O Rio é o terceiro maior eleitorado do país. Segundo números atualizados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são 12,14 milhões de eleitores, ou 8,5% do eleitorado nacional.
Não fosse por sua magnitude, as eleições do Rio seriam interessantes apenas por apresentar um cenário mais concorrido do que em qualquer outra unidade da federação.
No Rio, não há discussão: haverá segundo turno. E, a julgar pelos números de hoje, Garotinho já tem um lugar garantido.
A grande pergunta é: quem irá com ele para o segundo turno?
Há alguns dias, o Ibope divulgou pesquisa eleitoral no estado. Os dados para o primeiro turno são esses:
Garotinho assumiu a liderança isolada da pesquisa para o primeiro turno, com 28%. Disputando o segundo lugar, no entanto, vemos os três outros candidatos embolados, em empate técnico.
Eu aproveitei e fiz um gráfico com os números do IBOPE numa simulação do segundo turno entre Garotinho e Lindberg. Até o momento, Garotinho venceria por 37%, oito pontos à frente do petista.
A vantagem de Garotinho se deve a seu próprio eleitorado cativo, muito relevante em virtude do recall que construiu como governador e candidato presidencial.
Mas Lindberg herdaria a maior parte dos votos em Pezão e Crivella.
Segundo o Ibope, 48% dos eleitores que votaram em Pezão no primeiro turno, escolheriam Lindberg no segundo; apenas 19% iriam de Garotinho.
Dentre os eleitores de Crivella, 37% optariam por Lindberg no segundo turno; outros 30% escolheriam Garotinho.
Entre os indecisos no primeiro turno, 19% optariam por Lindberg e 13% por Garotinho.
Por curiosidade, selecionei algumas categorias em que Lindberg tem vantagem num hipotético segundo turno. O petista ficaria à frente entre o eleitorado mais jovem, com 37% dos votos, contra 34% de Garotinho; e entre os eleitores com ensino médio (34% X 33%) e superior (32% X 23%).
Elaborei ainda um gráfico comparativo das últimas pesquisas Ibope, com Dilma, Marina, Lindberg e Garotinho.
A tabela mostra o crescimento de Dilma no Rio de Janeiro, onde ela já está com 38%, contra 30% de Marina. Um dado positivo para a presidente foi o crescimento de 12% de sua aprovação no estado. Entre o eleitorado mais pobre, que ganha até 2 salários ao mês, a popularidade do governo Dilma avançou 32%, atingindo 54%.
Garotinho cresceu 33% em relação à pesquisa anterior. A única faixa em que Garotinho permaneceu parado foi entre os mais jovens, onde contudo já possui muita força.
Justamente entre os mais jovens (até 24 anos) foi que Lindberg, por sua vez, apresentou seu melhor desempenho no 1º turno, consolidando um segundo lugar quase isolado.
Entretanto, o petista deverá enfrentar uma saia justa. Marina entrou com muita força no Rio de Janeiro, onde já tem 30% das intenções de voto, sendo 37% exatamente entre os mais jovens até 24 anos.
Digo saia justa porque, no Rio de Janeiro, o PT está coligado ao PSB, causando alguns conflitos de interesse. A aliança foi fechada quando Campos era vivo e um candidato quase café com leite no estado. Agora a coisa mudou de figura. Marina tem um grande eleitorado no Rio.
Dilma, apesar de sua aprovação geral ter melhorado sensivelmente nos últimos 30 dias, ainda enfrenta forte rejeição na juventude fluminense, com 56% de desaprovação.
Seria contraproducente para Lindberg, porém, afastar-se de Dilma, visto que a petista tem 38% das intenções de voto e está crescendo firmemente no estado, sobretudo entre os mais pobres.
Pezão sofreu um forte revés com o esvaziamento da candidatura de Aécio Neves. Até pouco tempo, a Globo enchia a boca para falar que a “maioria” dos prefeitos do PMDB fluminense liderados por Jorge Picciani, alinhava-se ao tucano. Era o Aezão.
A esta altura, muitos prefeitos do PMDB devem estar tentando reconstruir pontes com Dilma, mas será difícil fazer o mesmo com seus eleitores.
Deram com os burros n’água, e arrastaram o PMDB como um todo, abrindo uma larga estrada para Garotinho e Lindberg avançarem.