Sensus: uma história de fraudes

A história do Instituto Sensus está recheada de acusações de fraudes.

O próprio PSDB cansou de representar judicialmente contra o instituto. Uma pesquisa no Google mostra uma quantidade razoável de representações judiciais de tucanos contra o Sensus.




*

De alguns anos para cá, porém, o PSDB fez a pazes com o Sensus, e passou a contratá-lo.


 

O que leva um partido que, até ontem, acusava um instituto de praticar fraudes sistemáticas, a adotá-lo como seu instituto preferido?

Em maio de 2014, teríamos a primeira explicação para a súbita conversão do PSDB, de inimigo a cliente.

O Estadão, jornal ultra-tucano, mas que, de vez em quando, é acometido por alguns escrúpulos éticos, denunciou que o Sensus estava preparando uma pesquisa cuja metodologia beneficiava Aécio Neves.


Foi o primeiro grande vexame dos institutos de pesquisa destas eleições, de uma série de muitos. Nenhum outro órgão de mídia, porém, deu bola para o assunto e a coisa morreu.

Agora, no segundo turno, eis uma segunda explicação, essa definitiva, para o ódio do PSDB pelo Sensus ter se transformado em amor.

O Sensus tem outros clientes interessantes:


Observe bem. São as principais empresas estrangeiras interessadas em roubar nosso pré-sal. Quase todas petroleiras estrangeiras.

Há ainda a Telemig, até há pouco controlada por Daniel Dantas.

Há algum tempo, muitos temiam que houvesse um processo de “venezuelização” da política brasileira.

Bem vindos! Chegamos lá.

Em todas as eleições em que Chávez se elegeu com larga maioria dos votos, os principais institutos de pesquisa da Venezuela sempre apontavam larga vantagem para a oposição, semanas antes do pleito.

Estaremos vivendo a mesma angustiante experiência?

Suponho que sim.

Dilma sempre foi favorita para vencer estas eleições. Ganhou o primeiro turno com 43 milhões de votos. Aécio obteve 34 milhões de votos.

O Sensus está dizendo que Dilma não acrescentou um mísero votinho a seu capital eleitoral e que Aécio ganhou 30 milhões de votos?

Se um dia fizermos uma reforma política, teremos que debater a questão dos institutos de pesquisa. Eles terão de ser mais plurais (mais institutos), mais transparentes, mais imparciais. De preferência, temos de fundar institutos ligados a universidades, criar regras mais transparentes e mais rígidas, abrir financiamentos para a criação de mais pesquisas.

Hoje são todos financiados pelo mesmo cartel midiático. A Istoé, que pagou o Sensus, é quase uma filial da Globo em termos de opinião e publicidade.

Não estou dizendo: ah, é impossível Aécio crescer, Dilma vai ganhar, etc.

Não sou adivinho. Não sei quem vai ganhar as eleições. Na minha opinião, o quadro é apertado e qualquer um pode vencer.

Não escondo minha preferência: sou Dilma. Mas se o tucano ganhar, paciência. É democracia. Prometo respeitar a decisão do povo. Não vou reclamar de fraude, de nada.

Vou aceitar estoicamente e seguir fazendo meu blog, contando com a generosidade de meus leitores e assinantes.

Estou apenas dizendo que não dá para confiar mais em nenhum instituto de pesquisa.

Sobretudo naqueles que são clientes do PSDB, já beneficiaram o PSDB nessas eleições, e aparecem com números absurdos.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.