É sempre um alívio lembrar que, além de termos reeleito a presidenta Dilma, Ricardo Lewandowski agora é presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
As primeiras palavras de Dilma, após a eleição, falaram em união, paz e diálogo.
A oposição reagiu com histeria, e sua “base social” saiu às ruas pedindo impeachment e intervenção militar.
Gilmar Mendes, que representa a ultra-direita no STF, deu uma entrevista completamente destrambelhada à Folha, falando em “corte bolivariana”, ou seja, insultando seus próprios colegas, já que usou o termo “bolivariano” numa acepção fortemente pejorativa.
O que queria dizer Mendes? Que seus colegas, atuais e futuros, seriam “corruptos”, “vendidos ao governo”?
Sobre a prerrogativa do PT de escolher ministros do STF, é um direito constitucional, outorgado pelo povo através das urnas. Ou não?
Por acaso Gilmar foi escolhido de outro jeito?
Gilmar é contra a Constituição?
Gilmar Mendes é pago pelo povo para proteger a Constituição. Esta é sua função pública.
Não pagamos Mendes para que ele dê entrevistas atacando a Constituição.
Juiz do STF não tem que falar mal da Constituição.
Ora, a Constituição diz que o presidente da república nomeia os ministros do STF.
Ponto final.
O resto é mimimi de golpista derrotado.
O atual presidente do STF, Ricardo Lewandowski, rebateu a entrevista de Gilmar de maneira demolidora: com humildade, sensatez e, acima de tudo, respeito à doutrina democrática.
Trecho de sua entrevista, publicada em vários jornais:
Lewandowski também afirmou que, mesmo com a maioria de integrantes do STF indicados pelo PT, a corte mantém a sua independência. Na segunda-feira, em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, o ministro Gilmar Mendes disse que o excesso de nomeações de um só partido para o tribunal era um tipo de bolivarianismo. Hoje, dos dez integrantes do STF, sete foram nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou por Dilma Rousseff.
— É uma regra da Constituição. Se o povo brasileiro escolheu determinado partido para que ficasse no poder durante esse tempo, e a Constituição faculta ao presidente da República indicar os membros do STF, enfim, é uma possibilidade de que a Constituição abre ao presidente. Então, é isso, cumprimento da Constituição. Se é bom, se é ruim, isso foi uma escolha das urnas. A história do STF tem mostrado total independência dos ministros. O STF se orgulha muito dessa independência enorme que os ministros têm com relação aos presidentes que os indicaram. Essa é a história do STF — afirmou.