O Globo estampa na primeira página desta quinta-feira, com letras garrafais, que “número de brasileiros na extrema pobreza aumenta”.
No caderno de economia, o título tem sabor de vitória adolescente: “sim, miséria aumentou”.
Por que este “sim”?
Os editores do Globo tornaram-se tão alucinados contra o governo, que perderam a noção do que seja a linguagem jornalística?
Aliás, por falar em linguagem, acho que faltou um artigo definido, um “a”, não?
Algumas frases teste:
Sim, lanchinho tá pronto, Merval.
Sim, mídia tá doidinha com a derrota nas urnas.
Sim, Miriam Leitão passou o dia eufórica porque descobriu um número ruim.
E aí você vê o próprio gráfico apresentado no jornal, e observa que a miséria saiu de 7,6% em 2004, segundo a fonte usada na matéria, para 4% em 2013.
O aumento de 0,4% de 2012 para 2013 está dentro da margem de erro, e não deve ser visto isoladamente. Nesse mesmo tempo, o desemprego caiu e os salários aumentaram.
A Folha também trouxe um gráfico, desde 1992, e aí a gente vê o seguinte.
Sim, miséria aumentou.
Sim, no governo FHC.
Segundo o Ipea, os tucanos tinham 23 milhões de miseráveis em seu segundo ano de governo, e entregaram a Lula 26,24 milhões, que foi o número de seu primeiro ano, 2003.
(Como o orçamento de governo é aprovado no ano anterior, os 26 milhões de miseráveis em 2003 devem ser creditados a FHC).
Lula reduz um bocado a miséria, Dilma ainda mais, e eis que, em 2013, temos 10,4 milhões de miseráveis.
Repetindo: tucanos aumentaram o número de miseráveis de 23 para 26 milhões. PT baixou de 26 para 10.
Sim, miséria aumentou.
Miséria de informação.