, manipulou debates para eleger Collor, tentou implantar a Alca, esteve por trás das criminosas privatizações tucanas dos anos 90.

Desde a ascensão de Lula ao poder, em 2003, a mídia faz campanha sistemática contra o governo, conseguindo, enfim, nas últimas eleições, enfraquecer sua base legislativa.

Uma mídia que usou todo o seu poder para influenciar setores do judiciário e do MP (setores que, a bem da verdade, adoram ser influenciados, porque partilham da mesma ideologia reacionária)  e manipular processos, como vimos na Ação Penal 470 e agora, na Lava Jato.

Processos importantes, que poderiam servir para o Brasil aprender alguma coisa, e que foram transformados em espetáculos de circo, em show de arbitrariedades e agressões ao direito de defesa.

Hoje, esta mídia, em sua obsessão para voltar ao poder através de seus laranjas, os tucanos, parece disposta a destruir o país inteiro, através da defesa de processos judiciais que, se levados a ferro e fogo, farão desaparecer mais de meio milhão de postos de trabalho e criarão o risco de uma quebradeira sistêmica na economia nacional.

É contra essas forças políticas, contra esses abutres, que milhares de pessoas se manifestaram no dia 13.

As fotos desse post, da manifestação do Rio, são do amigo Antônio Fernando:







 












Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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