Uma das vantagens deste primeiro turno ter adquirido características de segundo turno é que as análises ficam mais simples. Com Aécio fora do páreo, basta observar o desempenho das duas candidatas que lideram as pesquisas.
Analisando em profundidade os relatórios completos do Ibope para o Rio de Janeiro, que testemunharam uma impressionante reviravolta no quadro eleitoral do estado, com declínio de Marina e ascensão de Dilma, encontramos alguns pontos interessantes.
São duas pesquisas feitas no intervalo de apenas uma semana. Uma, encerrada no dia 01 de setembro, outra, no dia 08.
Eu preparei uma tabela comparativa para nos ajudar a visualizar as mudanças. Acredito que o Rio tem uma representatividade fundamental nessa campanha. Além de ser o terceiro maior eleitorado do país, é o estado brasileiro com o maior número de evangélicos, religião de Marina Silva.
Pois bem, os números mostram os segmentos onde Dilma cresceu mais. Na verdade, ela cresceu substancialmente em todos os segmentos.
Os destaques, porém, vão justamente para os setores onde a presidente encontra maior dificuldade, a nível nacional. Entre os eleitores com nível superior, por exemplo, Dilma cresceu 30%, enquanto Marina caiu 14%: a vantagem da ex-ministra neste segmento caiu de 19 pontos há uma semana, para apenas 6 pontos. Dilma tem hoje 30% dos eleitores com nível superior, contra 36% de Marina.
Os evangélicos formam outro segmento onde a petista registrou um forte avanço: crescimento de 28%, reduzindo a vantagem de Marina neste segmento de 18 para 5 pontos. Marina, que tinha 47 pontos junto aos eleitores evangélicos, agora tem 42. Dilma, por sua vez, subiu de 29 para 37 pontos.
Sinal de que as invectivas histéricas do Pastor Malafaia, um fundamentalista radical que passa a maior parte do dia xingando Dilma, o PT e o ativismo gay, não estão surtindo efeito.
Entre os católicos, Dilma ampliou sua vantagem de 3 para 9 pontos. A petista agora tem 40% dos votos católicos do Rio de Janeiro, contra 31% de Marina Silva.