Um espectro ronda o Brasil. O espectro do anti-tucanismo.
Tanto se falou na onda de ódio ao PT, por desgaste natural do governo, erros políticos do partido, ou manipulação da mídia, e eis que a entrada de Marina Silva na disputa eleitoral deste ano desnuda um fato inexorável: uma parte do eleitorado pode até estar de saco cheio do PT, mas a irritação com os tucanos é ainda maior.
A evaporação dos eleitores de Aécio Neves foi algo tão extraordinário que serve de lição política a todos. A nível nacional, o PSDB não tem um eleitorado sólido.
Aproveitando que o Ibope divulgou a íntegra do relatório da sua última pesquisa, com entrevistas realizadas entre os dias 23 e 25 de agosto, elaborei uma tabela comparativa entre os números de agora e os do início do mês.
Pode-se ver que Dilma perdeu apenas 10% dos votos, Aécio protagonizou um mergulho de 17%. Enquanto isso, o candidato do PSB (antes Campos e agora Marina) deu um salto de 222%!
Dêem uma olhada nos números abaixo. Há alguns pontos curiosos. Por exemplo, Aécio perdeu mais exatamente junto à aquele eleitorado mais cativo: os de renda mais alta e maior escolaridade.
Com Dilma foi o contrário. Após a entrada de Marina, a petista cresceu 9% junto ao eleitorado com ensino superior, passando de 22% para 24%, provocando um empate técnico com Aécio, que caiu fortemente neste segmento.
Aécio perdeu 16% do eleitorado que ganha mais de 5 salários; Dilma cresceu 13% neste segmento.
Note ainda que a aprovação de Dilma junto às famílias com renda familiar acima de 5 salários cresceu 24%; na média geral, a aprovação dos entrevistados ao governo Dilma oscilou 2 pontos para cima, atingindo 48%, contra 46% de desaprovação. No início de agosto, a aprovação de Dilma era de 46%, contra 49% de desaprovação.
Segundo o Ibope, 47% das pessoas ainda não assistiram ao horário eleitoral gratuito.
O instituto também faz algumas perguntas sobre o futuro e nos deparamos com uma postura absolutamente contrária ao pessimismo da nossa mídia. O povo não está pessimista. Segundo o Ibope, 68% das pessoas acha que sua vida irá melhorar em 2015.
Íntegra do relatório Ibope.