Pimenta da Veiga e os R$ 300 mil de Marcos Valério


 

O caso de Pimenta da Veiga é um escândalo em vários sentidos. O principal deles é a parcialidade da justiça brasileira. João Paulo Cunha recebeu R$ 50 mil de Marcos Valério. O dinheiro tinha sido enviado via Delúbio Soares. Cunha apresentou notas fiscais provando que o dinheiro serviria para pagar pesquisas eleitorais em sua cidade.

Foi execrado e massacrado pela mídia, e sumariamente condenado pela justiça.

Pimenta da Veiga recebeu 6 vezes mais que isso. R$ 300 mil, diretamente de Marcos Valério. Não apresentou documento nenhum. Alegou simplesmente que deu uma consultoria oral.

Ficou por isso mesmo. Não foi massacrado pela mídia. Não foi incomodado pela justiça.

A ousadia é tanta que o PSDB o indicou para ser seu candidato ao governo de Minas.

*

Pimenta da Veiga se enrola ao explicar R$ 300 mil de Valério

publicado em 17 de setembro de 2014 às 9:38

Explicações de Pimenta à Rede Globo sobre Marcos Valério deixam o PSDB em pânico

do Pautando Minas, sugerido pelo Franco Atirador. No Viomundo.

As declarações feitas ao jornal MG TV 1ª Edição nesta segunda-feira, 15, pelo candidato tucano foram consideradas desastrosas por assessores de campanha, porque geram novas suspeitas de ilegalidade dos R$ 300 mil depositados pela agência

Deixaram o PSDB apreensivo as respostas do candidato do partido ao governo de Minas Gerais, Pimenta da Veiga, em entrevista à TV Globo nesta segunda-feira (15), quando foi questionado sobre seu envolvimento com o publicitário Marcos Valério, condenado por ser o operador do Mensalão. Pimenta foi o primeiro candidato ao governo entrevistado pelo MGTV – 1a Edição.

Os apresentadores indagaram se o tucano não se sentia constrangido em ter recebido R$ 300 mil de alguém que foi condenado por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas. Pimenta atribuiu os recursos a honorários por serviços advocatícios supostamente prestados a uma empresa de Marcos Valério. E garantiu ter declarado os valores no Imposto de Renda no prazo devido.

Foi, no entanto, corrigido pelos apresentadores: declarou os R$ 300 mil à Receita apenas dois anos após ter recebido os recursos de Marcos Valério, quando a operação foi descoberta pela CPMI dos Correios. Sem saída, o tucano reconheceu que comunicou à Receita Federal o repasse de Valério numa declaração retificadora, usada quando há necessidade de “corrigir” ou “consertar” a declaração original.

Questionado porque não pagou no ano correto, Pimenta disse que o atraso ocorreu “porque não tinha constituído empresa jurídica”. “Precisava fazer por ela”, argumentou. Essa versão, no entanto, só apareceu nestas eleições e é desmentida por investigação da Polícia Federal, segundo reportagem do jornal O Globo.

Em 15 de abril deste ano, o jornal informou que “mesmo com a modificação, realizada dois anos depois do pagamento, Pimenta declarou ter recebido o valor de fonte de pessoa física, apesar de o repasse ter sido feito por duas empresas de Valério”. Ex-secretária do operador do mensalão, Karina Somaggio, disse, no entanto, à CPI que “não sabia” que Pimenta da Veiga havia defendido causa jurídica ou realizado consultoria para as empresas de Valério.

A CPI dos Correios também descobriu que Marcos Valério e a então mulher dele, Renilda Santiago, foram avalistas de Pimenta em um empréstimo de R$ 152.045,00 mil junto ao BMG. Na época da descoberta do empréstimo, várias versões sugiram. O então advogado de Valério, Marcelo Leonardo, afirmou que a operação não tinha relação com os outros R$ 150 mil repassados a Pimenta.

O tucano, por sua vez, garantiu, em entrevista ao jornal Valor Econômico de 28 de julho de 2005, que “parte do valor da prestação do serviço foi transformado neste mútuo, que foi pago em uma parcela de R$ 20 mil e outras dez de R$ 17,3 mil, a última vencendo no início deste ano”. Já Valério chegou a mencionar a relação de amizade com Pimenta como razão dos repasses.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.