Depois de uma semana difícil, na qual a mídia e oposição articuladas deflagraram ataques pesadíssimos contra Dilma, a campanha da presidenta inicia a terça-feira com uma série de boas notícias, blindando-se contra uma possível queda nas pesquisas a serem divulgadas hoje.
Em primeiro lugar, Dilma simplesmente massacrou Aécio Neves no debate da Band.
A direita não conseguiu tapar o sol com a paneira. Noblat, blogueiro amestrado da ultrareaça Globo, pendurou as chuteiras e admitiu, sem tergiversação, que Dilma venceu o debate. A opinião de Noblat ficou alguns segundos na capa do jornal e logo foi retirada.
Mas continua lá, no blog dele.
O massacre começou quando Dilma mencionou o aecioporto.
Aécio perdeu completamente o controle emocional. E tem de perder mesmo, porque essa história não tem explicação.
Dilma foi até piedosa, porque poderia ter enfiado a adaga mais fundo. Ela lembrou que Aécio construiu a fazenda em terras de seu tio, mas não acrescentou que o próprio Aécio possui terras a menos de seis quilômetros do aeroporto.
Os vídeos estão viralizando rapidamente pela internet.
Dilma acusou o PSDB de jamais ter dado sequência a investigações sobre os grandes casos de corrupção ocorridos no governo de Fernando Henrique Cardoso, do partido de Aécio Neves.
Com isso, a presidenta não acusa apenas Aécio Neves. Indiretamente, acusa também a omissão da mídia, que sempre ajudou a abafar a corrupção tucana, visto que, no Brasil, o Ministério Público e o Judiciário, infelizmente, só aprofundam investigações quando a mídia pressiona.
Aliás, esse é o maior perigo de um governo tucano. A corrupção voltará para debaixo do tapete.
Neste sentido, é bom ter imprensa de oposição.
Não precisava ser tão golpista e mentirosa, mas é bom termos um governo, de um lado, e a imprensa, de outro. Ajuda a revelar os casos de corrupção.
Outro golpe certeiro de Dilma foi a revelação de que ele emprega inúmeros parentes no governo de Minas Gerais. Ou empregava quando era governador.
O Aécio sentiu o golpe quando rebateu, confuso: “Me diga onde minha irmã trabalha!”
Ora, todos sabem, até os átomos do nióbio mineiro, que os tucanos entregam quase de graça aos gringos, que Andrea Neves sempre teve cargos no governo mineiro.
Não há nada de republicano ou meritocrático em entregar a comunicação oficial do governo à própria irmã.
A presidenta começou o debate nervosa, o que é compreensível.
Diferentemente de Aécio, cuja campanha vem pendurada na Globo, a de Dilma assenta-se sobretudo em seus milhões de eleitores em todo país, cada um deles um ansioso militante por sua reeleição.
Dilma foi bondosa também ao não mencionar a boquinha fantasma de Aécio, aos dezessete anos, no gabinete do pai, que trabalhava em Brasília.
Segundo o próprio Aécio, nesta mesma época ele morava no Rio. Era surfista, playboy e estudava na PUC.
A grande imprensa não consegue mais segurar a história. A Folha deu hoje. O portal Terra também publicou.
A biografia de Aécio, aliás, é integralmente composta de indicações políticas nas quais o seu “mérito” era simplesmente ser parente de políticos importantes.
Aécio Neves, por exemplo, fala apenas no avô, mas esconde o pai. Por quê?
Porque há muitas acusações de que o pai de Aécio Neves, deputado federal, assim como inúmeros outros parlamentares de direita da época, recebeu dinheiro da CIA para apoiar o golpe de 1964.
Aécio Cunha, pai de Aécio, pertencia à Arena, partido que dava sustentação à ditadura militar.
Voltando ao debate, foi divertido assistir a derrota da arrogância.
Aécio Neves iniciou o debate com uma expressão debochada, de quem se acha o rei da cocada preta.
Fazia perguntas e respondia dando risadinhas cínicas.
Sábio é ditado popular que ensina: ri melhor quem ri por último.
No quebra-queixo ao final do debate, quando os repórteres perguntam ao candidato o que achou, Aécio apresentava uma expressão preocupada, nervosa, e Dilma Rousseff era apenas sorrisos.
Bem dizia Fernando Brito, do Tijolaço: esperem os debates, a campanha de verdade começará a partir deles.
Hoje as bolsas amanheceram em forte queda. Não se sabe se é a crise internacional, ou pesquisa favorável à Dilma.
Se for a primeira explicação, isso desmoraliza completamente a argumentação da campanha tucana e da Globo, de que o mundo está bem e só o Brasil vai mal.
Se for a segunda, não muda nada na campanha de Dilma Rousseff, que aprendeu a não dar bola para nenhuma pesquisa.
Se Dilma cresce agora, ótimo. Senão, crescerá a partir de agora, quando os debates e a campanha nas redes começarem a surtir efeito.
Espera-se ainda um novo grande ataque da Globo na última semana. Mas a intensidade da campanha ajudará a neutralizá-lo.
Outra notícia boa, e não apenas para Dilma, é a forte alta na venda do varejo, divulgada há pouco pelo IBGE.
O volume de vendas no varejo, em agosto, cresceu 1,1% sobre o mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, alta de 3,6% em volume e 10% em receita.
Os fundamentos da economia brasileira permanecem sólidos.